Tribuna Ribeirão
Cultura

Jimson Vilela leva instalação ao Marp

FOTOS: DIVULGAÇÃO

O Museu de Arte de Ribei­rão Preto Pedro Manuel-Gis­mondi (Marp) recebe, entre terça-feira, 8 de junho, e 30 de julho, a instalação “O mundo não escrito”, do artista plástico Jimson Vilela. A obra inédita e de grande escala ocupará uma sala do primeiro andar do mu­seu. O trabalho reflete o per­curso das preocupações estéti­cas e conceituais do artista, que tem como objeto o transbor­dar dos limites físicos do livro e sua relação com a memória.

Nas explorações e investi­gações de Jimson Vilela, o ob­jeto livro está constantemente presente como uma escala que tanto desafia o espaço exposi­tivo quanto a percepção e os sentidos do observador. Para o artista plástico Fábio Mo­rais, Vilela apropria-se de for­mas ordinárias, como o livro, com a intenção de deformá­-las conceitual e fisicamente.

No texto “Ver o Ler ou Vi­ce-Versa”, Morais destaca que o “artista desfuncionaliza o livro ao abandonar o design em prol de procedimentos escultórico-insta­lativos, em que livros escorregam rumo a outros para se contradizer de forma mútua e, então, dialogar”.

O público que visitar a ins­talação “O mundo não escrito” vai se deparar com uma obra composta por duas plataformas de madeira e ferro vazadas, com uma área de aproximadamen­te 15 m² cada. Elevadas a 60 cm do chão e acessível ao visitante através de níveis escalonados por degraus de 15 cm de altura, es­sas estruturas, que lembram um píer, criam no espaço expositivo caminhos suspensos que podem ser percorridos até o último nível das plataformas, onde há um li­vro aberto de páginas em branco.

O público que acompanha o percurso das páginas fica diante da visão de um horizonte vazio, circundado por um mar de papel em branco, que escapa dos livros e inunda o chão do museu

Nos pisos, onde o livro está apoiado, há um corte. Os obje­tos são encadernados de modo que suas páginas vazem para o espaço através de uma fenda em sua lombada. Essas pági­nas, interligadas e contínuas, que somam uma extensão de cerca de 20 mil metros de pa­pel, atravessam os cortes feitos nos pisos, preenchem parcial­mente as plataformas, e se acu­mulam em todo o pavimento do espaço expositivo.

O público que acompanha todo esse percurso das pá­ginas fica diante da visão de um horizonte vazio, circun­dado por um mar de papel em branco, que escapa dos livros e inunda o chão do museu. Ao mesmo tempo, essa imensi­dão de folhas não escritas pa­rece transbordar desse mar e invadir as margens dos livros.

Jimson Vilela conta como sua relação com sua cidade natal, o Rio de Janeiro, o mar, os rios, os livros e a memória estão presen­tes em suas obras. “Sou um cario­ca que nasceu na beira do rio. Ver o rio correr foi tão importante quanto ver o horizonte à beira do mar. No Rio quando a maré sobe, alguns rios correm para dentro em direção à nascente até trans­bordarem”, diz.

“Quando vejo o que faço, penso que meus livros são nas­centes d’água jorrando páginas para o mundo, derramando para fora do livro. Eu escolhi trabalhar com livro, pois ele é uma estrutura ordenada e serve, a muito, para organizar e arma­zenar o pensamento humano. Eles são uma extensão da nossa memória, então, exceder o livro, sair de seu governo e ir para o es­paço, significa aludir coisas que não se fiam, tão somente, no in­telecto, naquilo que é entendido, sistematizado e registrado.”

Da instalação ao livro
O projeto “O mundo não escrito” é realizado através do ProAC Editais Artes Visuais 2019 do Governo do Estado de São Paulo. Como parte das atividades do projeto, Jimson Vilela promoveu, em parceria com o Marp, uma leitura de portfólio online, que contou com a participação de 42 ar­tistas de diferentes formações.

Jimson também irá lançar um livro catálogo do projeto “O mundo não escrito”, assim como fez com os seus traba­lhos “Adaptável ao espaço que as palavras ocupam” (2015) e “Narrativa” (2018). As publica­ções e outras informações so­bre o artista estão disponíveis no site www.jimsonvilela.com

Currículo do artista
Carioca, radicado em São Paulo, Jimson é doutor em Poéticas Visuais (ECA/USP, 2020), Mestre em Poéticas Vi­suais (ECA/USP, 2015), Bacha­rel em Artes Visuais (IART/ UERJ, 2010) e atua como artis­ta visual desde 2008.

Entre suas principais expo­sições, destacam-se as indivi­duais “Longe dos olhos” (Ga­leria Simone Cadinelli, 2019), “Narrativa” (Espaço das Artes, 2018) e “Adaptável ao espaço que as palavras ocupam” (Cen­tro Cultural São Paulo, 2015).

Também tem as coletivas “Retrospectiva – 25 anos Pro­grama de Exposições CCSP” (Centro Cultural São Paulo, 2015), “Convite à viagem” (Rumos Itaú Cultural, 2012 e 2013) e participações na 6ª e 7ª Bienal Internacional da Bolívia (SIART, 2009 e 2011). O artista possui trabalhos em coleções públicas como MAC Niterói, MAM-RJ, MAR-RJ e Pinaco­teca do Estado de São Paulo.

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