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Inquérito apura ‘salário fatiado’

ALFREDO RISK/ARQUIVO

O Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou inquérito civil para investigar o parcelamento dos salários dos 800 funcionários do Con­sórcio PróUrbano – grupo concessionário do transporte coletivo em Ribeirão Preto, formado por Rápido D’Oeste (50%) e Transcorp (50%).

Em 4 de fevereiro, os 700 motoristas de ônibus e cerca de 100 funcionários da área administrativa e da financei­ra receberam apenas 50% dos vencimentos referentes a ja­neiro. Por causa do atraso, os trabalhadores das empresas Rápido D’Oeste e Transcorp promoveram uma “operação tartaruga” de duas horas na se­gunda-feira (7) e uma greve de 24 horas na terça-feira (8).

A paralisação deixou cerca de 110 mil pessoas sem trans­porte coletivo em Ribeirão Preto. O salário-base de um motorista de ônibus do Con­sórcio PróUrbano é de R$ 2.580. A greve terminou no início da manhã de quarta-fei­ra (9). As empresas garantiram que vão pagar os 50% do salá­rio de janeiro na próxima se­gunda-feira (14).

Também vão adiantar 40% do salário deste mês – o popu­lar “vale” – do dia 20 para 18 de fevereiro. A denúncia da irregu­laridade foi formalizada junto ao Ministério Público do Trabalho e ao Ministério do Trabalho e Previdência Social pelo vereador Marcos Papa (Cidadania).

Tem por base o artigo 459 da Consolidação das Leis do Traba­lho (CLT) que estabelece que “o pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do traba­lho, não deve ser estipulado por período superior a um mês, sal­vo no que concerne a comissões, percentagens e gratificações”.

Por meio de portaria assina­da pelo procurador Henrique Lima Correia, o MPT instaurou inquérito e notificou o PróUr­bano e a prefeitura de Ribeirão Preto para manifestação urgente sobre a irregularidade. Também comunicou o Ministério Públi­co de São Paulo (MPSP) e o pró­prio Papa sobre a denúncia.

O presidente da Câmara de Vereadores, Alessandro Ma­raca (MDB), e João Henrique Bueno, presidente do Sindica­to dos Empregados em Em­presas de Transporte Urbano e Suburbano de Passageiros de Ribeirão Preto (Seeturp), tam­bém foram notificados.

“A não realização do paga­mento de salários, ou sua ocor­rência a menor, para os moto­ristas do transporte público de Ribeirão evidencia, sem sombra de dúvidas, hipótese real de lesão a direitos difusos, coletivos ou individuais homo­gêneos com repercussão social relevante, a ensejar a imediata atuação qualificada do Minis­tério Público do Trabalho con­soante suas atribuições legais e constitucionais”, frisa Correia no documento.

O procurador ainda ressalta: “Não somente a categoria destes trabalhadores é afetada prejudi­cialmente, como de igual manei­ra vários segmentos da socieda­de (tais como trabalhadores em geral, estudantes, aposentados), sendo plausível o agravamento das circunstâncias quando se concretiza a hipótese de reali­zação de paralisações e greves”.

Crise
Por meio de nota distribu­ída à imprensa, o Consórcio PróUrbano informa que, de­vido a problemas financeiros, teve de parcelar o pagamento dos colaboradores e que os 50% restantes seriam pagos conforme a disponibilidade de caixa, negociações bancárias e vendas de “passe” (passagens).

O consórcio também en­frenta problemas para pagar os fornecedores, mas garante que está negociado novos prazos. No ano passado, a prefeitura de Ribeirão Preto repassou R$ 17 milhões ao PróUrbano como forma de mitigar os pre­juízos causados pela pandemia do coronavírus.

Empréstimos
Nos dois últimos anos, os empréstimos feitos pelas duas empresas do consórcio já ultra­passam R$ 60 milhões, e agora o grupo foi obrigado a fazer mais um. Segundo planilha de custo operacional divulgada pelo PróUrbano, desde o co­meço da pandemia, em março de 2020, até dezembro do ano passado, o prejuízo acumu­lado do consórcio chega a R$ 66.124.547,78.

Frota
O Consórcio PróUrbano tem uma frota de 354 ônibus e opera 117 linhas. Em dezembro, segundo os dados mais atuais disponibilizados no portal da Empresa de Trânsito e Trans­porte Urbano de Ribeirão Pre­to (Transerp), foram realizadas 3.052.730 viagens, das quais 1.912.511 pagas. O número cor­responde ao total de vezes que a catraca do ônibus girou.

A última greve dos motoris­tas de ônibus em Ribeirão Preto havia sido em maio do ano pas­sado, quando a categoria parou por mais de uma semana devido ao atraso no pagamento do va­le-refeição e do salário do mês. Terminou após a aprovação do repasse de R$ 17 milhões. Em 2021, o Seeturp conseguiu re­ajuste de 7,59% referente à re­posição da inflação acumulada em doze meses.

Passagem mais cara
A passagem de ônibus deve ficar R$ 0,80 mais cara a par­tir de 15 de fevereiro, segundo decreto do prefeito Duarte No­gueira (PSDB) publicado no Diário Oficial do Município (DOM) do dia 1º, autorizando reajuste de 19% no preço da ta­rifa do transporte coletivo ur­bano, que vai saltar dos atuais R$ 4,20 para R$ 5. Na terça-fei­ra (8), a Câmara aprovou, por unanimidade, decreto legisla­tivo apresentado por Marcos Papa (Cidadania) que suspen­de o aumento. O caso deve ser decidido na esfera judicial.

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