A equipe médica do Hospital das Clínicas responsável pela separação das gêmeas siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de 2 anos, que nasceram unidas pela cabeça, foi homenageada na sessão da Câmara de Vereadores desta terça-feira, 13 de novembro. Além dos 30 profissionais que participaram das cinco cirurgias necessárias para a separação total das irmãs, representantes da direção do HC da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – vinculada à Universidade de São Paulo (USP) – e os pais das crianças, Diego e Débora Freitas, também participaram da solenidade. A moção de aplausos e congratulações foi proposta pelos vereadores Maurício Gasparini (PSDB), Rodrigo Simões (PDT), Otoniel Lima (PRB), Lincoln Fernandes (PDT), Gláucia Berenice (PSDB), Bertinho Scandiuzzi (PSDB) e pelo presidente da Câmara, Igor Oliveira (MDB). As irmãs siamesas foram separadas em 27 de outubro, após cirurgia que durou mais de 20 horas – começou às sete da manhã e terminou pouco depois das três da madrugada de domingo (28). No dia 7 deste mês, elas deixaram a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do HC, onde passaram nove dias. No dia 31, O HC divulgou uma foto em que as gêmeas aparecem nos colos do pai Diego e da mãe Débora Freitas. “Um dia de alegria que marca a história do hospital”, escreveu a equipe médica junto com a imagem. Separadas e com as cabeças enfaixadas, as meninas passam bem.
As irmãs passaram por cinco cirurgias desde fevereiro. A última, como em todos os procedimentos que envolvem as siamesas, contou com apoio de 30 profissionais. O procedimento é inédito no Brasil. Nova cirurgia – A equipe da divisão de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas realizará, na quinta-feira da semana que vem, 22 de novembro, às oito horas, um novo procedimento cirúrgico em uma das irmãs siamesas. Maria Ysabelle terá que passar por cirurgia em que será feito enxerto de pele, pois ela apresentou um nível de cicatrização e cobertura do couro diferente do da irmã, Maria Ysadora. Segundo o médico Jayme Adriano Farina Júnior, chefe da Divisão de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas, a cirurgia era prevista nas duas meninas para colocação de um enxerto de pele necessário para cobrir os cortes da última cirurgia de separação. Mas o procedimento só será necessário em uma delas, a Maria Ysabelle. “Vamos tirar pele da coxa e colocar na nuca”, afirma. A expectativa é que ao menos cinco especialistas participem da operação que tem previsão de duas horas de duração. Atualmente elas passam por sessões de fisioterapia para aprender a usar a musculatura do pescoço e dos pés, para que consigam engatinhar e andar sozinhas. O médico também ressaltou que se o processo de recuperação continuar no ritmo atual elas devem receber alta médica até o final do ano, mas ainda vão passar por trabalhos de fisioterapia. As duas garotas estão internadas no setor de enfermaria do HC Criança, mas já conseguem passear de carrinho com os pais pelas dependências do local. A família, que é de Patacas, distrito de Aquiraz, distante 35 quilômetros de Fortaleza, capital do Ceará, está morando temporariamente no campus da USP com o apoio de voluntários. Esse tempo no HC é necessário para que a equipe veja se elas vão ter algum tipo de déficit. Todo o processo de separação das meninas é custeado pelo Sistema Unificado de Saúde (SUS). Nos Estados Unidos, uma cirurgia de separação como a delas custa cerca de R$ 9 milhões.