Com muita frequência pessoas argumentam que alguns indivíduos pontuam melhor que muitos outros nos testes de inteligência porque estes são muito bons em fazerem testes. Esta é uma maneira de dizer que os testes de inteligência não medem qualquer habilidade útil no mundo real, sendo, apenas, uma habilidade para solucionar problemas artificiais configurados na situação de testagem.
Podemos, todavia, checar diretamente a crítica popularizada de que os testes de inteligência meramente medem a habilidade de fazer testes de QI, examinando se os escores de QI correlacionam-se com quaisquer variáveis que originam fora do contexto do teste. Se as pontuações dos QI correlacionam com variáveis não conectadas ao teste, então o teste de QI indica que os testes de inteligência e alguma coisa que é importante fora do contexto do teste. Por outro lado, se os escores de QI não se correlacionam com variáveis fora do arranjo do teste, então os críticos dos testes estão corretos, e os testes de inteligência medem simplesmente a habilidade de fazer testes e pouco mais.
Contrário ao argumento dos críticos, simplificado acima, há um enorme conjunto de variáveis associadas aos eventos de vida que estão fortemente correlacionadas com os escores dos testes de inteligência.
Especificando, há desfechos de vida que têm uma correlação positiva com inteligência, como por exemplo, renda, complexidade no trabalho, prestígio ocupacional, independência funcional com o envelhecimento, boa saúde física geral, longevidade, etc., o que significa que estes desfechos são mais comuns para pessoas que são mais brilhantes. De outro lado, outros desfechos mostram-se negativamente correlacionados com os escores de QI, tais como comportamento criminal, impulsividade, óbitos por doenças cardiovasculares, tabagismo, viver na pobreza, experienciar acidentes, etc., o que significa que tais desfechos são menos comuns para indivíduos que pontuam elevado nos testes de inteligência.
Tomadas em conjunto, as evidências baseadas em tais estudos correlacionais mostram claramente que a afirmação de que os testes de inteligência medem apenas o quão bem alguém é em fazer um teste, especialmente um teste de inteligência, é definitivamente falsa. Ao contrário, testes de inteligência medem uma habilidade que impacta muitas arenas diferentes da vida. Alguns estudiosos, como eu, afirmam que inteligência impacta cada área da vida. Isto mostra que os testes de inteligência não medem uma habilidade estrita como fazer um teste. Os testes medem uma habilidade geral que correlaciona com a maioria dos desfechos de vida do que qualquer outra variável psicológica.
Ademais é interessante notar a partir dessas inúmeras correlações que os criadores dos testes de inteligência não estavam tentando criar um teste que predizia quem iria viver mais tempo, seria promovido com maior frequencia em seu emprego, registrar mais patentes ou mesmo teria um maior senso de humor (todos positivamente correlacionados com QI). Similarmente, os criadores dos testes não tiveram a intenção de criar um teste que predizia divórcio, ter filhos fora do casamento, ser impulsivo, ou morrer num acidente de carro ou de doença cardiovascular (todos negativamente correlacionados com QI). Não obstante, os escores de QI ainda correlacionam-se com estes eventos de vida.
Assim considerando, qualquer um que afirme que os testes de inteligência meramente medem uma habilidade para fazer testes deve explicar; (1) por que tantas variáveis correlacionam-se com QI e (2) por que os testes que não foram designados para predizer estes eventos de vida correlacionam-se tão bem com os mesmos. Finalmente, é importante todos saberem: “Ninguém é prisioneiro de seu QI”