Com intensa deterioração do cenário inflacionário, a mediana apurada para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – o indexador oficial de preços – de 2022 saltou de 5,65% para 6,45% no Relatório de Mercado Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 14 de março, pelo Banco Central, impactada pela disparada de preços de commodities provocada pela guerra na Ucrânia, além de surpresas de alta na inflação corrente.
Há um mês, a mediana era de 5,50%. Além disso, o Focus também mostra altas nas projeções para 2023 e 2024, indicando uma desancoragem mais ampla a dois dias da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Após a nona alta consecutiva, a estimativa do IPCA para 2022 já está 1,45 ponto percentual acima do teto da meta estabelecida para este ano, de 5,00%.
Aponta probabilidade cada vez maior de novo descumprimento pelo BC de seu mandato principal em 2022, após o desvio registrado em 2021, quando o IPCA foi de 10,06%. O alvo central é de 3,50%, com tolerância de 1,50 ponto porcentual para cima e para baixo (2,00%). Já a expectativa para o IPCA em 2023 subiu de 3,51% para 3,70%, se distanciando do centro da meta (3,25%, banda de 1,75% a 4,75%).
Cinco dias úteis
A mediana era de 3,50% há quatro semanas. Considerando as 111 alterações nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2022 também subiu, de 5,78% para 6,54%. Para 2023, as 109 alterações feitas nos últimos cinco dias úteis elevaram a estimativa mediana de 3,50% para 3,72%. A mediana para 2024 também avançou, de 3,10% para 3,15%, enquanto a projeção para 2025 continuou em 3,00%.
Há quatro semanas, as projeções eram de 3,04% e 3,00%, nessa ordem. A meta para 2024 é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto percentual (de 1,5% para 4,5%). Para 2025, por sua vez, a meta ainda não foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de fevereiro, as projeções para a inflação do BC estavam em 5,4% em 2022 e 3,2% em 2023. Na oportunidade, o colegiado elevou a Selic em 1,5 ponto percentual, de 9,25% para 10,75% ao ano.
Selic
De olho nas consequências da guerra no Leste Europeu para a economia brasileira, os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a alta da taxa básica de juros neste ano. A estimativa mediana subiu de 12,25% para 12,75% ao ano no fim de 2022. Há um mês, era de 12,25%.
Considerando apenas as 98 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim deste ano avançou mais, de 12,25% para 13,00%. No Copom de fevereiro, o Banco Central indicou a intenção de reduzir o ritmo de alta de juros. Os economistas, por sua vez, acreditam que a alta da taxa Selic terá de ir mais longe e ficar em um nível mais elevado por um período mais longo.
A estimativa do Focus no fim de 2023 avançou de 8,25% para 8,75%, ante 8,00% há quatro semanas. Para 2024, subiu de 7,38% para 7,50%, ante 7,25% de um mês atrás. Já a previsão para o fim de 2025 continuou em 7,00%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás.
Copom
Os economistas do mercado financeiro mantiveram a expectativa mediana de alta de 1,00 ponto percentual da Selic na reunião do Copom desta semana, de 10,75% para 11,75% ao ano. Mas passaram a prever mais aumentos à frente diante da forte deterioração do cenário inflacionário como consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Crescimento
O Focus indica melhora na previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – de 2022, que passou de 0,42% para 0,49%. Há um mês, a estimativa era de 0,30%. Considerando apenas as 66 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2022 saltou de 0,50% para 0,52%.
Para 2023, por sua vez, a mediana cedeu de 1,50% para 1,43%, de 1,50% há quatro semanas. Para 2024, a estimativa segue em 2,00%, mesma projeção de quatro semanas atrás. O Relatório Focus ainda trouxe a mediana para 2025, que também continua em 2,00%. Há um mês, a estimativa de crescimento do PIB em 2025 já era de 2,00%.
Câmbio
O relatório traz nova alteração no cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023. A estimativa para o câmbio este ano cedeu de R$ 5,40 para R$ 5,30, ante R$ 5,58 de quatro semanas atrás. Para 2023, passou de R$ 5,30 para R$ 5,21, ante R$ 5,45 de um mês antes.