Uma das razões porque pesquisa sobre inteligência é muito importante é suas conexões com muitas arenas da vida e sociedade. Inteligência não é somente importante porque prediz vários desfechos individuais, mas também porque ela é relevante para a sociedade como um todo. O QI médio de uma nação, conhecido como QI nacional, correlaciona-se positivamente com prosperidade econômica e negativamente com variados indicadores criminais. O mesmo é verdadeiro quando o nível de análise são os estados ou regiões dentro de um país. Geralmente, os indicadores sociais, econômicos e de saúde são muito melhores para todos se a inteligência média para a comunidade, para o Estado ou para a região é mais alta.
Mas é também devido a essa relevância para muitos desfechos sociais que algumas pessoas se opõem à pesquisa em inteligência. Há um persistente medo entre alguns indivíduos de que a pesquisa sobre inteligência leva necessariamente às políticas públicas negativas. Isto é particularmente verdadeiro quando a discussão centra-se sobre as possíveis influências genéticas sobre o desenvolvimento da inteligência. O medo que a pesquisa sobre inteligência poderá produzir desfechos sociais negativos não é novo. No início da testagem da inteligência, jornalistas, alguns muito conhecidos na mídia televisiva norte-americana, se preocuparam que os testes de inteligência poderiam facilmente se tornar uma “máquina de crueldade” se inteligência fosse vista como estável e hereditária por natureza. Na década de 1990, seguindo esse mesmo raciocínio, muito criticaram o livro conhecido como “A Curva de Bell – The Bell Curve” por este apresentar e discutir evidências em suporte à algumas políticas públicas desfavoráveis. Alguns críticos chegaram ao exagero de afirmarem que o livro era parte de plano para desmantelar as ações afirmativas e o estado de bem-estar, ou mesmo da previdência social.
Obviamente a verdade é muito mais complexa, pois pesquisa em inteligência não é de “direita” e nem de “esquerda”. Ao contrário, os dados, os fatos, são neutros. Se os mesmos são usados para o bem ou para o mal é independente de sua verdade. Iguais às outras áreas de pesquisa e conhecimento científico, fatos sobre inteligência podem ser dirigidos para suportar políticas favoráveis e desfavoráveis. Veja, por exemplo, as políticas educacionais que nada consideram acerca dos fatos e dados obtidos de centenas de bons estudos investigando o papel da inteligência nos desfechos educacionais. O mesmo ocorre na saúde e na economia.
A importância de distinguir fatos de crenças sobre como o mundo seria ganha mais importância quando se considera fatos que são obviamente desfavoráveis, tais como as pesquisas sobre o impacto da contaminação por chumbo sobre o QI. Muitos dados revelam, categoricamente, que a contaminação por chumbo abaixa o QI das crianças. Por isso, em vários países os políticos decidiram banir, proibir chumbo nas tintas, gasolina e outros produtos porque eles acreditavam que a contaminação por chumbo deveria ser reduzida. Este é um exemplo da afirmação que “Não há necessariamente conexão entre o que é e o que pode ser.” Fatos mudam em resposta às mudanças das circunstâncias ou intervenções.
Finalmente, quando consideramos toda a literatura publicada acerca da inteligência humana, não há razões pelas quais a pesquisa sobre inteligência pode conduzir à conseqüências desfavoráveis. Na verdade, e é bom que se diga de alto e bom som, muito conhecimento científico pode ser usado para o bem ou para o mal. Pesquisas sobre Inteligência podem fornecer compreensões para as políticas e maximizar as mudanças que elas seriam eficazes. Devemos eticamente e com sabedoria entender o alcance destas idéias e aplicá-las às políticas sempre visando o bem estar individual e coletivo e o progresso da nação.