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Cultura

João Carlos Martins e Jean William na região

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O maestro João Carlos Martins e o tenor Jean William apresentam na quinta-feira da próxima semana, 25 de julho, às 20h30, no Anfitea­tro Municipal de Barrinha, o espetáculo “O Cinema in Concert”. Será uma home­nagem à cidade que Jean William cresceu. O tenor, criado pelo avô, um traba­lhador rural, foi descoberto pelo maestro. Ele já se apre­sentou para personalidades como o príncipe de Mônaco e o papa Francisco.

O público poderá apreciar arranjos especiais para as tri­lhas sonoras de clássicos das te­lonas, como “E o vento levou”, “Luzes da ribalta”, “O Poderoso Chefão e “Cine Paradiso”.

O Anfiteatro Municipal de Barrinha, que leva o nome e homenageia Jean William, fica na avenida Costa e Silva nº 1.392. A entrada é franca. A apresentação é uma oportu­nidade para entrar em contato com a vida e a arte do maes­tro João Carlos Martins, cuja trajetória já foi registrada em três documentários: o fran­co-alemão “Die Martin’s Pas­sion” (2003), o belga “Revérie” (2007) e o brasileiro “O piano como destino” (2015), além do longa metragem “João, o Maestro”, produzido pela LC Barreto, e da peça “Concerto para João”.

Nascido em São Paulo, em 25 de junho de 1940, João Car­los começou a tocar piano aos sete anos por influência de seu pai, José, que desde a infância sonhava em virar um pianis­ta. Aos oito anos, venceu seu primeiro concurso musical ao executar obras do composi­tor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750). Aos 21 anos, patrocinado por Eleanor Roosevelt, apresentou-se pela primeira vez no Carnegie Hall, em Nova York, Estados Uni­dos. No auge de sua carreira de pianista, tocou com as maiores orquestras norte-americanas e gravou a obra completa de Bach para piano.

Jornais como New York Times, Washington Post e Los Angeles Times dedicaram-lhe reportagens entusiasmadas pela sua personalidade artísti­ca. Aos 25 anos, já consagrado como um dos grandes pianis­tas do mundo, João Carlos so­freu uma queda enquanto jo­gava futebol no Central Park, em Nova York, que atingiu o nervo ulnar e provocou atrofia em três dedos, obrigando-o a parar de tocar.

Depois de um ano, voltou a tocar com dificuldade. Aban­donou a carreira aos 30 anos. Após sete anos longe do piano, decidiu voltar aos palcos, re­cebendo excelentes críticas da imprensa e a aclamação do pú­blico. Nesse período, porém, descobriu que desenvolveu distúrbios osteomusculares re­lacionados ao trabalho (Dort). Novamente teve que abando­nar a carreira. A paixão pela música fez com que ele retor­nasse anos mais tarde e, mes­mo com sequelas, que o for­çaram a adaptar novas formas de tocar, iniciou a gravação da obra completa de Bach.

Em 1995, em um assalto na Bulgária, foi golpeado na cabeça com uma barra de ferro, que provocou uma se­quela neurológica, compro­metendo o movimento da mão direita. Por meio de re­programação cerebral, conse­guiu recuperar os movimen­tos e voltou a tocar com as duas mãos. Entretanto, esse procedimento médico deixou sequelas no braço direito e na fala. Decidiu passar por um novo procedimento cirúrgi­co para corrigir o problema e teve os seus movimentos da mão direita afetados.

Antes, porém, terminou a gravação da obra completa de Bach para o piano. Passou a fa­zer apresentações apenas com a mão esquerda. João Carlos foi surpreendido pelos médi­cos com a notícia de que havia desenvolvido Contratura de Dupuytren na mão esquerda. Embora tenha passado por um novo procedimento cirúrgico, João Carlos acabou perdendo o movimento da mão esquer­da, o que o inviabilizou nova­mente de tocar piano.

Em 2002, teve que parar de tocar, e, dessa vez, acreditou se­ria para sempre. Em 2004, aos 64 anos, João Carlos iniciou os seus estudos de regência. Seis meses depois, apresentou-se com sucesso em Londres, Paris e Bruxelas, como regente con­vidado, imprimindo em suas interpretações a mesma dinâ­mica que fazia quando pianis­ta. Em 2006, idealizou a Fun­dação Bachiana, com a missão de levar a música clássica às pessoas que pouco, ou nunca, ouviram falar dela.

Construiu uma sólida car­reira com a sua Bachiana Fi­larmônica SESI-SP, a primeira orquestra brasileira a se apre­sentar no Carnegie Hall (2007). Atualmente, a Fundação Ba­chiana mantém oito núcleos de musicalização para crianças e jovens pelo Brasil e tem reali­zado cerca de 80 apresentações por ano. Mesmo com todas as limitações físicas, no final dos concertos João Carlos costuma deixar a regência e sentar-se ao piano para rápidas e emocio­nantes apresentações.

Jean William
Natural de Sertãozinho, Jean William é formado em canto pela Escola de Comuni­cação e Artes da Universida­de de São Paulo (ECA-USP). Apadrinhado pelo maestro João Carlos Martins em 2009, ganhou visibilidade e apoio dentro e fora do Brasil. Ao redor do mundo e do Brasil o jovem cantor conquistou plateias em renomados te­atros interpretando óperas, recitais, concertos e shows.

Apresentou-se ao lado de importantes nomes do cenário musical mundial em duetos com artistas como a cantora de pop Laura Pausini e com a grande dama da ópera Lucia­na Serra no palco do Teatro Municipal de São Paulo, entre outros. Em 2014 lançou seu primeiro álbum, intitulado “Dois Atos”, tendo uma lista de convidados gabaritados, como Nelson Ayres, Mônica Salma­so, Fafá de Belém, João Carlos Martins, Céu, André Mehmari e Jacques Morelenbaum.

Apresentou-se na primei­ra visita do Papa Francisco ao Brasil, sendo visto por mais de três milhões de pessoas na orla da praia de Copacabana. Rece­beu da Fundação Pirelli para as artes em Milão o prêmio “Talent at Work”, que premia jovens artistas que influenciam positivamente a sociedade. Foi aprovado recentemente para o programa Accademia Rossi­niana de Pesaro, um dos mais importantes festivais de ópera da Itália, sob a direção do re­nomado tenor Ernesto Palácio.

Sertãozinho recebe João Carlos Martins
Idealizado pelo maestro João Carlos Martins e realizado com o apoio da Fundação Banco do Brasil, Serviço Social da Indústria (Sesi) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o “Orquestrando o Brasil” promove um encontro com regentes e coordenadores culturais da cidade de Sertãozinho e região, em 26 de julho, às onze horas, para um bate-papo com os maestros integrantes do projeto, além de incluir novos grupos musicais à iniciativa. O encontro acontece no Auditório Fernandes dos Reis (Canaoeste), e é direcionado a re­gentes e coordenadores musicais.

“Orquestrando o Brasil” é uma plataforma digital para dissemi­nação de conteúdo, oferecendo capacitação para regentes e mú­sicos, além de ser uma ferramenta para a troca de conhecimento. O portal visa construir uma relação permanente e online de supor­te e informação. A plataforma dá apoio para que, a partir dos recursos humanos e físicos de cada comunidade, os envolvidos possam liderar um movimento de expansão ou consolidação da mú­sica local. Um canal de comunica­ção, informação e interação, que tem o objetivo de unir os músicos.

Criado em junho de 2018, o “Orquestrando o Brasil” tem 430 orquestras e bandas participantes, um universo que representa mais de quinze mil músicos, com gru­pos musicais de 180 municípios espalhados pelos estados de Ala­goas, Ceará, Distrito Federal, Mi­nas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Até o momento, o projeto já promoveu encontros com regentes e coordenadores musicais nas cidades de Bauru (SP), Brotas (SP), Pirassununga (SP), São José dos Campos (SP), Pitangueiras (SP), Maringá (PR), Londrina(PR), João Pessoa (PB), Santa Rita (PB), Uberlândia (MG), Resende (RJ) e Vitória(ES).

“O ‘Orquestrando o Brasil’ é uma plataforma de integração que busca unir regentes e líderes de grupos musicais dispersos por todo o país. Muitas vezes esses regentes não têm nenhum apoio técnico que não o do Orques­trando o Brasil. O projeto procura romper o isolamento desses grupos e apoiar seu trabalho e divulgar suas realizações”, explica o maestro João Carlos Martins. “A região de Sertãozinho é dotada de muitos grupos musicais, muitos deles integrantes do nosso pro­jeto. O encontro servirá também para fazer um balanço das ativi­dades realizadas neste ano, como também, para conhecer novos trabalhos musicais realizados localmente”, conclui o maestro.

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