O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sustenta que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, solicitou ao então presidente do BicBanco, José Bezerra de Menezes, que fizesse empréstimos ao ex-secretário Eder de Moraes para cobrir um desfalque de R$ 130 milhões deixados pela gestão de Maggi como governador de Mato Grosso (MT).
Um dos elementos da investigação é uma carta de fiança de R$ 5 milhões assinada por Blairo e apreendida pela Polícia Federal (PF) na casa do ex-secretário. O ministro foi alvo de busca e apreensão na Operação Malebolge da Polícia Federal, deflagrada nesta quinta-feira. O BicBanco foi vendido para uma instituição financeira da China e hoje se chama CCB Brasil.
“Blairo Borges Maggi conversou diretamente com José Bezerra de Menezes, à época proprietário do BicBanco, e solicitou que todos os requerimentos financeiros de empréstimos solicitados/intermediados por Eder de Moraes fossem liberados pela instituição financeira”, afirma Janot em um dos pedidos feitos ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da operação.
De acordo com Janot, os empréstimos tinham objetivo de cobrir um desfalque de R$ 130 milhões deixado pelo governo Blairo no âmbito da secretaria de Infraestrutura entre 2005 e 2006.
“Entre 2005 e 2014, vários empréstimos foram realizados perante a instituição financeira BicBanco com finalidade diversa da contratualmente estipulada. Os recursos provenientes dos empréstimos foram utilizados para pagamento de dívidas políticas e eleitorais dos investigados e posteriormente quitadas, de forma dissimulada, com a utilização de pessoas jurídicas diversas, ligadas ao grupo político de Blairo Maggi e Silval Barbosa”, sustenta a PGR.
Uma carta de fiança de R$ 5 milhões assinada por Blairo, dirigida ao BicBanco, apreendida na residência de Eder de Moraes, dava garantia a um dos empréstimos fraudulentos solicitados pelo grupo por meio de uma empresa de pavimentação.
Em sua delação premiada, o ex-governador Silval Barbosa afirma que tanto ele como Blairo assumiram as dívidas por temer que os empresários denunciassem as irregularidades caso viessem a ter as dívidas executadas pelo banco.
Em nota divulgada após a operação desta quinta-feira, Blairo Maggi negou as acusações que lhe são imputadas.