A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 1,31% em fevereiro para 0,56% em março, corte de 0,75 ponto percentual – ante elevação de 0,16% em janeiro, 0,52% em dezembro, 0,39% em novembro, de 0,56% em outubro e 0,44% em setembro. Havia fechado o terceiro mês de 2024 em 0,16%.
É a maior alta para o mês desde março de 2003, quando fechou em 0,71%. Os números oficiais da inflação foram divulgados nesta sexta-feira, 11 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa acumulada pela inflação no primeiro trimestre deste ano subiu a 2,04%.
Era de 1,47% no primeiro bimestre de 2025 e de 1,41% entre janeiro e março do ano anterior. O IPCA acumulado em doze meses acelerou de 5,06% até fevereiro para 5,48% – era de 4,56% até janeiro e 4,83% até dezembro. É a mais alta desde fevereiro de 2023, quando estava em 5,60%.
Está 0,98 ponto percentual acima do teto da meta de inflação estimado pelo Banco Central (BC), de 4,50%. A inflação perseguida pelo Banco Central continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (de 1,50% a 4,50%).
Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o Banco Central perdeu o alvo. O índice do IBGE apura o custo de vida para famílias com rendimentos entre um (R$ 1.518) e 40 salários mínimos (R$ 60.720).
Itens – O IBGE destaca que o grupo Alimentação e bebidas, com alta de 1,17%, representou quase metade (45%) de toda a inflação de março. Em fevereiro, a inflação dos alimentos tinha sido de 0,70%. O resultado de março é o maior desde dezembro, quando a comida subiu 1,18%. O dado marca também uma inflexão depois de três meses seguidos de perda de força da inflação de alimentos.
Em doze meses, os alimentos estão 7,68% mais altos. Os vilões foram o tomate, que subiu 22,55%, impacto de 0,05 ponto percentual (p.p.); o café moído (8,14%, impacto de 0,05 p.p.) e ovo de galinha (13,13%, impacto de 0,04 p.p.). Juntos, estes itens responderam por um quarto da inflação do mês.
O gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, diz que a alta do tomate é explicada pelo calor nos meses de verão. Para os ovos, ele aponta dois motivos: aumento do custo do milho, base da ração das aves e o período de quaresma, quando a procura por ovo é maior.
O café moído acumula alta de 77,78% nos últimos doze meses. Houve aumento do preço no mercado internacional, por causa da redução de oferta do grão em escala mundial, com a quebra de safra no Vietnã, devido a adversidades climáticas.
A alta de 0,46% do grupo Transportes teve o segundo maior impacto (0,09 p.p.) em março, mas ficou abaixo de fevereiro (0,61%). O resultado foi influenciado pela passagem aérea, que subiu 6,91% – terceiro maior impacto individual no IPCA de março –, após queda de 20,46% em fevereiro.
Em Vestuário, as maiores contribuições partiram dos aumentos nos calçados e acessórios (0,65%), na roupa feminina (0,55%), na roupa masculina (0,55%) e na roupa infantil (0,29%). O grupo contribuiu com 0,03 ponto percentual para a taxa de 0,56% do IPCA do último mês. Já o setor de Despesas pessoais contribuiu com 0,07 ponto.
O IBGE mostra o IPCA separado em dois grupos. O de serviços, tido como resultado da relação entre oferta e procura, subiu 0,62%. Em fevereiro era 0,82%. O grupo de preços monitorados, controlado por governo e contratos, passou de 3,16% para 0,18%.
O acumulado de doze meses da inflação de serviços subiu de 5,32% em fevereiro para 5,88% em março. De acordo com Gonçalves, a explicação passa pelo cenário econômico do país, com desemprego em níveis baixos. “A massa salarial estando maior acaba trazendo impulso para o consumo”.
Difusão – O indicador de difusão do IPCA, que mostra o percentual de itens com aumentos de preços, manteve-se em 61% em março, ante também 61% em fevereiro. A difusão de itens alimentícios manteve-se em 55% em março, ante igualmente 55% em fevereiro. Já a de itens não alimentícios manteve-se em 65% em março, ante também 65% em fevereiro.
Grupos – Todos os nove grupos que integram o IPCA registraram alta de preços em março, com destaque para Alimentação e bebidas, com elevação de 1,17%, ante 0,70% de fevereiro (contribuição de 0,04 ponto percentual). Os preços de Despesas pessoais subiram 0,70%, contra 0,13% do mês anterior (impacto de 0,07 p.p.). Vestuário avançou 0,59%, contra zero por cento de fevereiro (0,03 p.p.).
Depois aparecem Transportes (0,46%, ante 0,61% de fevereiro, i,mpactop de 0,09 p.p.,), Saúde e cuidados pessoais (0,43%, contra 0,49%, 0,06 p.p.), Habitação (0,24%, contra 4,44%, 0,04 p.p.), Comunicação (0,24%, ante 0,17% de fevereiro, 0,01 p.p.), Artigos de residência (0,13%, contra 0,44% do mês anterior, sem impacto) e Educação (0,10%, contra 4,70%, 0.,01 p.p.)
IPCA de 2024 – A inflação oficial do país fechou o ano passado em 4,83%, contra, alta de 62% em 2023, elevação de 5,79% em 2022, aumento de 10,06% em 2021 e 4,52% em 2020, segundo o IBGE. A maior variação mensal do IPCA foi em março de 1990 (82,39%), enquanto a menor, em julho de 2022 (-0,68%).
A inflação por grupos
Alimentação – Os preços de Alimentação e bebidas aumentaram 1,17% em março, após alta de 0,70% em fevereiro. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,25 ponto percentual para o IPCA. Entre os componentes do grupo, a alimentação no domicílio teve alta de 1,31% em março, após ter avançado 0,79% no mês anterior.
A alimentação fora do domicílio subiu 0,77%, ante alta de 0,47% em fevereiro. O lanche subiu 0,63% (contra 0,66% do mês anterior), enquanto a refeição fora de casa avançou 0,86% (ante alta de 0,29% em fevereiro) e o cafezinho encareceu 3,48% (após alta de 10,77%).
Transportes – Os gastos das famílias com Transportes subiram 0,46% em março, após alta de 0,61% em fevereiro. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,10 ponto percentual para o IPCA. Os preços de combustíveis tiveram alta de 0,46% em março, após avanço de 2,89% no mês anterior. A gasolina subiu 0,51%, após ter registrado alta de 2,78% em fevereiro, enquanto o etanol avançou 0,16% nesta leitura, após alta de 3,62% na última. A passagem aérea subiu 6,91%, após queda de 20,46% em fevereiro.
Habitação – Os gastos das famílias brasileiras com Habitação passaram de uma elevação de 4,44% em fevereiro para uma alta de 0,24% em março. O resultado levou o grupo a uma contribuição de 0,04 ponto percentual para a taxa do IPCA. Terminada a influência do bônus de Itaipu, a energia elétrica residencial desacelerou do aumento de 16,80% visto em fevereiro para uma alta de 0,12% em março.
Saúde – O grupo Saúde e cuidados pessoais saiu de um avanço de 0,49% em fevereiro para alta de 0,43% em março e contribuiu com 0,06 ponto percentual para a taxa de 0,56% do IPCA do último mês.As maiores contribuições partiram dos aumentos no plano de saúde (0,57%) e na higiene pessoal (0,51%).
INPC – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) desacelerou de 1,48% em fevereiro para 0,51% em março. No terceiro mês do ano passado, tinha sido de 0,19%. Como resultado, o índice acumula elevação de 2,00% no ano, ante 1,48% do primeiro bimestre. A taxa em doze meses teve alta de 5,20%, ante 4,17% até o mês anterior. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos e chefiadas por assalariados.
INCC – O Índice Nacional da Construção Civil (INCC/Sinapi) subiu de 0,23% em fevereiro para 0,35% em março. Foi de 0,28% no terceiro mês de 2024. No ano, o INCC acumula uma elevação de 1,09%, contra 0,74% até o mês anterior. Em doze meses, o índice acumulado está em 4,69%, contra 4,39% do primeiro bimestre. O custo nacional da construção foi de R$ 1810,25 por metro quadrado em março. A parcela dos materiais teve alta de 0,35%, enquanto o custo da mão de obra subiu 0,36%.