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Inquérito investiga tragédia em gruta

FOTO: DIVULGAÇÃO/POLÍCIA MILITAR

A Polícia Civil de Altinó­polis começa a ouvir, nesta sexta-feira, 5 de novembro, depoimentos sobre o desmo­ronamento da Gruta Duas Bo­cas, em Altinópolis, na Região Metropolitana de Ribeirão Preto. Na madrugada do últi­mo domingo, 31 de outubro, nove pessoas que participavam de treinamento oferecido por um curso para bombeiro civil morreram soterradas.

No total, 28 bombeiros ci­vis estavam no local e dez fo­ram soterrados. Apenas Antô­nio Marcos Caldas Teixeira foi resgatado com vida. Ele segue internado e não tem previ­são de alta. Na terça-feira (2), eram esperados para depor, na Delegacia de Polícia de Altinó­polis, os dois responsáveis pela escola Real Life, que promovia o treinamento para bombeiros civis na gruta.

Porém, a oitiva foi adiada a pedido da defesa, que alegou não poder comparecer à delega­cia anteontem. Amanhã, Sebas­tião de Abreu, responsável pela escola, prestará depoimento. As outras 18 pessoas, todas sobrevi­ventes da tragédia, serão ouvidas nos próximos dias. A Polícia Civil ainda aguarda laudos para embasar a investigação.

Segundo o delegado Rodri­go Salvino Patto, que chefia a investigação, um inquérito po­licial foi instaurado para apurar as suspeitas de homicídio e le­são corporal culposos, quando não há intenção de causar dolo. Ele não descarta a realização de uma segunda perícia na Gruta Duas Bocas, local do acidente.

No último domingo, se­gundo a Secretaria de Segu­rança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), o Núcleo do Instituto de Criminalística (IC) de Ribeirão Preto esteve na caverna e fez a perícia na entrada. No entanto, não foi possível acessar o interior.

Havia risco por causa da instabilidade do solo e do ris­co de novo desabamento. O laudo da análise realizada deve sair em até dez dias, informou Patto. Cinco homens e quatro mulheres morreram soterra­dos. Em comunicado, a em­presa Real Life, que ministra­va o curso, disse que o grupo chegou à gruta por volta das 17 horas de sábado e que não cho­via no momento.

Uma análise de risco foi fei­ta no local e o curso teve início. Segundo a empresa, o treina­mento era realizado um metro após a entrada da gruta, para práticas de imobilização de vítimas e busca e salvamen­to em mata. Por volta das 20 horas de sábado, segundo a empresa, começou a chover forte e os instrutores decidi­ram cancelar o treinamento.

No entanto, por causa da intensidade da chuva, foi ne­cessário aguardar para que o grupo pudesse subir em segurança e com os equipa­mentos. “Assim, decidiram descansar. Por volta das 0h40, a gruta cedeu em cima dos bombeiros”, informa.

“A empresa ficou saben­do do ocorrido por volta da 1h40 da madrugada do dia 31/10/2021, através de um so­brevivente Rafael Sordi, que é instrutor de Ribeirão Preto”, diz o comunicado. Segundo a Real Life, toda assistência foi prestada ao auxílio das vítimas e dos familiares delas.

A empresa abriu sindicân­cia interna para apurar even­tuais erros. Também disse que está à disposição da família e dos órgãos responsáveis para ajudar a elucidar o caso. Mor­reram no desabamento do teto da caverna Celso Galina Ju­nior, José Cândido Messias da Silva, Elaine Cristina de Car­valho, Rodrigo Triffoni Cale­gari, Jonatas Ítalo Lopes e Jeni­fer Caroline da Silva, todos de Batatais – o velório e o sepulta­mento coletivos ocorreram na segunda-feira (1º).

Além deles, morreram Na­tan de Souza Martins (velado em Altinópolis), Ana Carla Costa Rodrigues de Barros (Sales Oliveira) e Débora Sil­va Ferreira (Monte Santo de Minas). Segundo a prefeitura de Altinópolis, a gruta fica em uma propriedade privada (chamada Fazenda Rancho 65) localizada na zona ru­ral do município, que é um polo de ecoturismo na re­gião, com grutas e cachoeira.

Após o desastre, o prefeito José Roberto Ferracin Mar­ques (PSD) mandou interditar a Gruta Itambé (a mais conhe­cida da localidade) até que um laudo feito por geólogos seja emitido garantindo a seguran­ça dos ecoturistas. Já o prefeito de Batatais, Juninho Gaspar (PP), declarou luto de três dias em respeito às seis vítimas que eram da cidade.

O prefeito José Roberto Ferracin Marques disse que o município de Altinópolis não foi informado previamente so­bre o treinamento. “Nossa De­fesa Civil foi acionada por vol­ta das três horas para atender uma ocorrência de desmoro­namento nessa gruta, que fica em área particular. O grupo de bombeiros e o proprietário da fazenda não fizeram contato prévio com a administração”, contou o prefeito.

Ele informou que a prefei­tura passou a oferecer auxílio para os bombeiros e equipes que atuam nas ações de socor­ro, incluindo refeições, água e veículos. O município também cedeu madeira para o esco­ramento da parte íntegra da caverna, a fim de evitar novos desabamentos. O Corpo de Bombeiros também não te­ria sido comunicado sobre o treinamento. (Com informa­ções da Agência Estado e da EPTV Ribeirão)

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