A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indexador oficial de preços no país – fechou o mês de janeiro deste ano em alta de 0,54%, ante avanço de 0,73% em dezembro, informou nesta quarta-feira, 9 de fevereiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de desaceleração ante dezembro, a alta do IPCA em janeiro foi a maior para o mês desde 2016. Seis anos atrás, o indexador oficial de preços no Brasil subiu 1,27%. Em janeiro de 2021, a variação mensal ficou em 0,25%. A virada de 2015 para 2016 foi o último período em que o IPCA variou acima de 10% no acumulado em doze meses.
Doze meses
Na leitura de janeiro deste ano, a alta em doze meses foi de 10,38%, acima dos 10,06% do fechamento de 2021, mas abaixo do acumulado em doze meses até novembro de 2021, quando a variação ficou em 10,74%. A inflação do ano passado atingiu o maior patamar desde 2015, quando havia ficado em 10,67%.
O resultado do índice em 2021 superou consideravelmente a meta de 3,75% perseguida pelo Banco Central (BC). Também ficou bastante acima do teto de tolerância, que seria de 5,25%. O indexador oficial da inflação no Brasil fechou 2020 com avanço de 4,52%, até então o maior desde 2016.
O resultado ficou acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 4,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (entre 2,5% e 5,5%). Segundo o índice de difusão do IPCA, que mostra o percentual de itens com aumentos de preços, 88% dos produtos tiveram altas de preços.
Alimentos são os “vilões”
A inflação de janeiro foi puxada majoritariamente por alimentos. Da alta de 0,54%, 0,23 ponto percentual (p.p.) foi acrescentado pelo avanço de 1,11% no grupo Alimentação e Bebidas. Segundo André Guedes, analista do IBGE, a alta na inflação de alimentos foi puxada pela alimentação no domicílio.
Especialmente porque o avanço desses preços acelerou em janeiro ante dezembro. A alimentação no domicílio passou de alta de 0,79% em dezembro para 1,44% em janeiro. Os destaques foram os preços das frutas e das carnes, informa Guedes. “Fatores climáticos influenciam na quantidade ofertada e na qualidade, influenciando nos preços”, diz.
Guedes cita o excesso de chuvas no Sudeste e no Nordeste e a seca no Sul. Conforme o IBGE, as frutas ficaram 3,40% mais caras e as carnes subiram 1,32%, puxando a inflação de alimentos, “embora tenham registrado altas menos intensas em relação ao mês anterior (8,60% e 1,38%, respectivamente)”.
Carnes
Sozinho, o item “carnes” acrescentou 0,04 ponto porcentual (p.p.) na variação agregada do IPCA de janeiro. Já os preços do café moído (4,75%) subiram pelo 11º mês consecutivo, acumulando alta de 56,87% nos últimos doze meses. Segundo o IBGE, outros destaques foram a cenoura (27,64%), a cebola (12,43%), a batata-inglesa (9,65%) e o tomate (6,21%).
Na contramão, houve recuos nos preços do arroz (-2,66%), do frango inteiro (-0,85%) e do frango em pedaços (-0,71%). A pressão da inflação de alimentos só não foi maior porque a alimentação fora do domicílio desacelerou de uma alta de 0,98% em dezembro de 2021 para um avanço de 0,25% em janeiro. A refeição passou de 1,08% em dezembro para 0,44% em janeiro, enquanto o lanche passou de 1,08% em dezembro para -0,41% em janeiro.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,67% em janeiro, após um avanço de 0,73% em dezembro de 2021, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Com o resultado, acumula elevação de 10,60% em doze meses. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos – entre R$ 1.2121 e R$ 6.060 – e chefiadas por assalariados.
INCC
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) avançou 0,72% em janeiro, o que significa 0,20 ponto percentual sobre o resultado de dezembro de 2021, quando cresceu 0,52%. O resultado foi o menor índice desde agosto de 2021. No acumulado dos últimos doze meses, a taxa alcançou 17,17%.
Ficou abaixo dos 18,65% registrados no período imediatamente anterior. Em janeiro de 2021, o índice ficou em 1,99%. O custo nacional da construção por metro quadrado, que fechou 2021 em R$ 1.514,52, chegou a R$ 1.525,48 em janeiro. Nesse valor, R$ 915,79 correspondem aos materiais e R$ 609,69 à mão de obra.