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Invasão da Rússia à Ucrânia faz um mês

THOMAS PETER/REUTERS

Nesta quinta-feira, 24 de março, completou um mês que a Rússia invadiu a Ucrânia. Os efeitos da guerra são devasta­dores. De acordo com a Or­ganização das Nações Unidas (ONU), perto de sete milhões de pessoas estão deslocadas internamente, e o número dos que fugiram para países vizi­nhos está se aproximando ra­pidamente de quatro milhões.

Significa que um em cada quatro ucranianos estão deslo­cados à força. De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), um em cada três deslocados in­ternos sofre de uma condição crônica. Cerca de mil centros de saúde na Ucrânia estão per­to de áreas de conflito e as con­sequências são acesso limitado ou inexistente a medicamentos e hospitais, o que significa que os tratamentos de doenças crô­nicas praticamente pararam.

A infraestrutura de saúde do país destruída e o forneci­mento de suprimentos médicos interrompido representam uma grave ameaça para milhões de pessoas. Segundo a ONU, acre­dita-se que aproximadamente metade das farmácias da Ucrâ­nia esteja fechada. Muitos pro­fissionais de saúde estão deslo­cados ou incapazes de trabalhar.

Até 22 de março, a OMS ha­via verificado 64 ataques à saúde em 25 dias (entre 24 de feverei­ro e 21 de março), causando 15 mortes e 37 feridos. Isso equiva­le a uma média de 2,5 ataques por dia. O escritório de Direitos Humanos da ONU em Gene­bra disse na terça-feira (22) que registrou 953 mortes de civis e 1.557 feridos desde o começo da invasão. O Kremlin nega que es­teja tentando atingir civis.

“Os ataques à saúde são uma violação do direito internacio­nal humanitário, e uma tática de guerra perturbadoramente comum – eles destroem a in­fraestrutura crítica, mas pior, destroem a esperança. Eles pri­vam pessoas já vulneráveis de cuidados que muitas vezes são a diferença entre a vida e a morte. Os cuidados de saúde não são – e nunca devem ser – um alvo”, disse Jarno Habicht, represen­tante da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Ucrânia.

Muitas pessoas continuam presas em áreas de conflito e, com os serviços essenciais sus­pensos, não conseguem acesso a comida, água e medicamentos. De acordo com a ONU, mais de 200 mil pessoas estão agora sem acesso à água em várias lo­calidades no oblast de Donetsk, enquanto os constantes bom­bardeios na região de Luhansk destruíram 80% de algumas localidades, deixando 97.800 fa­mílias sem energia.

A guerra já deixou mais de 2,9 milhões de crianças em extrema necessidade de assis­tência humanitária, segurança, proteção e apoio psicossocial. Mais de 1,5 milhão de crianças ucranianas já fugiram do país. A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou ontem uma re­solução sobre as consequências humanitárias da agressão russa contra a Ucrânia e pediu pelo cessar-fogo imediato.

Foram 140 votos favoráveis, cinco contrários incluindo Chi­na e 38 abstenções. A resolução destaca os ataques pela Federa­ção Russa contra civis ucrania­nos e as “terríveis consequências humanitárias”, que diz estar “em uma escala que a comunidade internacional não vê na Euro­pa há décadas”. Os Estados­-membros pediram ainda que pessoas em situações vulnerá­veis, como mulheres e crian­ças, além de jornalistas e traba­lhadores do setor humanitário estejam totalmente protegidos.

O Grupo dos Sete (G7) di­vulgou comunicado – após reunião de Cúpula para tratar da guerra na Ucrânia – em que afirma que trabalhará de forma conjunta para juntar evidências de que a Rússia cometeu crimes de guerra durante o conflito no Leste Europeu. Segundo a nota, o cerco a cidades ucranianas e o impedimento de estabelecer corredores humanitários são “inaceitáveis”, e o G7 “dá boas­-vindas” a investigações de ór­gãos internacionais, incluindo o Tribunal Penal Internacional.

O grupo ainda instou a Rús­sia a cumprir a lei internacional e encerrar a ofensiva militar na Ucrânia. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de­fendeu a expulsão da Rússia do Grupo dos Vinte (G20), durante coletiva de imprensa após reu­niões com líderes de Estado da União Europeu (UE) e do Grupo dos Sete (G7), A pos­sibilidade foi discutida ontem, mas não será concretizada en­quanto “a Indonésia e outros países” não concordarem.

Quanto à possibilidade de que os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) respondam militarmen­te a um eventual uso de armas químicas da Rússia, Biden disse que isso dependeria da escala do uso deste tipo de armamen­to. A Ucrânia acusa Moscou de levar à força 402 mil civis de cidades ucranianas destruídas para a Rússia, onde alguns po­dem ser usados como “reféns” para pressionar Kiev a desistir. O número inclui 84 mil crianças. O Kremlin disse que as pessoas realocadas da Ucrânia queriam ir para a Rússia.

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