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Inimigos mortais

O aumento de casos de infectados com o Covid-19 e da exis­tência de vários pacientes em observação acenderam o sinal de alerta na população e fizeram aflorar medos primevos que con­vivem dentro de nós, quando nos confrontamos com inimigos mortais, que disputam conosco o controle da Terra. Os micro­organismos, se assim podemos chamar os vírus, as bactérias, os bacilos e demais patógenos, estão lutando conosco desde épocas imemoriais e tudo fazem para extinguir a nossa existência. Gra­ças à evolução da Medicina e ao trabalho dos cientistas, temos saído vitoriosos neste combate, mas o surgimento de um vírus desconhecido traz não só novas preocupações como também a necessidade de novas estratégias de defesa. Felizmente, parece que o Brasil está se saindo bem neste enfrentamento.

Embora o saldo final nos seja favorável, grandes epidemias e pandemias vêm varrendo o nosso planeta. A mais comentada de­las é a Peste Negra medieval, que se originou na mesma provín­cia chinesa do nosso coronavírus atual, espalhou-se pela Ásia e, graças ao comércio com a Europa, chegou àquele continente no ano de 1346, trazidos pelos comerciantes da Rota da Seda e pelas frotas marítimas. Ninguém sabia que a Peste Negra, uma infec­ção bacteriana, era transmitida pelas pulgas que viviam em ratos. As péssimas condições sanitárias das cidades e povoados, que conviviam com os roedores e outros animais, associadas à ausên­cia de higiene pessoal – banho era coisa rara – contribuíram para o alastramento da pandemia pelo mundo então conhecido. Só na Eurásia, estima-se que morreu um terço da população, algo em torno de 100 milhões de pessoas.

Outra grande pandemia foi a Gripe Espanhola, que de espa­nhola só tem o nome, pois seu epicentro foram os Estados Uni­dos. Soldados americanos que partiram para a I Guerra Mundial levaram o vírus influenza para a Europa e a gripe se espalhou pelo mundo, ceifando 100 milhões de pessoas. No Brasil, de 29 milhões de habitantes, houve 40 mil mortos, inclusive o presi­dente da República, Rodrigues Alves.

Entretanto, a grande pandemia mundial foi a tuberculose. De seu reconhecimento nos anos 1850 até o efetivo uso da penicilina, nos final dos anos 1940, o bacilo de Koch foi responsável pela morte de 1 bilhão de pessoas, a maior mortandade por moléstia da história.

Uma epidemia que vem desde os tempos antigos da humanidade, a varíola, deu oportunidade para o surgimento das vacinas. No final do século 18, o médico inglês Edward Jenner observou que as orde­nhadeiras que se contaminavam com a cowpox, um tipo brando da doença desenvolvida nos úberes das vacas, ficavam imunes à varíola, deduzindo que se inoculasse nas pessoas um porção atenuada do vírus, o sistema imunológico impediria a doença.

E assim vem se desenrolando a batalha entre seres microscó­picos e os humanos. As vacinas, hoje combatidas inexplicavel­mente por alguns, são o mais eficiente instrumento de combate, pois provocam uma forma branda das infecções, permitindo ao organismo a formação de anticorpos naturais. Os antibióti­cos, que se iniciaram com a penicilina, hoje se desenvolveram e combatem os mais variados patógenos. Como nós, humanos, os micróbios evoluem e em constante transformação, buscam ser mais eficientes e mortais.

O Covid-19 é mais um inimigo que se aproxima. Temos o ar­senal para nossa defesa. Embora os vírus desta gripe tenham uma capacidade enorme de mutação, nossa inteligência e experiência científica jogam a nosso favor. Venceremos mais esta guerra.

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