Depois de 15 anos de processos advindos da Operação Lince, em São Paulo, a 4ª Vara Federal de Ribeirão Preto determinou a venda de 252 itens da Academia Wellness, no Novo Shopping Center, na Ribeirânia, Zona Leste da cidade. Até segunda-feira, 7 de outubro, estão disponíveis para lances halteres, balizas, pesos, amortecedores e outros itens para malhação por meio da Mais Ativo Judicial, através do leiloeiro Julio Abdo Costa Calil.
Interessados também encontram móveis e eletrônicos, como computadores, TVs e armários, e até mesmo uma BMW X5 importada ano 2003. São mais de 160 aparelhos de academia. Com lances a partir de R$ 16, por exemplo, compradores podem arrematar o kit de quatro pesos de um quilo cada. Outros kits também saem em conta, como o conjunto de 42 esteiras de tatame, com lance inicial de R$ 1.260,00.
A Justiça também decidiu pela venda de eletroeletrônicos e móveis. Dois aparelhos split, por exemplo, saem com lote inicial de R$ 2 mil; um refrigerador compacto Electrolux tem lance inicial de apenas R$ 100. Há também lotes mais volumosos, como o de 208 armários de madeira, com primeiro lance a R$ 8.320,00. Já a BMW modelo X5 (2003) está com lance inicial de R$ 40 mil.
É possível visitar os bens na Academia Wellness Sport Club, no Novo Shopping, na avenida Presidente Kennedy nº 1.500. Para isso, é preciso entrar em contato com o leiloeiro Julio Calil através dos telefones (11) 4950-9660, (17) 2137-4337 ou pelo e-mail [email protected].
A academia pertence ao empresário José Antonio Martins, conhecido como Jam, preso em novembro de 2005 em Ribeirão Preto em um apartamento de na avenida Professor João Fiúsa, na Zona Sul, no âmbito da Operação Lince. A investigação da Polícia Federal revelou que Jam comprava produtos de informática a preços baixos na Ásia e os revendia no Brasil com lucro de mais de 500%. O negócio ilícito renderia R$ 50 milhões por mês para a quadrilha.
Os produtos passavam por Miami, depois seguia de avião para o Uruguai e, pelas estradas, entrava no Rio Grande do Sul. Em pequenos aviões o contrabando vinha para Ribeirão Preto e então era distribuído para os estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
Porém, em 2002, um caminhão carregado de mercadorias, uma carga avaliada em R$ 5 milhões, foi apreendido pela Polícia Federal e levado para um porto seco da Receita Federal, em Jaguarão.
No ataque, no dia 7 de dezembro, a quadrilha foi até o porto e, se passando por agentes da Polícia Federal, os homens conseguiram render os seguranças do local. O grupo chegou a dar soníferos para os vigias. Um rastreamento feito em ligações telefônicas antes do resgate das mercadorias ajudou a PF chegar até Jam e o grupo dele.
Em Ribeirão Preto foram descobertos equipamentos médicos que seriam vendidos pras clínicas da cidade. A Justiça Federal condenou José Antonio a pena de quase oito anos de cadeia, que ele já cumpriu e hoje está em liberdade.
A defesa de José Antonio Martins diz que o empresário não foi notificado do leilão e já recorreu à Justiça Federal para evitar o certame. Na época da condenação, os advogados informaram, em nota, que o cliente “não concorda com os termos da sentença, uma vez que o cliente é inocente e não teve nenhuma relação com os fatos narrados neste processo”.