O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indexador oficial de preços do país, registrou 0,64% em setembro. No mesmo período do ano passado, houve deflação de 0,04%. A taxa é a mais elevada para o mês desde 2003, quando ficou em 0,78%, e também é superior à inflação de 0,24% de agosto.
O indexador encerrou 2019 em 4,31%, acima do centro da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central, de 4,25%. Com o resultado anunciado ontem, o IPCA acumulado em doze meses acelerou de 2,44% em agosto para 3,14% o mês passado, ante uma meta de 4% perseguida pelo BC este ano. O índice foi a mais acentuado desde março, quando estava em 3,30%.
As famílias voltaram a gastar mais com alimentos no mês de setembro. O grupo alimentação e bebidas saiu de uma elevação de 0,78% em agosto para um avanço de 2,28% em setembro. O grupo contribuiu com 0,46 ponto percentual para a taxa de 0,64% do IPCA no mês.
“Os alimentos responderam por 72% do IPCA do mês”, diz Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE. Segundo ele, houve uma disseminação maior de produtos alimentícios mais caros, o que levou a uma inflação de alimentos também mais elevada que o habitual para meses de setembro.
“Realmente houve mais componentes alimentos em alta do que há normalmente para essa época do ano. Tem a questão do auxílio emergencial, uma vez que os recursos são direcionados pelas famílias mais pobres para a compra de alimentos, e tem a questão do câmbio, que torna mais atraente a exportação, o que acaba restringindo a oferta desses produtos no mercado doméstico”, justifica Kislanov.
Os alimentos para consumo no domicílio passaram de aumento de 1,15% em agosto para um avanço de 2,89% em setembro. O óleo de soja subiu 27,54%, enquanto o arroz aumentou 17,98%. Juntos, os dois itens responderam por um impacto de 0,16 ponto percentual sobre a inflação do mês. No ano, o óleo de soja acumula uma alta de 51,30%, e o arroz já subiu 40,69%.
As famílias também pagaram mais em setembro pelo tomate (11,72%), leite longa vida (6,01%) e carnes (4,53%). “Entre os cinco maiores impactos no IPCA de setembro, quatro são alimentos. De fato, a gente teve alta significativa em alimentos bastante representativos na cesta de consumo das famílias”, afirma Kislanov.
As carnes foram o item de maior pressão no IPCA de setembro, uma contribuição de 0,12 ponto percentual, seguidas pelo arroz (0,10 ponto porcentual), gasolina (0,09 ponto), óleo de soja (0,06 ponto) e leite longa vida (0,05 ponto).
“Teve alta também de produtos que são substitutos. As pessoas saem da carne e vão para o frango, que subiu 2,20%. Então acaba aumentando a demanda, o que pode pressionar o preço. Mas tem produtos alimentícios em queda de preços também”, completa. Em setembro, ficaram mais baratos a cebola (-11,80%), batata-inglesa (-6,30%), alho (-4,54%) e frutas (-1,59%).
A alimentação fora do domicílio passou de uma queda de 0,11% em agosto para uma alta de 0,82% em setembro, puxada pelos aumentos nos preços do lanche (1,12%) e da refeição (0,66%). As famílias brasileiras gastaram 0,70% a mais com transportes em setembro, um impacto de 0,14 ponto porcentual sobre o IPCA.
A gasolina subiu 1,95% em setembro, uma contribuição de 0,09 ponto porcentual para a inflação do mês. Os preços do óleo diesel avançaram 2,47%, e o etanol aumentou 2,21%. O gás veicular caiu 3,16%. O seguro voluntário de veículo teve recuo de 2,73% em setembro, acumula uma queda de 11,86% no ano.
As passagens aéreas aumentaram 6,39%, após quatro meses consecutivos de quedas. A passagem aérea acumula um recuo de 55,17% no ano. A inflação de serviços saiu de uma queda de 0,47% em agosto para um avanço de 0,17% em setembro. No acumulado do ano, recua 0,05%.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,87% em setembro, após um avanço de 0,36% em agosto. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 2,04% no ano. A taxa em doze meses ficou em 3,89%. Em setembro de 2019, o INPC tinha sido de -0,05%, segundo o IBGE. O indexador mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos (entre R$ 1.045 e R$ 5.225) chefiadas por assalariados.