A morte da mulher em meio à invasão do Capitólio, em Washington (EUA), será investigada. Ela foi atingida pelo disparo de um membro da Guarda do Congresso americano, afirma Robert Contee, chefe da polícia metropolitana da capital, em coletiva de imprensa na madrugada desta quinta-feira, 7 de janeiro.
Além da vítima, Contee afirmou que outras três pessoas morreram na quarta-feira (6) nas imediações do Congresso, em razão de emergências médicas. Segundo boletim lido pelo policial, 14 oficiais ficaram feridos no conflito, um em estado grave. O chefe de polícia elogiou os esforços “na defesa pela democracia” dos Estados Unidos.
Contee afirmou que foram realizadas 52 prisões por desobedecer as restrições, quatro por carregar armas sem licença e uma por armamento proibido. Duas bombas foram encontradas, uma no diretório nacional do partido democrata e uma no do partido republicano. Segundo Contee, o trabalho da polícia foi o de isolar o perímetro após a retirada dos invasores, em um esforço conjunto entre polícias de Estados próximos e a guarda nacional, deslocados para a ocasião.
Sobre os próximos dias, quando o esforço poderá ser repetido, “se você não está envolvido com atividades ilegais, fique longe das ruas”, alertou o chefe de polícia. O Congresso norte-americano certificou nesta quinta-feira a vitória de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos. A ratificação ocorreu por volta das 3h40 (5h40, no horário de Brasília).
Biden teve 306 votos confirmados contra 232 para o atual presidente do país, Donald Trump. O protesto de anteontem interrompeu os trabalhos dos congressistas durante várias horas, e o confronto entre manifestantes e policiais deixou pelo menos quatro pessoas mortas e mais de 50 detidas. Após a certificação pelo Congresso, Trump prometeu uma “transição ordeira”.
A sessão de confirmação começou (6) por volta das 13 horas de quarta-feira (15 horas no horário de Brasília), mas foi interrompida meia hora depois, após uma invasão violenta ao Capitólio por manifestantes que participavam de um protesto em Washington. A sessão só foi retomada às 20 horas (22 horas, horário local).
Nas últimas horas, ainda antes da aprovação dos votos eleitorais, os congressistas rejeitaram duas tentativas de objeção aos resultados de novembro, apresentadas por representantes republicanos do Arizona e da Pensilvânia. As moções não reuniram votos suficientes por parte de outros Estados para serem discutidas.
Donald Trump reagiu pelo Twitter de Dan Scavino, diretor de redes sociais do presidente norte-americano. Embora afirme que a transição será ordeira, o presidente voltou a desacreditar o resultado eleitoral: “Embora discorde totalmente do resultado da eleição e os fatos me deem razão, ainda assim haverá uma transição ordeira em 20 de janeiro”.
A certificação da vitória de Joe Biden acontece no rescaldo do segundo turno das eleições na Geórgia para o Senado, em que os democratas obtiveram duas vitórias históricas. Pela primeira vez em 20 anos, o Partido Democrata conseguiu eleger não um, mas dois senadores por aquele Estado, retirando do Partido Republicano a maioria no Senado.
Agora, cada partido tem 50 assentos, mas os democratas tem a vantagem do voto de minerva da vice-presidente eleita Kamala Harris – uma vez que, segundo a legislação norte-americana, o vice-presidente do país preside o Senado. O Partido Democrata também têm maioria na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil).
A prefeitura de Washington prorrogou por 15 dias o estado de emergência em vigor na capital dos Estados Unidos. A medida, decretada pela prefeita Muriel Bowser, vigorará até depois da posse do presidente eleito Joe Biden, marcada para o dia 20 de janeiro. Em comunicado, a avaliação é a de que “pode-se esperar que algumas pessoas continuem seus protestos violentos até cerimônia.”
O estado de emergência original publicado para vigorar por 24 horas previa uma série de restrições, como um toque de recolher durante a noite de quarta-feira, a partir das 18 horas. Durante esse período, nenhuma pessoa, exceto as designadas pela prefeitura, pode caminhar, andar de bicicleta ou usar qualquer meio de transporte na cidade No entanto, a medida não se aplica a trabalhadores essenciais.
Os ex-presidentes dos Estados Unidos Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton repudiaram os protestos violentos ocorridos na quarta-feira (6) no Congresso americano. Obama, que governou os EUA de 2009 a 2017, acusou Trump de incitar as manifestações e classificou os atos como vergonhosos.
Bush, do mesmo partido de Trump, cujo mandato durou de 2001 a 2009. Afirmou que estava consternado acompanhando as manifestações. No Twitter, Clinton – presidente de 1993 a 2001 – afirmou que o ataque ao Capitólio foi alimentado nos últimos quatro anos por meio da política do republicano.