A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indexador oficial de preços no país – registrou taxa de 1,62% em março deste ano, ante avanço de 1,01% em fevereiro, 0,54% em janeiro e de 0,73% em dezembro, informou nesta sexta-feira, 8 de abril, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No mesmo período do ano passado o IPCA havia ficado em 0,93%. A alta de 1,62% registrada pelo IPCA em março foi a variação mais acentuada para o mês em 28 anos, desde 1994, quando o índice havia sido de 42,75%, no período de alta inflação que antecedeu a implementação do Plano Real, em 1º de julho.
Considerando todos os meses do ano, o IPCA de março foi o mais elevado em 19 anos, desde janeiro de 2003, quando esteve em 2,25%. A taxa em doze meses passou de 10,54% em fevereiro para 11,30% em março, de acordo com o IBGE, resultado mais elevado desde outubro de 2003, quando estava em 13,98%.
A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,50%, que tem teto de tolerância de 5%. O indexador oficial da inflação acumula aumento de 3,20% no ano. Na Região Metropolitana de São Paulo, a alta em março chega a 1,46%, ante 1,05% de fevereiro. No acumulado no ano, na Grande SP, a taxa está em 3,17%, contra 1,69% no mesmo período de 2021.
Em doze meses, a inflação na região da capital paulista alcançou 11,04%. O principal impacto na inflação de março no Brasil veio do grupo Transportes, que subiu 3,02% no mês. A taxa foi puxada pela alta nos combustíveis, que subiram 6,70% no período.
O grupo Alimentação e bebidas saiu de um aumento de 1,28% em fevereiro para uma elevação de 2,42% em março. O grupo contribuiu com 0,51 ponto percentual para a taxa de 1,62% do IPCA do último mês. A alimentação no domicílio aumentou 3,09% em março. A maior contribuição entre os itens alimentícios foi do tomate, com alta de 27,22% e impacto de 0,08 ponto percentual em março.
Houve alta também na cenoura (31,47% em março, acumulando um aumento de 166,17% em doze meses), leite longa vida (9,34%), óleo de soja (8,99%), frutas (6,39%) e pão francês (2,97%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,65%. A refeição fora de casa teve alta de 0,60% em março, e o lanche subiu 0,76%.
Sete produtos, liderados pela cenoura, subiram mais de 50% no acumulado de doze meses e ajudaram a puxar a inflação para cima no período. Dos mais de 400 itens acompanhados pelo IBGE, a raiz é o produto que ficou mais caro no acumulado de doze meses: alta de 166,17%.
Os sete produtos seguintes no ranking são todos da área de alimentos e bebidas: tomate (94,55%), pimentão (80,44%), melão (68,95%), melancia (66,42%), repolho (64,79%), café moído (64,66%) e mamão (54,95%). Em março, os aumentos nos gastos das famílias com Alimentação e bebidas e Transportes responderam juntos por cerca de 72% da inflação oficial no país.
No entanto, as altas de preços foram disseminadas, alcançando oito dos nove grupos que integram o IPCA. As famílias gastaram mais com Alimentação e bebidas (2,42%), Saúde e cuidados pessoais (0,88%), Habitação (1,15%), Artigos de residência (0,57%) Vestuário (1,82%), Transportes (3,02%), Despesas pessoais (0,59%) e Educação (0,15%). O único grupo com deflação foi Comunicação (-0,05%).
A inflação do ano passado atingiu o maior patamar desde 2015, quando havia ficado em 10,67%. O resultado do índice em 2021 superou consideravelmente a meta de 3,75% perseguida pelo Banco Central (BC). Também ficou bastante acima do teto de tolerância, que seria de 5,25%. O indexador oficial da inflação no Brasil fechou 2020 com avanço de 4,52%, até então o maior desde 2016.
O resultado ficou acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 4,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (entre 2,5% e 5,5%). Segundo o índice de difusão do IPCA, que mostra o percentual de itens com aumentos de preços, 88% dos produtos tiveram altas de preços.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 1,71% em março, após um avanço de 1,00% em fevereiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Com o resultado, o índi ce acumula elevação de 3,42% no ano. A taxa em doze meses está em 11,73%. Em março de 2021, o INPC tinha sido de 0,86%. O indexador mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos (de R$ 1.212 a R$ 6.060) e chefiadas por assalariados.
Construção
O Índice Nacional da Construção Civil (INCC/Sinapi), divulgado ontem pelo IBGE, subiu 0,99% em março. O resultado sucede um avanço de 0,56% em fevereiro. No ano, o índice acumulado está em 2,29%. A taxa acumulada em doze meses é de 15,75%. Segundo o IBGE, o custo nacional da construção foi de R$ 1.549,07 por metro quadrado em março. A parcela dos materiais teve elevação de 0,48%, enquanto o custo da mão de obra subiu 1,75%.