Perto de completar 120 anos de existência, o Instituto Butantan produz vacinas e soros que o tornaram referência mundial na área de saúde pública. Agora, a luta contra o coronavírus exige nova e histórica ação do Butantan para proteger todos os brasileiros.
Em menos de 40 dias, o Butantan iniciará obras de ampliação da fábrica de vacinas e implantar uma linha de produção para a CoronaVac. O imunizante foi criado pela farmacêutica Sinovac, de Pequim, e desenvolvido em parceria com o Butantan.
Dos R$ 160 milhões previstos para o projeto, o Governo de São Paulo captou R$ 107 milhões em uma ação inédita de doações privadas. A vacina está na última fase dos testes clínicos, com resultados iniciais muito promissores.
Na China, uma pesquisa com 50 mil pessoas apontou a segurança da Coronavac – 94% dos voluntários não tiveram qualquer reação adversa, e 5,36 relataram reflexos muito leves, como dor no local da aplicação. A eficiência da vacina para estimular as defesas do corpo humano contra o coronavírus também é promissora – em 422 idosos testados inicialmente, 97% apresentaram resposta positiva.
No Brasil, os testes envolvem 9 mil voluntários e pesquisas de 12 centros científicos. Agora, a Anvisa autorizou o Butantan a estender o trabalho para grupos de pessoas com mais de 60 anos e também crianças e jovens. Serão testados 13 mil brasileiros em sete estados e o Distrito Federal.
No dia 23 de setembro, confirmamos a chegada de 6 milhões de doses a São Paulo em outubro e a fabricação de outras 40 milhões no Butantan até o fim do ano. A Sinovac garantiu mais 15 milhões de doses até fevereiro de 2021, totalizando cerca de 60 milhões de unidades da Coronavac.
Antes da imunização em massa, porém, o produto precisa receber a aprovação da Anvisa. Em um cenário de campanha emergencial de vacinação, o aval pode vir após a conclusão dos estudos de eficácia, no início de novembro. A fabricação de uma vacina eficiente e segura, independentemente da técnica usada e da sua origem, é a garantia de que a esperança do mundo inteiro contra o coronavírus será concretizada.
Em menos de 11 meses após o primeiro caso no Brasil, o Butantan poderá iniciar a proteção da população em larga escala. Com a ampliação da fábrica e a transferência de tecnologia prevista no acordo, a produção passará a ser totalmente local e poderá alcançar 100 milhões de doses anuais da CoronaVac, permitindo inclusive a exportação para países vizinhos.
Digo sempre que nossa corrida é pela vida. Torço pela aprovação do maior número possível de vacinas contra a covid-19. Em São Paulo, o conjunto de ações que resultará na modernização da fábrica, transferência de tecnologia e aumento da capacidade de produção de vacinas confirma a vocação de 120 anos do Butantan como grande fábrica de saúde para todos os brasileiros.