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Jair Bolsonaro volta a desafiar o Judiciário

José Cruz/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsona­ro disse nesta quinta-feira, 28 de maio, que “ordens absurdas não se cumprem”. A decla­ração foi feita um dia depois da realização de operação da Polícia Federal que teve como alvos pessoas ligadas a ele. Em ação da PF, autorizada pelo Su­premo Tribunal Federal (STF), empresários, políticos e blo­gueiros aliados do presidente tiverem celulares e computa­dores recolhidos, como parte do inquérito que apura ataques e fake news contra ministros do Supremo.

“Nunca tive a intenção de controlar a PF, pelo menos isso serviu para mostrar ontem (an­teontem). Mas, obviamente, or­dens absurdas não se cumprem e nós temos que botar um limite nessa questões”, declarou. Na terça-feira (26), Bolsonaro che­gou a parabenizar a corporação pelas buscas da Operação Place­bo feitas na residência oficial do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), desafeto político do presidente. Já nesta quinta-feira, criticou as ações da PF por terem “humilhado pes­soas inocentes” com “invasão de propriedades privadas”.

“São cidadãos, homens de família, mulheres que foram surpreendidos com a PF que estava cumprindo ordem, ba­tendo em sua casa”, disse. “Me coloco no lugar de quem teve suas propriedades privadas invadidas de madrugada”, afir­mou. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a PF cumpriu 29 mandados de busca e apreensão em endere­ços no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Gros­so, Paraná e Santa Catarina.

Entre os alvos, estão, por exemplo, o empresário Lucia­no Hang, o blogueiro Allan dos Santos, do site bolsonaris­ta Terça Livre, e o presidente nacional do PTB, Roberto Je­fferson. O ministro ainda de­terminou que seis deputados federais e dois estaduais sejam ouvidos em até dez dias no âmbito da investigação.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afir­mou, nesta quinta-feira, 28, que o presidente Jair Bolsonaro, as­sim como qualquer cidadão, tem direito de recorrer da deci­são do STF, mas deve fazer isso pelos caminhos legais, e não pela forma de tentar “intimidar ou acuar outro poder”. Para ele, as declarações de Bolsonaro contra o Supremo são “muito ruins” e geram “insegurança”.

“As declarações de hoje do presidente são muito ruins. Vão no caminho contrário de tudo o que a gente começou a construir, todos os poderes juntos, desde a semana passada”, disse Maia em entrevista coletiva na Câmara. Segundo Maia, as declarações de Bolsonaro não estão alinhadas com as atitudes do governo. Ele destacou que, enquanto o presi­dente ameaça desrespeitar deci­sões do Supremo, o Ministério da Justiça entrou com recurso para tentar impedir depoimen­to do ministro da Educação, Abraham Weintraub.

O pedido causou estranheza em juristas, no entanto, por não ter partido da Advocacia-Geral da União e foi visto como gesto político. “As declarações vão em um caminho que gera insegu­rança, mas, ao mesmo tempo, há um discurso e uma decisão prática. A decisão prática é que o ministro, não sei se é o ministro adequado, recorreu da decisão pedindo um HC para o minis­tro da Educação. Isso significa que se respeitou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, quando se recorre pelos cami­nhos legais”, declarou Maia.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) disse condenar a comparação, feita pelo ministro da Educação Abraham Wein­traub em postagem nas redes sociais, entre a Noite dos Cristais – realizada por forças paramili­tares nazistas em 1938 que re­sultou na morte de centenas de judeus na Alemanha – e as ope­rações de busca e apreensão da Polícia Federal. Em nota, a enti­dade afirma que “a comparação feita pelo ministro Abraham Weintraub é, portanto, total­mente descabida e inoportuna, minimizando de forma inacei­tável aqueles terríveis aconteci­mentos, início da marcha na­zista que culminou na morte de seis milhões de judeus, além de outras minorias”.

O deputado federal Eduar­do Bolsonaro (PSL-SP) criti­cou a atuação dos ministros do STF Alexandre de Moraes, que autorizou mandados de bus­ca e apreensão contra aliados do presidente Jair Bolsonaro, e Celso de Mello, responsável pela investigação da suposta interferência de Bolsonaro na PF. O parlamentar afirmou não ter dúvida de que será alvo de uma investigação em breve e disse que participa de reuni­ões em que se discute “quan­do” acontecerá “momento de ruptura” no Brasil.

“Quando chegar ao ponto em que o presidente não tiver mais saída e for necessária uma medida enérgica, ele é que será taxado como ditador”, afirmou em uma transmissão ao vivo do blog Terça Livre, de Allan dos Santos, um dos alvos da ope­ração desta quarta-feira contra empresários, políticos e apoia­dores de Bolsonaro investigados por divulgar notícias falsas e ameaças contra autoridades da República, como ministros do Supremo, e seus familiares.

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