Em adição aos estudos correlacionais entre QI e os desfechos de vida, uma outra maneira de analisar a importância da inteligência é examinar se grupos de pessoas com alto QI experienciam desfechos de vida mais positivos do que a população geral. Esta ideia não passou despercebida ao estudioso Lewis Terman que, em 1921, iniciou um gigantesco estudo visando examinar as características das pessoas com alto QI: “O Estudo Longitudinal de Terman sobre os Talentosos”. Terman selecionou 1.528 crianças com alto QI, muitas das quais obtiveram um escore de QI de pelo menos 140. Terman e seus colaboradores coletaram inúmeras variáveis dos participantes que foram avaliados periodicamente até 1999.
Os resultados mostraram, para a maioria das variáveis, que os indivíduos com altos escores de QI tiveram melhores resultados nos escores de desfechos de vida do que a população geral. Quando crianças, estes indivíduos foram (na média) mais altos, mais saudáveis e desempenharam muito melhor nas escolas do que seus pares. Mesmo dentro deste grupo de crianças brilhantes, os indivíduos mais brilhantes foram mais prováveis de pularem uma série durante sua educação no ensino médio e fundamental. A despeito de seus sucessos acadêmicos, não houve evidências de má conduta ou problemas de ajustamento social na maioria de seus participantes. Acompanhamento posterior dos estudos indicou que resultados benéficos ocorrem ao longo de toda a vida. Estas crianças não perdem sua alta inteligência quando elas envelhecem. Os participantes do estudo foram mais educados do que a população geral; em 1940, quando apenas 4,6% dos adultos americanos que estavam com 25 anos de idade ou mais velhos tinham o grau de bacharelado, 69,8% dos homens com QI elevados e 66,5% das mulheres com alto QI tinham um grau de bacharelado.
Fora do cenário acadêmico, os desfechos de vida positivos para os participantes do estudo de Terman foram aparentes. Ao longo de sua vida adulta, os adultos tiveram uma baixa taxa de criminalidade; eles tiveram uma renda mais elevada e tiveram empregos mais prestigiosos do que a população geral. Uma grande proporção deles casou por volta de 30 anos, ou no meio dos 40 anos de idade, do que a população geral, e foram menos prováveis de estarem divorciados. Os escores de QI de muitos descendentes foram também muito mais elevados do que a média. No envelhecimento, os participantes no Estudo Longitudinal de Terman viveram mais tempo do que a média e foram, geralmente, satisfeitos com a sua aposentadoria. É importante deixar claro que tais resultados se referem às tendências gerais que emergem quando examinando dados de grandes amostras de pessoas. Estas correlações não significam que o destino particular de uma pessoa é determinado, fixado num mandamento, por seu nível de inteligência. Ao contrário, as relações mostradas aqui são probabilísticas, não determinísticas.
Sabemos que baixos escores de inteligência tornam, certamente, a vida mais difícil para uma pessoa, mas é claro que outros traços ou circunstâncias podem compensar para um QI baixo. Tendo uma família apoiadora, um nível socioeconômico mais elevado, motivação, conscientização, influências culturais que desencorajam comportamentos desfavoráveis, determinação e muitas outras características podem compensar para um nível mais baixo de inteligência. Assim considerando, a ideia de que os testes de Inteligência apenas medem o quão bem alguém faz um teste de inteligência é uma ideia totalmente errônea. Escores dos testes de inteligência correlacionam-se com muitas variáveis na educação, trabalho e na vida cotidiana.