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IPM paga mais do que o teto para 36% dos aposentados e pensionistas

Levantamento feito pelo Tribuna junto ao Instituto de Previdência dos Muni­cipiários (IPM) de Ribeirão Preto revela que 36,2% dos aposentados e pensionistas recebem acima do teto má­ximo de R$ 5.645,00, pago por mês pela Previdência Social a quem se aposenta pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Isto significa que, dos 5.747 aposentados e pensio­nistas do município, 2.083 recebem benefícios acima deste valor. Já dos 14.850 ser­vidores – incluindo os 9.103 da ativa e os 5.747 beneficiá­rios do órgão previdenciário municipal –, 6.547, ou seja, 44% recebem acima do teto da Previdência Social (veja tabelas nesta página). Todos os dados foram passados pela superintendência do IPM.

Outro dado revelado pelo levantamento é o número de servidores que recebem aci­ma de R$ 15 mil de salário ou aposentadoria: são 1.153. Deste contingente, 272 têm o valor nominal do bene­fício acima do subsídio do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), que atual­mente é de R$ 23.054,20. Entretanto, somente 27 re­cebem valor superior ao do chefe do Executivo.

Vinte e seis foram benefi­ciados graças à ação judicial impetrada pela Associação Municipal dos Aposentados e Pensionistas (Amap). O outro é um procurador apo­sentado que impetrou ação judicial com o objeto de equi­parar seus benefícios ao dos desembargadores estaduais. Segundo a superintendente do IPM, Maria Regina Ri­cardo, a partir de outubro, somente o benefício do pro­curador continuará acima do salário do prefeito, porque tem outro objeto.

“Já nos outros 26 casos estamos suspendendo o pa­gamento acima deste valor baseados numa decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que definiu que não há direito adquirido para casos como estes”, afirma Maria Regina Ricardo. O corte de­verá ser feito no pagamento das aposentadorias de ou­tubro, previstas para serem pagas no dia 30 deste mês. “Com certeza haverá ques­tionamentos judiciais, mas temos embasamento legal para esta decisão” admite a superintendente.

Crise anunciada
O aumento dos repasses para cobrir a folha de pa­gamento dos aposentados e pensionistas é listada pelo governo como um dos prin­cipais fatores da crise finan­ceira do município. O outro seria o distúrbio econômico do País, que afetou as recei­tas da prefeitura de Ribeirão Preto.

Dados da administração municipal mostram que a fo­lha mensal dos servidores da ativa, aposentados e pensio­nistas é de R$ 97,77 milhões, dos quais, R$ 61,11 milhões para o pagamento dos 9.103 da ativa e R$ 36,6 para os 5.747 inativos. No caso dos inativos, o município com­plementa o que não é obtido com a contribuição previden­ciária, seja dos trabalhadores ou da prefeitura. Os servido­res recolhem 11% do salário e o governo, 22%.

Orçado em R$ 100 mi­lhões para este ano, o repasse para o IPM cobrir este défi­cit deverá chegar, segundo a prefeitura, aos R$ 240 mi­lhões até dezembro, por cau­sa do aumento do número de pedidos de aposentadorias verificado este ano. Dados da Secretaria Municipal da Fazenda revelam que atual­mente existem mais de mil servidores com condição le­gal para se aposentar.

Para tentar conter a crise, a prefeitura de Ribeirão Preto anunciou na semana passada o corte de 15% do restante do orçamento deste ano e a suspensão do pagamento de fornecedores pelo menos até o final do ano. O corte prevê a suspensão da despesa de todas as secretarias e autar­quias, com exceção para as pastas de educação e saúde – que também deverão mini­mizar gastos – e a suspensão dos pagamentos de fornece­dores obedecendo o critério de hierarquização, prioridade e ordem cronológica.

Na noite desta quarta-feira (24), a Câmara de Vereadores promoveu audiência pública com a presença do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM/RP), que ontem postou um vídeo do presidente Laerte Carlos Augusto questionando as economias anunciadas pela prefeitura em maio deste ano. Ele diz que não vai admitir que a categoria seja culpada pela situação do órgão previ­denciário. Na terça-feira (23), o Legislativo aprovou aporte de até R$ 20 milhões.

O plenário ficou lotado. Alguns servidores levaram cartazes. A audiência foi co­mandada pelo vereador Fa­biano Guimarães (DEM) e contou com a presença de outros parlamentares. Entre as propostas da prefeitura para cobrir o rombo do IPM é elevar a alíquota de contri­buição do funcionalismo de 11% para 14%.

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