Tribuna Ribeirão
Saúde

INTERNAÇÕES VIA SUS – Boletim indica falta de leitos

A segunda edição do Bole­tim Econômico Fehoesp revela que, neste trimestre, houve uma redução no número de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS): são 2,11 leitos por 1.000 habi­tantes, índice muito inferior às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A publicação reúne dados impor­tantes do setor a partir de estatís­ticas do SUS, Ministério do Tra­balho, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Agência Nacional de Saúde Su­plementar (ANS) e outras fontes de dados econômicos oficiais, além de pesquisas desenvolvidas pela Federação dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Labo­ratórios de Pesquisas e Análises Clínicas e Demais Estabeleci­mentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo (Fehoesp).

Nesta edição, o boletim tam­bém aponta um crescimento tí­mido dos empregos no setor e o aumento do número de estabe­lecimentos de saúde, que podem indicar uma fraca recuperação do segmento. De acordo com a Fehoesp, 97% dos serviços de saúde sofrem algum tipo de glosa (que são as recusas de pa­gamento de contas por parte das operadoras de plano de saúde) dos planos de saúde.

Yussif Ali Mere Junior, pre­sidente da Fehoesp e médico de Ribeirão Preto, ressalta que o boletim é uma importante fonte de consulta e informação para os gestores dos serviços de saúde e para a imprensa. “O setor de saúde carece de dados estatísticos e analíticos e foi por esse motivo que a Fehoesp decidiu criar esse levantamento, que pode auxiliar gestores e o poder público na to­mada de decisões e no gerencia­mento das políticas de saúde”.

Indicadores de leitos por 1.000 habitantes – Enquanto no SUS são 2,11 leitos por 1.000 habitantes, o setor suplemen­tar de saúde possui 3,27 leitos por 1.000 habitantes. A média dos países que integram a Or­ganização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de três leitos por 1.000 habitantes. Na iniciativa privada houve o aumento de leitos por causa da queda de beneficiários dos planos de saúde nos últimos três anos em decorrência da cri­se e do desemprego. A Fehoesp alerta que a distorção entre leitos públicos e privados reflete a falta de política pública que integre os setores público e privado.

Número de leitos no Bra­sil pelo SUS – Em dezembro de 2017, o SUS contabilizava 303.183 leitos. Em 2010, eram 335.482 leitos. Houve fecha­mento de 32.299 leitos (queda de 9,6%). Já o setor privado, em 2010, somava no país 127.674 lei­tos e, em dezembro de 2017, esse número subiu para 133.629, com incremento de 5.955 leitos (cres­cimento de 4,7%).

YUSSIF ALI MERE JUNIOR, presidente da Fehoesp e médico de Ribeirão Pre­to, ressalta que o boletim é uma importante fonte de consulta e informação

Número de estabelecimen­tos de saúde cresceu no primeiro trimestre – Em março de 2018, o número de estabelecimentos de saúde no país (somando pú­blicos e privados) é de 316.736 unidades, enquanto que em de­zembro de 2017 eram 312.502. Houve crescimento de 1,4% no trimestre. Em dezembro de 2017, o estado de São Paulo contabilizava 75.857 estabeleci­mentos e, em março de 2018, o número saltou para 76.725.

Criação de empregos na saúde – No acumulado de ja­neiro a março de 2018, houve criação de 22.183 vagas de tra­balho nas atividades do setor de hospitais, clínicas, laboratórios e demais estabelecimentos de serviços de saúde no país, totali­zando 2.166.664 trabalhadores. Destacando-se a criação de 6.121 vagas na atividade médica ambu­latorial e 5018 vagas na atividade de atendimento hospitalar.

O estado de São Paulo repre­senta 33% do total de empregos do setor, com 719.711 trabalha­dores, tendo gerado 7.659 vagas no acumulado do ano (cresci­mento de 2,8%). O levantamento também concluiu que 97% dos serviços de saúde conveniados com planos de saúde sofrem glosas nas contas encaminha­das. 72% das contas glosadas são questionadas e reapresentadas e 43% delas conseguem a recupe­ração dos valores glosados.

RP tem apenas 2 leitos privados de psiquiatria

O Brasil possui 36.387 leitos psiquiátricos, sendo 25.097 do Sistema Único de Saúde (SUS) em 159 hospitais e 11.290 privados. Destes, 10.749 localizam-se no estado de São Paulo. Em Ribeirão Preto são apenas dois leitos privados, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O número é bem inferior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 90 mil leitos para 200 milhões de habitantes. A consequência direta dessa política de redução de leitos foi a desassistência e o abandono de pacientes, tendo como referência a situação da Cracolândia, na cidade de São Paulo, e a falta de resoluti­vidade no atendimento psiquiátrico.

“Em onze anos, a oferta de leitos psiquiátricos no SUS diminuiu quase 40%, chegando hoje ao índice de 0,041 por 1.000, sendo que o índice mínimo seria de 0,45 segundo a OMS. Países como a Inglaterra e o Canadá possuem índices de 0,59 e 1,9 leitos de internação psiquiátrica por 1.000 habitantes, respectiva­mente”, segundo o médico Yussif Ali Mere Jr, presidente da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp). Segundo o médico, o país precisa repensar esses números e humanizar, qualificando o atendimento no setor de saúde mental.

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