O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista dos Supermercados (Apas) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) permaneceu praticamente estável em julho de 2018, apresentando ligeira queda de 0,07% no comparativo com o mês anterior. Com este resultado, o acumulado do ano agora apresenta inflação de 3,18%.
“Esta estabilidade vem mostrar que junho foi um mês atípico de alta da inflação e que sentiu bastante o impacto da paralisação dos caminhoneiros em maio. Produtos que foram grandes responsáveis pela alta dos preços, aves e hortifrutigranjeiros retomaram seu patamar de antes da greve e impulsionaram o índice para baixo”, explicou Thiago Berka, economista da Apas.
O economista, no entanto, entende que ainda não é a hora de reavaliar o índice projetado de inflação para o ano nos supermercados. “Apesar do cenário político incerto e com a retomada do emprego em um ritmo mais lento do que o esperado, o resultado de julho deixa o setor menos cauteloso com o futuro e confiante de que as previsões permaneçam dentro da meta divulgada em janeiro deste ano, que era de uma inflação na casa dos 4%”.
Em julho, 15 categorias, dentre as 28 analisadas, tiveram aumento de preço. Um cenário totalmente diferente de junho, em que a inflação aumentou em 25 das categorias. Dessa forma, o índice geral de julho ficou empatado, equilibrando os fortes aumentos que permanecem no leite e seus derivados e a queda que ocorreu nas proteínas e hortifrutigranjeiros. Com novo aumento de 9,9%, segundo maior do ano, o leite chega a 49% de inflação em 2018. Para se ter uma ideia, no ano passado, o acumulado até julho foi alta de 1,88%.
Quem também apresentou aumento foram os derivados do leite, que chegaram a cerca de 4,5%. No caminho oposto ao leite estão as proteínas, principalmente as carnes bovinas, que tiveram deflação de 2,7%. Nos pescados a queda foi de 1,68%; nas carnes suínas, redução de 0,1%; e nas aves, leve aumento de 0,19%, tudo contribuindo para equilibrar a inflação. No grupo de hortifrutigranjeiros, com as frutas em queda de 5,9%; legumes, queda de 14%; e tubérculos, que incluem batata, cebola e alho, com baixa de 23%, foram responsáveis por equilibrar aumentos em os outros aumentos.
Outros dois grupos de produtos que ainda não tinham respondido ao aumento do dólar, os artigos de “limpeza” e “higiene e beleza” aumentaram 1,6% e 1,24%, respectivamente, e têm peso alto na composição do índice. O preocupante, e que acende o sinal de alerta, é que estes aumentos ainda não refletem a escalada do preço da celulose, que irá fazer os preços de toalhas de papel, guardanapos, absorventes, papel higiênico, fraldas e absorventes terem altas que ainda não apareceram em julho.
Para o mês, tratando-se de limpeza, os produtos fabricados com componentes químicos, que são cotados em dólar, apresentaram aumentos, como desinfetante (4%) e inseticida (3,5%). Em higiene e beleza, o maior crescimento, já relacionado ao aumento da celulose, veio do guardanapo, com 3%. Papel higiênico teve deflação de 0,64% e nas fraldas descartáveis houve aumento de apenas 0,3%, mas isso pode ser efeito dos varejistas trocando margens entre produtos. A análise da primeira semana de agosto, junto ao Procon, já apresentou aumento de mais de 9,5% para o papel higiênico no varejo.
Hortifrutigranjeiros
No caso dos hortifrútis, apesar de todos os problemas de quebra de safra e oferta da laranja, a queda da demanda forçou os preços para baixo em julho. Nos legumes, o tomate, produto de alto peso na mesa do consumidor, a queda de 7,5% alivia o preço no ano, chegando a 3% no acumulado. “As temperaturas mais quentes para esta época do ano anteciparam a colheita do tomate e, consequentemente, aumentaram oferta”, comenta o economista da Apas.
Bebidas
As bebidas alcoólicas tiveram inflação de 1,6%, após consecutivos meses de deflação. A cerveja, com alta de 2%, foi a principal responsável por esse crescimento. “Este número foi um movimento natural devido à alta procura durante a Copa do Mundo e ao inverno mais quente que o normal”, avalia Berka. Já as bebidas não alcoólicas apresentaram deflação de -0,41%, com refrigerante (-0,36%) e água mineral (-2,65%) com as maiores quedas.