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Inquérito investiga repasse ao IPM

Fachada do IPM de Ribeirão Preto - Foto Alfredo Risk

O repasse de R$ 12.453.930,46 da prefeitura de Ribeirão Preto para cobrir o déficit do Institu­to de Previdência dos Munici­piários (IPM) virou alvo de in­quérito do Ministério Público Estadual (MPE), por meio da Promotoria do Patrimônio Pú­blico, e ainda pode gerar mais duas linhas de investigação, na Polícia Federal e na Câmara de Vereadores.

Em 29 de junho, antes da virada do semestre, a adminis­tração Duarte Nogueira Júnior (PSDB) fez dois repasses ao órgão previdenciário, o primei­ro no valor de R$ 3.113.482,61 (nota número 1.196/2020) e o segundo, de R$ 9.340.447,85 (nota nº 1.197/2020), totalizan­do R$ 12.453.930,46.

O promotor Sebastião da Sérgio da Silveira vê indícios de irregularidade na transferência porque os recursos são federais e foram destinados pela União ao município para o combate à pandemia do novo coronavírus, sem a possibilidade de aplicação com outra finalidade, de acordo com o representante do MPE.

Caso a transferência seja comprovada, a manobra afrontaria ao disposto no ar­tigo 167, inciso IV da Consti­tuição Federal, e artigos 71-74 da lei número. 4320/64. Além da requisição de informações à prefeitura, foi determinada a remessa de cópias ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) e à Procurado­ria-Geral de Justiça (PGJ) para as providências de cada alçada.

O inquérito investiga a pre­feitura de Ribeirão Preto e o prefeito Duarte Nogueira por utilizar, no mínimo, R$ 12,45 milhões das verbas recebidas do governo federal para o combate à pandemia de covid-19, mas que foram utilizadas para cobrir rombos nas contas do IPM. To­das as informações estão no Por­tal da Transparência.

A Câmara de Vereadores também não descarta a pos­sibilidade de aprovar uma Comissão Parlamentar de In­quérito (CPI) para apurar o caso. Segundo o vereador Jean Corauci (PSB), também consta no Portal de Transparência a transferência de mais de R$ 51 milhões, do governo federal, para Ribeirão Preto investir no combate à pandemia.

“Estranhamente, a prefeitura chegou a informar que não te­ria recebido todo esse dinheiro. Essa versão é apenas uma tenta­tiva de justificar a falta de inves­timentos. Pouco mais de R$ 30 milhões foram gastos. E muito deste dinheiro teve um desvio de finalidade gigantesco”, diz o parlamentar em artigo publica­do nesta edição do Tribuna.

O deputado federal Ricardo Silva (PSB-SP) também denun­ciou o caso à Polícia Federal. No ofício nº 011/2020, com o tim­bre da Câmara e encaminhado ontem para a Delegacia da PF em Ribeirão Preto, em nome do chefe da regional, delegado Fernando Augusto Battaus, o parlamentar pede que a corpo­ração investigue os repasses e o destino dos R$ 51 milhões já enviados pela União.

“A prefeitura, por meio dos governos estadual e federal, recebeu, até esta data, R$ 51 milhões para combate à pan­demia. Mas os resultados não são satisfatórios. O número de novos casos não diminui, e a população sofre com a falta de leitos, cuja capacidade de vagas está no limite, tanto em UTIs como em enfermarias de hos­pitais públicos e privados, che­gando aos 100% de ocupação”, diz o ofício.

“Como se isso não bastas­se, apuramos que a prefeitura transferiu parte significativa dos recursos destinados exclusiva­mente para ações de controle do coronavírus para cobrir dé­ficit financeiro do Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM). Diante disso, encaminho a documentação anexa para que seja apurado no âmbito desta respeitável Delegacia de Polícia Federal de Ribeirão Preto se há legalidade nas duas transferên­cias mencionadas”, informa.

Outro lado
Por meio de nota, a prefei­tura informa que os recursos são referentes a repasse federal feito ao Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM) para o pagamento de custeio, devido à queda na arrecadação do muni­cípio em virtude da pandemia.

Informa ainda que “a desti­nação está em conformidade a lei complementar nº 173/2020 que instituiu o Programa Fede­rativo de Enfrentamento à Co­vid-19, porém com destinação específica, conforme prevê a lei, para compensação de perdas pela queda de arrecadação dos estados e municípios com a pan­demia do covid-19”.

Garante ainda que “os re­passes da prefeitura para o IPM são realizados median­te a arrecadação de impostos que sofreram uma queda sig­nificativa nos últimos meses”. Ressalta ainda que, em relação às verbas federais destinadas ao enfrentamento da covid-19 para a Secretaria Municipal de Saúde, recebeu, até o mo­mento, R$ 10.594.665, que 91 foram utilizados para firmar convênio com o Hospital Mu­nicipal Francisco de Assis.

O hospital passou a dar su­porte ao atendimento público de saúde por meio da disponi­bilização de 31 novos leitos para pacientes que não estão com a covid-19, servindo retaguarda aos demais hospitais públicos. “Também foram utilizados para a aquisição de materiais de con­sumo, pagamento da folha de vencimentos dos plantonistas que atuam na linha de frente ao combate da covid-19, e investi­mentos para o funcionamento­do Polo Covid-19 – instalado na Unidade de Pronto Atendimen­to (UPA) da Treze de Maio”.

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