Tribuna Ribeirão
Política

Inquérito vai investigar Jair Bolsonaro

MARCELLO CASAL JR./AG.BR.

Em nova manifestação en­caminhada à ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), na manhã desta sexta-feira, 2 de julho, a Pro­curadoria-Geral da Repúbli­ca (PGR) pediu a abertura de inquérito para apurar os fatos narrados em uma notícia-cri­me por três senadores, que atribuíram ao presidente Jair Bolsonaro a suposta prática do crime de prevaricação no caso da vacina indiana Covaxin.

Na noite de ontem, a minis­tra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a investigação. Na petição, o vice-procurador-geral da Re­pública, Humberto Jacques de Medeiros, indicou as diligên­cias iniciais da investigação, entre as quais ouvir “os supos­tos autores do fato” e o com­partilhamento de provas com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado. A PGR solicitou a instauração de inquérito após ter pedido a Rosa Weber para que se aguardasse a conclu­são dos trabalhos da CPI an­tes da abertura de qualquer apuração judicial.

A ministra rejeitou o pedi­do sob o argumento de que o Ministério Público não pode­ria ser “espectador das ações dos Poderes da República”. Na quinta-feira, 1º de julho, ela determinou que a Procu­radoria-Geral se manifestasse novamente sobre o caso. A no­tícia-crime contra Bolsonaro foi protocolada no STF pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Po­demos-GO), na última segun­da-feira, 28 de junho.

Os parlamentes argumen­tam que o chefe do Planalto co­meteu crime de prevaricação ao não determinar a abertura de investigação sobre a com­pra da Covaxin, vacina indiana contra a covid-19, após receber uma denúncia de supostas ile­galidades nessa aquisição por parte do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu ir­mão, Luis Roberto Miranda, servidor de carreira no Minis­tério da Saúde.

O contrato de compra do imunizante foi fechado a um valor 1.000% maior do que o in­formado pela própria fabricante seis meses antes. Rosa Weber foi sorteada relatora do caso na Suprema Corte e encaminhou o pedido de abertura de inquérito à cúpula do Ministério Públi­co no mesmo dia, como é de praxe. Luis Ricardo Miranda afirmou ter sofrido pressão incomum de seus superiores para finalizar a tramitação da compra da Covaxin, além de ter conhecimento de supostas irregularidades no processo.

À CPI, o deputado Luis Miranda afirmou ter levado o relato do irmão até o pre­sidente, em 20 de março, mas que nenhum providência teria sido tomada desde en­tão. Para os senadores, é ne­cessário investigar se houve crime de prevaricação. Nesta semana, o Ministério da Saú­de informou que suspendeu temporariamente o contrato de compra da Covaxin. Em nota, a pasta justificou que a medida foi tomada por reco­mendação da Controladoria­-Geral da União (CGU).

A Polícia Federal (PF) ins­taurou inquérito na quarta-fei­ra, 30 de junho, para investigar as denúncias de corrupção na aquisição da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde, com mediação da empresa Precisa Medicamentos. O contrato, que foi suspenso pela pasta na terça-feira (29) após suspeitas de corrupção, prevê o pagamento de R$ 1,6 bilhão por 20 milhões de do­ses ao custo de US$ 15 cada uma – a mais cara compra­da pelo governo até agora.

A ordem para a aquisição da vacina partiu diretamente do presidente Jair Bolsonaro. O Mi­nistério Público também abriu uma investigação criminal para apurar o caso. Até o momento, a cúpula da PF não havia rece­bido ordens do presidente para iniciar as investigações sobre o caso, mesmo com o chefe da Nação tendo conhecimento das possíveis irregularidades desde março deste ano.

O vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues, comentou a abertura de inquérito contra Jair Bolso­naro. “Urgente! Em resposta à nossa notícia-crime, a PGR pediu a abertura de inquérito no STF para investigar o presi­dente por prevaricação no caso das denúncias de irregularida­des na compra da Covaxin. A CPI já apresenta resultados claros! O trabalho continua!”, escreveu no Twitter.

Defesa
Em entrevista à imprensa, antes do depoimento dos ir­mãos Miranda à CPI, o minis­tro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Loren­zoni, disse que a Polícia Fe­deral seria informada sobre o conteúdo das denúncias e que investigaria o caso. “[Primei­ro] não houve favorecimento a ninguém, e esta é uma prática desse governo, não favorecer ninguém. Segundo, não houve sobrepreço”, disse.

“Tem gente que não sabe fazer conta. Terceiro, não hou­ve compra alguma. Não há um centavo de dinheiro público que tenha sido dispendido do caixa do Tesouro Nacional ou pelo Ministério da Saúde”, dis­se. Na ocasião, Lorenzoni afir­mou que um dos documentos apresentados por Luis Ricardo Miranda seria falso.

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