O jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa entre Atalanta e Valencia, disputada no estádio Giuseppe Meazza, em Milão, no dia 19 de fevereiro, contribuiu para a propagação do novo coronavírus (covid-19) na cidade de Bérgamo, na região da Lombardia, uma das mais afetadas pela doença na Itália.
Giorgio Gori, prefeito de Bérgamo, afirmou em transmissão ao vivo nas redes sociais que cerca de 40 mil torcedores que viajaram a Milão podem ter se contaminado de forma coletiva.
“O jogo foi uma bomba biológica. Naquela época, não sabíamos o que estava acontecendo. O primeiro paciente na Itália surgiu em 23 de fevereiro. Se o vírus já estava em circulação, os 40 mil torcedores que foram ao San Siro foram infectados. Ninguém sabia que o vírus estava circulando entre nós”, afirmou Gori.
Na ocasião, a partida foi transferida do estádio Atleti Azzurri d’Italia, onde o Atalanta manda os seus jogos, para o Giuseppe Meazza, em Milão, que tem maior capacidade de público. A partida foi histórica. A equipe italiana goleou o Valencia por 4 a 1, o que inflou aglomerações durante e depois do término do duelo. “Muitos assistiram ao jogo em grupos e houve muito contato naquela noite. O vírus foi transmitido de um para o outro”, disse o prefeito.
O primeiro caso de infecção pela covid-19 na cidade de Bérgamo aconteceu na mesma semana do duelo entre as equipes italiana e espanhola. Desde então, a Lombardia tem registrado um índice alarmante de óbitos. São mais de 500 mortes confirmadas por dia. Outro fator preocupante é que um terço do elenco do Valencia está contaminado pelo novo coronavírus.
Apesar da suspeita, autoridades italianas apontam que o estopim para o contágio entre os cidadãos de Bérgamo tenha ocorrido no hospital Alzano Lombardo. “O jogo foi um fator, mas o hospital é a explicação mais plausível. Não sabemos exatamente quando, mas um dia um paciente apareceu com pneumonia e os sintomas não foram reconhecidos. O paciente estava junto com outros pacientes, que se infectaram, assim como médicos e enfermeiros”, explicou Gori.
A Itália registra mais de 69 mil casos do novo coronavírus e mais de 6.800 pessoas já morreram em decorrência da doença. O país é o atual epicentro da infecção global e só perde para a China, que contabiliza mais de 81.000 casos.