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Inteligência e seus descontentes (24): QI para muito além das escolas

Em adição aos estudos correlacionais entre QI e os desfechos de vida, uma outra maneira de analisar a importância da inteligência é examinar se grupos de pessoas com alto QI experienciam desfechos de vida mais positivos do que a população geral. Esta ideia não passou despercebida ao estudioso Lewis Terman que, em 1921, iniciou um gigantesco estudo visando examinar as características das pessoas com alto QI: “O Estudo Longitudinal de Terman sobre os Talentosos”. Terman selecionou 1.528 crianças com alto QI, muitas das quais obtiveram um escore de QI de pelo menos 140. Terman e seus colaboradores coletaram inúmeras variáveis dos participantes que foram avaliados periodicamente até 1999.

Os resultados mostraram, para a maioria das variáveis, que os indivíduos com altos escores de QI tiveram melhores resultados nos escores de desfechos de vida do que a população geral. Quando crianças, estes indivíduos foram (na média) mais altos, mais saudáveis e desempenharam muito melhor nas escolas do que seus pares. Mesmo dentro deste grupo de crianças brilhantes, os indivíduos mais brilhan­tes foram mais prováveis de pularem uma série durante sua educação no ensino médio e fundamental. A despeito de seus sucessos acadêmicos, não houve evidências de má conduta ou problemas de ajustamento social na maioria de seus participantes. Acompanhamento pos­terior dos estudos indicou que resultados benéficos ocorrem ao longo de toda a vida. Estas crianças não perdem sua alta inteligência quando elas envelhecem. Os participantes do estudo foram mais educados do que a população geral; em 1940, quando apenas 4,6% dos adultos americanos que estavam com 25 anos de idade ou mais velhos tinham o grau de bacharelado, 69,8% dos homens com QI elevados e 66,5% das mulheres com alto QI tinham um grau de bacharelado.

Fora do cenário acadêmico, os desfechos de vida positivos para os partici­pantes do estudo de Terman foram aparentes. Ao longo de sua vida adulta, os adultos tiveram uma baixa taxa de criminalida­de; eles tiveram uma renda mais elevada e tiveram empregos mais prestigiosos do que a população geral. Uma grande proporção deles casou por volta de 30 anos, ou no meio dos 40 anos de idade, do que a população geral, e foram menos prováveis de estarem divorciados. Os escores de QI de muitos descendentes foram também muito mais elevados do que a média. No envelhecimento, os participantes no Estudo Longitudinal de Terman viveram mais tempo do que a média e foram, geral­mente, satisfeitos com a sua aposentadoria. É importante deixar claro que tais resultados se referem às tendências gerais que emergem quando examinando dados de grandes amostras de pessoas. Estas correlações não significam que o destino particular de uma pessoa é determinado, fixado num mandamento, por seu nível de inteligência. Ao contrário, as relações mostradas aqui são probabi­lísticas, não determinísticas.

Sabemos que baixos escores de inteligência tornam, certamente, a vida mais difícil para uma pessoa, mas é claro que outros traços ou circunstâncias podem compensar para um QI baixo. Tendo uma família apoiadora, um nível socio­econômico mais elevado, motivação, conscientização, influências culturais que desencorajam compor­tamentos desfavoráveis, determinação e muitas ou­tras características podem compensar para um nível mais baixo de inteligência. Assim considerando, a ideia de que os testes de Inteligência apenas medem o quão bem alguém faz um teste de inteligência é uma ideia totalmente errônea. Escores dos testes de inteligência correlacionam-se com muitas variáveis na educação, trabalho e na vida cotidiana.

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