O arroz está mais barato nas gôndolas. É o que mostra o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), de julho de 2021, calculado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O cereal, cujo preço decolou em 2020, registra deflação de 10,87% no acumulado de 2021. O leite, outrora vilão no orçamento do consumidor, também desacelerou.
Entre janeiro e julho, registrou alta de apenas 3,3%, contra 21,62% no mesmo período em 2020. A inflação no setor supermercadista também apresentou ligeira oscilação: de janeiro a julho o aumento foi de 4,07% – no mesmo período do ano passado, o acumulado apontou 4,99%. A inflação em julho deste ano fechou em 1,10%, ante 0,60% do mesmo mês do ano passado e 0,55% de junho de 2021.
O acumulado em doze meses está em 14,01%. Era de 8,07% em julho de 2020 e de 13,44% até junho deste ano. Entre as proteínas, os preços da carne bovina seguem pressionados pelo mercado externo e pelo aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – fim da isenção – decretado pelo governo do estado de São Paulo.
Nos últimos doze meses, o item encareceu 36,78%. Em alguns cortes, como o patinho, o aumento bateu em 53%. Para Ronaldo dos Santos, presidente da Apas, o consumidor vem buscando alternativas para driblar a elevada variação nos preços: “Nos últimos doze meses, os preços dos pescados vêm mantendo uma elevação média abaixo das outras proteínas, se sobressaindo como opção de proteína animal”, diz.
O destaque entre os pescados fica por conta da merluza, que teve deflação de 1,45% em julho e registra alta de 3,39% no acumulado do ano. Segundo projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO), o consumo per capita de pescados é de quatro quilos por habitante ao ano. Esse número pode chegar a doze quilos até o final de 2021.
Outra alternativa de proteína animal são as carnes suínas, que registram deflação de 5,24% em 2021. Os preços de alguns cortes, como o pernil, chegaram a registrar queda de 10% no ano. Na outra ponta, os produtos industrializados ficaram 16,58% mais caros nos últimos doze meses.
“Parte dessa elevação decorre da alta de preços dos óleos, pressionados pela forte demanda internacional”, afirma Ronaldo dos Santos. O óleo de milho, por exemplo, acumula alta de 56,46% nos últimos doze meses – o óleo de girassol subiu 55,36%. “Além dos fatores climáticos, os preços atrativos da soja no mercado internacional resultaram em redução da produção do óleo feito a partir do grão, e, por consequência, da oferta do produto”, diz o executivo.
O óleo de soja lidera as maiores altas nos últimos 12 meses, chegando a registrar inflação de 97,34%. O comportamento dos hortifrutigranjeiros têm contribuído para manter as contas do consumidor no azul. No ano, houve um recuo de 9,32%. O impacto climático pode continuar acelerando o preço das verduras.
O segmento acumula alta de 11,32% no ano e 10,68% nos últimos doze meses. “Alface, brócolis e couve puxaram os preços para cima em decorrência da perda do produto antes da colheita. A alface, por exemplo, teve sua oferta reduzida em 40%”, diz Ronaldo dos Santos.
A cesta de legumes também foi afetada pelas geadas, puxada pelo preço da abobrinha, que subiu 48,13% neste ano. Outra leguminosa que se destaca por não tolerar baixas temperaturas é a vagem, que só no mês de julho inflacionou 35,41%.
Em contrapartida, os tubérculos, que possuem maior tolerância ao frio, são uma boa opção de compra por acumularem significativa deflação, com destaques para a batata e cebola, – 44,66% e – 17,55%, respectivamente, no acumulado do ano.
O café é um produto que deve sofrer uma possível pressão nos preços futuros. Além da geada nas plantações, já era esperada uma redução de 20% na produção do produto neste ano em comparação com 2020. Já os preços das bebidas alcoólicas registram deflação de 0,26% no acumulado do ano.
Bebidas não alcoólicas registram leve alta de 2,92% nos preços no acumulado do ano, diante da elevação, principalmente, nos preços das bebidas à base de soja (+2,25%) e refrigerantes (+2,98%). Os preços dos produtos de limpeza, por sua vez, acumulam alta de 4,21%, impactados pelo preço da esponja de aço, que disparou 24,88% no último ano.
Sobre a Apas
Com 50 anos de tradição, a Associação Paulista de Supermercados representa o essencial setor supermercadista no Estado de São Paulo e busca integrar toda a cadeia de abastecimento com a sociedade. A entidade, que possui três distritais na cidade de São Paulo e 13 regionais distribuídas estrategicamente pelo estado, conta hoje com 1.505 supermercados associados que somam 4.315 lojas.
A Regional Ribeirão Preto emprega cerca de 31 mil pessoas trabalham em supermercados nesta região. É composta por 78 cidades e possui 116 associados em toda sua área de cobertura. O empresário Rodrigo Canesin, do Supermercado Canesin, é o atual diretor regional da entidade.