Tribuna Ribeirão
Economia

Inflação em 2022 – Projeção para o IPCA vai a 6,45%

© CNI/José Paulo Lacerda/Direitos reservados

Com intensa deterioração do cenário inflacionário, a me­diana apurada para o Índice Nacional de Preços ao Con­sumidor Amplo – o indexa­dor oficial de preços – de 2022 saltou de 5,65% para 6,45% no Relatório de Mercado Focus divulgado na manhã desta se­gunda-feira, 14 de março, pelo Banco Central, impactada pela disparada de preços de com­modities provocada pela guer­ra na Ucrânia, além de surpre­sas de alta na inflação corrente.

Há um mês, a mediana era de 5,50%. Além disso, o Focus também mostra altas nas proje­ções para 2023 e 2024, indicando uma desancoragem mais ampla a dois dias da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Após a nona alta consecutiva, a estimativa do IPCA para 2022 já está 1,45 ponto percentual aci­ma do teto da meta estabelecida para este ano, de 5,00%.

Aponta probabilidade cada vez maior de novo descumpri­mento pelo BC de seu man­dato principal em 2022, após o desvio registrado em 2021, quando o IPCA foi de 10,06%. O alvo central é de 3,50%, com tolerância de 1,50 ponto por­centual para cima e para baixo (2,00%). Já a expectativa para o IPCA em 2023 subiu de 3,51% para 3,70%, se distanciando do centro da meta (3,25%, banda de 1,75% a 4,75%).

Cinco dias úteis
A mediana era de 3,50% há quatro semanas. Considerando as 111 alterações nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2022 também subiu, de 5,78% para 6,54%. Para 2023, as 109 al­terações feitas nos últimos cinco dias úteis elevaram a estimativa mediana de 3,50% para 3,72%. A mediana para 2024 também avançou, de 3,10% para 3,15%, enquanto a projeção para 2025 continuou em 3,00%.

Há quatro semanas, as pro­jeções eram de 3,04% e 3,00%, nessa ordem. A meta para 2024 é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto percentual (de 1,5% para 4,5%). Para 2025, por sua vez, a meta ainda não foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de fevereiro, as proje­ções para a inflação do BC es­tavam em 5,4% em 2022 e 3,2% em 2023. Na oportunidade, o colegiado elevou a Selic em 1,5 ponto percentual, de 9,25% para 10,75% ao ano.

Selic
De olho nas consequências da guerra no Leste Europeu para a economia brasileira, os economistas do mercado fi­nanceiro elevaram a projeção para a alta da taxa básica de juros neste ano. A estimativa mediana subiu de 12,25% para 12,75% ao ano no fim de 2022. Há um mês, era de 12,25%.

Considerando apenas as 98 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim deste ano avançou mais, de 12,25% para 13,00%. No Copom de fevereiro, o Ban­co Central indicou a intenção de reduzir o ritmo de alta de juros. Os economistas, por sua vez, acreditam que a alta da taxa Selic terá de ir mais longe e ficar em um nível mais elevado por um período mais longo.

A estimativa do Focus no fim de 2023 avançou de 8,25% para 8,75%, ante 8,00% há qua­tro semanas. Para 2024, subiu de 7,38% para 7,50%, ante 7,25% de um mês atrás. Já a previsão para o fim de 2025 continuou em 7,00%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás.

Copom
Os economistas do mercado financeiro mantiveram a expecta­tiva mediana de alta de 1,00 ponto percentual da Selic na reunião do Copom desta semana, de 10,75% para 11,75% ao ano. Mas passa­ram a prever mais aumentos à frente diante da forte deterio­ração do cenário inflacionário como consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Crescimento
O Focus indica melhora na previsão mediana para a expan­são do Produto Interno Bru­to (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – de 2022, que passou de 0,42% para 0,49%. Há um mês, a estimativa era de 0,30%. Con­siderando apenas as 66 respos­tas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2022 saltou de 0,50% para 0,52%.

Para 2023, por sua vez, a mediana cedeu de 1,50% para 1,43%, de 1,50% há quatro se­manas. Para 2024, a estimativa segue em 2,00%, mesma pro­jeção de quatro semanas atrás. O Relatório Focus ainda trouxe a mediana para 2025, que tam­bém continua em 2,00%. Há um mês, a estimativa de crescimento do PIB em 2025 já era de 2,00%.

Câmbio
O relatório traz nova altera­ção no cenário da moeda nor­te-americana em 2022 e 2023. A estimativa para o câmbio este ano cedeu de R$ 5,40 para R$ 5,30, ante R$ 5,58 de quatro se­manas atrás. Para 2023, passou de R$ 5,30 para R$ 5,21, ante R$ 5,45 de um mês antes.

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