Destaque do time do Comercial que conquistou o acesso para a Série A3 em 2018, o meio-campista Matheus China, 24 anos, hoje segue sua vida numa realidade bastante distante do futebol. “Aposentado” dos gramados por conta de uma lesão grave no joelho, o jovem ex-jogador agora se aventura como empresário.
“Chininha”, como era chamado carinhosamente pelos companheiros e torcedores do Leão do Norte, trocou os dribles e gols pelas roupas e acessórios da loja “Pokas Store”, localizada no bairro da Vila Virginia, em Ribeirão Preto.
Longe dos gramados desde 2019, quando defendeu o XV de Jaú na “bezinha” daquele ano, China afirma estar feliz em sua nova profissão e reitera a importância de encontrar uma novo caminho para se manter.
“Minha vida mudou completamente. É uma rotina completamente nova e eu estou muito feliz com esse novo desafio. É algo que vem garantindo o meu sustento durante essa pandemia. Aqui eu encontrei a possibilidade de seguir buscando o que eu almejo. É trabalhoso, mas estou muito motivado por esse novo projeto de vida”, afirmou China em entrevista exclusiva ao Tribuna.
O ex-meio-campista precisou abandonar os gramados por conta de um problema grave na cartilagem do joelho esquerdo.
“Meu joelho começou a doer no final do Campeonato Goiano de 2019. Lá começou o meu drama. Eu renovei com o Anápolis, mas as dores não eram tão fortes. Fui emprestado ao XV de Jaú para ficar um período de três meses e depois ir para Portugal. Com 10 dias de treinamento em Jaú as dores foram ficando muito fortes, eu não conseguia treinar, até fiz alguns jogos, fiz exames, mas nada foi detectado”, relembrou China.
“Resolvi pedir dispensa do clube, fui tratar em casa, mas depois de dois meses as dores continuaram e eu voltei para Goiás. Lá foi identificado que eu tinha um problema de cartilagem, porém, o tratamento correto não foi aplicado de forma imediata. Cinco meses depois do começo das dores é que eu fui conseguir operar. Depois foram mais cinco meses de recuperação, um período muito dolorido, até que eu comecei a voltar a viver normal, colocar o pé no chão. Porém, para ter uma rotina de atleta profissional, não dava. Após um ano de cirurgia eu ainda sentia muitas dores, então foi ai que eu decidi abrir a loja”, completou.
Tranquilo com sua decisão, China afirma ter optado por parar de jogar por conta da dura missão de ter que recomeçar no mundo da bola. Para ele, que tinha expectativa de estar no auge aos 24 anos, aceitar atuar por times de divisões inferiores não seria o ideal.
“Minha decisão de parar de jogar aconteceu por que o futebol é muito difícil. Não é aquilo que a gente vê na televisão, é muito sofrimento, uma luta diária grande. Salários baixos, atrasados, nós ficamos empregados por alguns meses e depois tem que procurar outras coisas.
Corre o risco de se machucar e estar num clube de estrutura fraca e acabar não tendo um tratamento adequado. São vários motivos que me levaram a tomar essa decisão, mas o principal foi ter essa lesão no momento da minha ascensão. Eu tinha a expectativa de estar no meu auge aos 24 anos. Entre recomeçar, ter que passar por tudo isso de novo e buscar meu espaço, eu preferi parar”, disse.
Com passagens por clubes como Bahia, Taquaritinga, Ferroviária, XV de Jaú e Comercial, onde viveu o melhor momento de sua carreira, China garante que se recebesse uma boa proposta para voltar, pensaria, mas não teria certeza do retorno.
“Caso eu tivesse uma proposta boa para voltar, eu acredito que pensaria muito, mas não posso garantir que iria aceitar. Foram 10 anos da minha vida dedicada ao futebol. Houve um momento em que eu era desejado por muita gente, mas a partir do momento que eu me machuquei, essas mesmas pessoas deram as costas para mim, não me deram oportunidade. Então isso me faz pensar muito sobre voltar ou não”, finalizou.