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ISS dos bancos: RP perde R$ 50 milhões

JF PIMENTA/ ARQUIVO

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bancos da Câmara de Vereadores ouviu, nesta terça-feira, 15 de outubro, o secretário municipal da Fa­zenda, Manoel de Jesus Gon­çalves. Ele afirmou que como os bancos recolhem o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS-QN) nas cida­des onde suas sedes estão ins­taladas, o município não tem como comprovar efetivamente se o serviço foi ou não realiza­do em Ribeirão Preto.

“Fica muito difícil esta fis­calização até porque não temos acesso direto a contabilidade dos bancos”, afirma Gonçalves. Segundo o secretário, por causa desta regra a Fazenda estima que, por ano, deixam de entrar nos cofres municipais cerca de R$ 50 milhões. A CPI é presidida por Lincoln Fernandes (PDT), com relatoria de Alessandro Maraca (MDB). A vice-presidência é de Isaac Antunes (PR). Os ve­readores Igor Oliveira (MDB) e Orlando Pesoti (PDT) também integram a comissão.

A polêmica sobre o pagamen­to do Imposto Sobre Serviços pe­los bancos tem mais de 18 anos. Da dívida de R$ 180 milhões con­tabilizada pela prefeitura de Ribei­rão Preto ate o final de janeiro, R$ 50 milhões não estavam sendo pagos por força de liminar em favor da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Já outros R$ 130 milhões são objeto de cerca de 300 ações movidas pela adminis­tração municipal contra agências instaladas no município – segun­do o Sindicato dos Estabelecimen­tos Bancários de Ribeirão Preto e Região (Seeb-RP), a metrópole conta com 206 unidades.

Existem duas condições dis­tintas para que os bancos efetuem o pagamento de ISS para as cida­des onde suas agências estão ins­taladas. A primeira diz respeito ao chamado “domicílio fiscal” e envolve as operações de cartões de crédito e leasing. Neste caso, em­bora os consumidores e as com­pras sejam, por exemplo, feitas em Ribeirão Preto, os bancos não pa­gam o tributo aqui, sob a alegação de que devem realizá-lo na cidade onde estiver instalada a sede das operadoras dos cartões de crédito e dos leasing.

Com isso, milhares de muni­cípios onde as compras e a tran­sações comerciais são realizadas deixam de receber sua parte do imposto. No caso de Ribeirão Preto, deixam de entrar nos co­fres municipais, por ano, R$ 50 milhões. Uma média mensal de R$ 4 milhões.O outro tipo de pa­gamento do ISS pelos bancos diz respeito aos outros serviços que as agências realizam nas cidades onde estão instaladas.

Neste caso estão incluídos, por exemplo, o desconto e a devolu­ção de cheques e o recebimento de contas. Para saber quanto cada agência tem que recolher de tribu­to, cabe a cada prefeitura realizar a fiscalização sobre o total de servi­ços realizados pelas agências para depois calcular o Imposto devido.

Em Ribeirão Preto, o gran­de problema é que as agências questionam o valor lançado pela Secretaria da Fazenda. Aí, eles decidem não pagar e, após um processo administrativo, realiza­do pelo município o assunto vai parar na Justiça. Segundo o pre­sidente da CPI, Lincoln Fernan­des, o principal alvo da comissão será determinar oficialmente o montante da dívida dos bancos com o município, porque elas não estão sendo pagas e buscar caminhos para isso aconteça.

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