Embora inteligência seja um determinante importante no nível acadêmico de um estudante, ninguém afirma que a mesma é o único traço que impacta dos desfechos escolásticos. A correlação entre QI e as medidas de sucesso acadêmico, tais como notas escolares, escores de testes padronizados ou anos de escolaridade, não é perfeita. O que isto indica? Indica que há abertura para que outras habilidades exerçam influência no desempenho educacional. Como alguns estudiosos afirmam, os efeitos da inteligência são probabilísticos, não determinísticos. Ou seja, que inteligência elevada aumenta a chance de sucesso na escola e no trabalho. Ela é uma vantagem, não uma garantia. Muitas outras coisas importam. Dentre elas, os traços psicológicos, como motivação, criatividade, resiliência, curiosidade, iniciativa e ambição, que ajudam o sucesso na escola. Outras variáveis não psicológicas, tais como, o nível socioeconômico, o envolvimento parental na educação, a cultura de encorajamento de competições acadêmicas e boa saúde física podem, também, impactar o sucesso estudantil.
Entretanto, o argumento entre os estudiosos não é se as variáveis não-cognitivas podem resultar em desempenho escolar mais elevado. Ao contrário, o argumento é sobre a magnitude da influência que tais variáveis não-cognitivas têm e se as mesmas são mais importantes do que inteligência na determinação do sucesso educacional. Atualmente, os estudiosos discutem quatro variáveis que apresentam mais forte influência no desempenho escolar do que a inteligência, a saber: traços de personalidade, motivação, uma mentalidade de crescimento (estilo de pensamento positivo) e perseverança (resiliência, persistência). Em relação aos traços de personalidade, vários estudos têm buscado analisar as associações entre cinco grandes fatores de personalidade (neuroticismo, introversão-extroversão, abertura para experiência, amabilidade e conscienciosidade). Nesse contexto, pesquisas revelam, ainda que não perfeitamente consistentes, que alguns desses traços correlacionam-se com o desfecho educacional, sendo que conscienciosidade apresenta a correlação mais elevada, variando de 0,20 a 0,35.
Por sua vez, motivação parece ser uma das influências não-cognitivas mais importantes no desempenho escolar. Pessoas altamente motivadas estabelecem altos objetivos e alcançam mais realizações. Quando relacionada à inteligência, supõe-se que estudantes altamente motivados obtêm escores de QI mais altos porque permanecem nas escolas por mais tempo. Não obstante, quando controlando a variável inteligência, essa relação entre motivação e desempenho escolar desaparece. Considerando, variadas análises, dados indicam que nenhuma quantidade de motivação pode compensar um grande déficit de QI. Nessa mesma discussão, autoeficácia é outra importante variável não-cognitiva que tem impacto nos desfechos educacionais. Auto- eficácia é crença que uma pessoa é capaz de realizar uma tarefa com sucesso, ou seja, é uma avaliação positiva das próprias atitudes e habilidades desenvolvidas e, num contexto, na realização de uma tarefa. Assim considerando, as medidas de auto-eficácia correlacionam-se positivamente com os resultados educacionais e quando a auto-eficácia combina-se com os escores de testes acadêmicos, a mesma passa a constituir-se como um excelente preditor dos resultados escolásticos e nos desempenhos acadêmicos. Não obstante, mesmo onde a auto-eficácia é uma influência importante no sucesso acadêmico, ela é ainda ofuscada pela influência da inteligência.
Qual seria, então, a mais fascinante variável não-cognitiva em educação? Trata-se da mentalidade de crescimento, ou seja, de um estilo de pensamento crescente. Há dois tipos de estilos de pensamento: (a) mentalidade fixa e (b) mentalidade de crescimento. Alguns estudiosos têm suposto que as diferenças no desempenho acadêmico médio entre grupos de estudantes sejam causadas por alguns usarem mais frequentemente um dado estilo de pensamento do que outro mais progressivo ou positivo. Todavia, inúmeros estudos indicam que qualquer impacto do tipo de mentalidade atuante é extremamente pequeno no mundo real e mesmo no mundo escolástico. Finalmente, a perseverança, ou seja, uma característica que envolve trabalhar vigorosamente para sobrepujar desafios, manter esforços e manter interesse constante e contínuo apesar de fracassos, adversidade e platôs no progresso. Dados, então, têm mostrado que estudantes mais perseverantes têm escores escolares mais elevados. Todavia, a alta correlação dos escores de perseverança com aqueles do traço de personalidade de conscienciosidade indica que tal constructo não parece ser independente e, na realidade, está mensurando uma variável manifesta muito similar à conscienciosidade.
O que é importante, entretanto, é o produto final da educação de um estudante. Para professores, pais e tantos outros educadores, o desafio é determinar como encorajar o educando para o trabalho duro e a dedicação intensa e contínua dos estudantes.