Tribuna Ribeirão
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Joana Amaral

A prefeitura lhe outorgou o título de Cidadã de Ribei­rão Preto pela longa trajetória de caridade para com os mais necessitados. Do nada, criou para Ribeirão o Hospital de Retaguarda Francisco de Assis. Agora, aquela que deu abrigo, alimento e educação a centenas de crianças tiran­do-as da violência da sarjeta, está desamparada.

Aquela que tratou por décadas, enfermos e assistiu a inúmeros doentes aos quais, família e sociedade não con­seguiam dar cuidados humanos, agora, não tem como ser atendida em suas necessidades de saúde. Idosa e doente, passa necessidade. Mesmo assim, não nutre ressentimentos e procura ajudar a outrem…

Transcrevo aqui, pequeno relato da pedagogia do amor da Joana, quando deixou de trabalhar para si e transfor­mou um terreno, antro de traficantes, em orfanato e depois no hospital. “Em 1980, diz a Joana, iniciamos o orfanato com internações de crianças em situação de desassistência a partir de um dia de vida, até 14 anos, para internações, ficando eles morando na Instituição, até encontrarmos pais substitutos que se propusessem a adotá-los ou que conseguíssemos recuperar sua família biológica…Às vezes, eu conseguia construir uma casinha na favela pra que a fa­mília reatasse seus laços familiares e afetivos, não deixan­do as crianças a perambular pelas ruas a pedirem esmolas e aprenderem a roubar…

Nas noites de lua clara, tinha hábitos de reunir as crianças acima de 6 anos (pois os pequeninos anjinhos já cansados do dia…dormiam mais cedo) e eu tocava violão (desafinado), cantávamos músicas ou hinos de Deus (cha­mávamos assim). Eles me contavam suas histórias de vida e suas trajetórias tão inocentes e tão cheias de sofrimentos e humilhações que verdadeiramente eles passavam pelas ruas nas mãos dos adultos, e aproveitadores oportunistas que realizavam toda sorte de humilhações em cima da infância desvalida na Cidade de Ribeirão Preto e algumas cidades circunvizinhas.

Uma história que era frequente: quando nos bares eles abordavam os frequentadores, pedindo-lhes um pastel, eles muitas vezes, pegavam o pastel e escarravam dentro do mesmo e diziam: Toma Cachorro! Come isso…e sai daqui… Outro, dava o material escolar para as meninas a troco de fazerem sexo. Uma delas engravidou aos 11 anos após sua primeira menstruação…aos nove meses foi internada para fazer cesariana e chorava sem parar porque deixou sua bo­neca de estimação no orfanato. O médico me chamou e eu fui levar a boneca no Hospital. Assim eu sofri muito, junto com cada um deles”.

Cristo continua sua história de salvação neste mundo, através daqueles que colocam em prática sua mensagem de amor e de Ressurreição!

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