A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 0,52% em dezembro para alta de 0,16% em janeiro – queda de 0,36 ponto percentual –, ante elevação de 0,39% em novembro, de 0,56% em outubro e 0,44% em setembro.
O resultado é o mais baixo para um mês de janeiro desde a implantação do Plano Real, em 1994, e a menor taxa mensal desde a deflação de 0,02% registrada em agosto de 2024, última queda de preços. Nos primeiros 31 dias do ano passado a alta foi de 0,42%.
Os dados foram divulgados a manhã desta terça-feira, 11 de fevereiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA acumulado em doze meses arrefeceu pelo segundo mês consecutivo e ficou em 4,56%, ante 4,83% até dezembro e 4,87% até novembro, de acordo com o IBGE. É a mais branda desde setembro de 2024, quando estava em 4,42%.
Porém, está 0,06 ponto percentual acima do teto da meta de inflação estimado pelo Banco Central (BC), de 4,50%. O centro da meta continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (de 1,50% a 4,50%). Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o Banco Central perdeu o alvo.
A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de um aumento de 0,66% em dezembro para uma alta de 0,78% em janeiro. Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma queda de 0,17% em dezembro para redução de 1,52% em janeiro.
No acumulado em doze meses, a inflação de serviços passou de 4,78% em dezembro para 5,57% em janeiro. A inflação de monitorados em doze meses saiu de 4,66% em dezembro para 2,87% em dezembro, segundo dados divulgados pelo IBGE.
Itens – A alta de 10,42% na passagem aérea exerceu a maior pressão individual sobre a inflação de janeiro, contribuição de 0,07 ponto percentual para a taxa de 0,16%. Figuram no ranking o café moído (0,04 ponto), ônibus urbano (0,04 p.p.), tomate (0,04 ponto percentual) e automóvel novo (0,04 ponto). Na direção oposta, o principal alívio partiu da energia elétrica, com queda de 14,21% e influência de –0,55 ponto percentual. Houve contribuição negativa também da batata-inglesa (-0,02 ponto percentual).
Difusão – O indicador de difusão do IPCA, que mostra o percentual de itens com aumentos de preços, passou de 69% em dezembro para 65% em janeiro, segundo o IBGE. A difusão de itens alimentícios passou de 69% em dezembro para 71% em janeiro. Já a difusão de itens não alimentícios saiu de 69% em dezembro para 60% em janeiro.
INPC – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ficou estável (0,0%) em janeiro, após uma alta de 0,48% em dezembro de 2024, segundo dados do IBGE. Em janeiro de 2024, tinha sido de 0,57%. Com o resultado, acumula elevação de 4,17% nos doze meses terminados em janeiro. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos e chefiadas por assalariados.
INCC – O Índice Nacional da Construção Civil (INCC/Sinapi) subiu 0,51% em janeiro. O resultado sucede um avanço de 0,21% em dezembro de 2024. Em doze meses, está acumulado em 4,31%. O custo nacional da construção foi de R$ 1.799,82 por metro quadrado em janeiro. A parcela dos materiais teve alta de 0,18%, enquanto o custo da mão de obra subiu 0,97%.
Grupos – Quatro dos nove grupos que integram o (IPCA registraram quedas de preços em janeiro. Houve deflação em Habitação (-3,08%, contribuição de –0,46 ponto percentual), Artigos de residência (-0,09%, sem impacto), Vestuário (-0,14%, contribuição de -0,01 p.p.) e Comunicação (-0,17%, impacto de -0,01 ponto).
Os avanços foram registrados em Alimentação e bebidas (0,96%, impacto de 0,21 p.p.), Transportes, (1,30% e contribuição de 0,27 p.p ), Despesas pessoais (0,51% e impacto de 0,05 p.p.), Saúde e cuidados pessoais (0,70%, contribuição de 0,09 p.p.) e Educação (0,26%, impacto de 0,02 p.p.).
IPCA cheio – Já a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou o ano passado em 4,83%, contra 4,alta de 62% em 2023, elevação de 5,79% em 2022, aumento de 10,06% em 2021 e 4,52% em 2020 . A alta foi de 0,52% em dezembro, ante elevação de 0,39% em novembro.
Foi o resultado mais brando para o mês desde 2018, quando subiu 0,15%. Em dezembro de 2023, a taxa tinha sido de 0,56%. Como consequência, a taxa acumulada em doze meses arrefeceu após três meses seguidos de aceleração, passando de 4,87% em novembro de 2024 para 4,83% em dezembro de 2024. Estourou a meta perseguida pelo Banco Central, que era de 3,0% em 2024, com teto de tolerância de 4,50%.
A inflação por grupos
Alimentação – O grupo Alimentação e Bebidas saiu de um avanço de 1,18% em dezembro para alta de 0,96% em janeiro, quinto aumento consecutivo, e contribuiu com 0,21 ponto percentual para a taxa de 0,16% do IPCA de janeiro de 2025.
A alimentação no domicílio aumentou 1,07% em janeiro, contra 1,17% de dezembro. Os destaques foram os aumentos nos preços da cenoura (36,14%), tomate (20,27%), e café moído (8,56%). Por outro lado, ficaram mais baratos a batata-inglesa (-9,12%) e o leite longa vida (-1,53%).
A alimentação fora do domicílio aumentou 0,67% em janeiro, ante alta de 1,19% em dezembro. O lanche subiu 0,94%, contra elevação de 0,96% no período anterior, enquanto a refeição fora de casa avançou 0,58% depois de disparar 1,42% no final do ano passado.
Transportes – Os gastos das famílias com Transportes passaram de uma alta de 0,67% em dezembro para uma elevação de 1,30% em janeiro, impacto de 0,27 ponto percentual para a o IPCA de janeiro, segundo o IBGE. O resultado foi influenciado pelo aumento de 10,42% nos preços das passagens aéreas, subitem de maior impacto individual sobre a inflação do mês, 0,07 ponto percentual. A alta em dezembro havia sido de 4,54%.
Houve pressão também do ônibus urbano, com aumento de 3,84% e impacto de 0,04 ponto percentual. Os combustíveis subiram 0,75% (antre 0,70% de dezembro), com alta generalizada nos preços: etanol (1,82%, ante 1,92% do final de 2024), óleo diesel (0,97%, estabilidade), gasolina (0,61%, contra 0,54% do mês anterior) e gás veicular (0,43%, contra 0,49%).
Habitação – As famílias brasileiras gastaram 3,08% a menos com Habitação em janeiro, uma contribuição negativa de 0,46 ponto percentual para a taxa geral de 0,16% registrada pelo IPCA no mês. Em dezembro de 2024, o grupo havia apresentado queda de 0,56% e gerado alívio de 0,08 ponto percentual para a taxa geral de 0,52% do IPCA.
A energia elétrica residencial passou de uma queda de 3,19% em dezembro para uma redução de 14,21% em janeiro, desaceleração puxada pelo Bônus Itaipu, desconto que milhões de brasileiros tiveram na conta de luz do mês passado.
A energia elétrica Foi o item de maior alívio sobre o IPCA do mês, de 0,55 ponto percentual. “A queda decorre da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas em janeiro”, explica Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
A redução na conta de energia elétrica foi a mais acentuada desde fevereiro de 2013, quando diminuiu 15,17%, observa Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE. Por outro lado, a taxa de água e esgoto subiu 0,97% em janeiro. Em Ribeirão Preto, o reajuste médio foi de 4,76%.
O gás encanado aumentou 0,49%.