Tribuna Ribeirão
Economia

Inflação é a mais alta desde 1994

© Fernando Frazão/Agência Brasil

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indexador oficial de preços no país – registrou taxa de 1,62% em março deste ano, ante avanço de 1,01% em fevereiro, 0,54% em janeiro e de 0,73% em dezembro, informou nesta sexta-feira, 8 de abril, o Instituto Brasileiro de Ge­ografia e Estatística (IBGE).

No mesmo período do ano passado o IPCA havia ficado em 0,93%. A alta de 1,62% registrada pelo IPCA em março foi a varia­ção mais acentuada para o mês em 28 anos, desde 1994, quando o índice havia sido de 42,75%, no período de alta inflação que ante­cedeu a implementação do Plano Real, em 1º de julho.

Considerando todos os me­ses do ano, o IPCA de março foi o mais elevado em 19 anos, desde janeiro de 2003, quando esteve em 2,25%. A taxa em doze me­ses passou de 10,54% em feve­reiro para 11,30% em março, de acordo com o IBGE, resultado mais elevado desde outubro de 2003, quando estava em 13,98%.

A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Cen­tral é de 3,50%, que tem teto de tolerância de 5%. O indexador oficial da inflação acumula au­mento de 3,20% no ano. Na Re­gião Metropolitana de São Paulo, a alta em março chega a 1,46%, ante 1,05% de fevereiro. No acu­mulado no ano, na Grande SP, a taxa está em 3,17%, contra 1,69% no mesmo período de 2021.

Em doze meses, a inflação na região da capital paulista alcançou 11,04%. O principal impacto na inflação de março no Brasil veio do grupo Trans­portes, que subiu 3,02% no mês. A taxa foi puxada pela alta nos combustíveis, que subiram 6,70% no período.

O grupo Alimentação e be­bidas saiu de um aumento de 1,28% em fevereiro para uma elevação de 2,42% em março. O grupo contribuiu com 0,51 ponto percentual para a taxa de 1,62% do IPCA do último mês. A alimentação no domicílio aumentou 3,09% em março. A maior contribuição entre os itens alimentícios foi do tomate, com alta de 27,22% e impacto de 0,08 ponto percentual em março.

Houve alta também na cenoura (31,47% em março, acumulando um aumento de 166,17% em doze meses), leite longa vida (9,34%), óleo de soja (8,99%), frutas (6,39%) e pão francês (2,97%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,65%. A refeição fora de casa teve alta de 0,60% em março, e o lanche subiu 0,76%.

Sete produtos, liderados pela cenoura, subiram mais de 50% no acumulado de doze meses e ajudaram a puxar a inflação para cima no período. Dos mais de 400 itens acompanhados pelo IBGE, a raiz é o produto que fi­cou mais caro no acumulado de doze meses: alta de 166,17%.

Os sete produtos seguintes no ranking são todos da área de alimentos e bebidas: tomate (94,55%), pimentão (80,44%), melão (68,95%), melancia (66,42%), repolho (64,79%), café moído (64,66%) e mamão (54,95%). Em março, os au­mentos nos gastos das famílias com Alimentação e bebidas e Transportes responderam jun­tos por cerca de 72% da inflação oficial no país.

No entanto, as altas de pre­ços foram disseminadas, alcan­çando oito dos nove grupos que integram o IPCA. As famílias gastaram mais com Alimenta­ção e bebidas (2,42%), Saúde e cuidados pessoais (0,88%), Habitação (1,15%), Artigos de residência (0,57%) Vestuário (1,82%), Transportes (3,02%), Despesas pessoais (0,59%) e Educação (0,15%). O único grupo com deflação foi Comu­nicação (-0,05%).

A inflação do ano passado atingiu o maior patamar desde 2015, quando havia ficado em 10,67%. O resultado do índice em 2021 superou consideravel­mente a meta de 3,75% perse­guida pelo Banco Central (BC). Também ficou bastante acima do teto de tolerância, que seria de 5,25%. O indexador oficial da inflação no Brasil fechou 2020 com avanço de 4,52%, até então o maior desde 2016.

O resultado ficou acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 4,0%, com margem de to­lerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (entre 2,5% e 5,5%). Segundo o índice de difusão do IPCA, que mostra o percentual de itens com au­mentos de preços, 88% dos pro­dutos tiveram altas de preços.

INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 1,71% em março, após um avanço de 1,00% em fevereiro, segundo dados di­vulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Com o resultado, o índi ce acumula elevação de 3,42% no ano. A taxa em doze meses está em 11,73%. Em março de 2021, o INPC tinha sido de 0,86%. O indexador mede a variação dos preços para as famílias com ren­da de um a cinco salários míni­mos (de R$ 1.212 a R$ 6.060) e chefiadas por assalariados.

Construção
O Índice Nacional da Cons­trução Civil (INCC/Sinapi), di­vulgado ontem pelo IBGE, subiu 0,99% em março. O resultado sucede um avanço de 0,56% em fevereiro. No ano, o índice acu­mulado está em 2,29%. A taxa acumulada em doze meses é de 15,75%. Segundo o IBGE, o custo nacional da construção foi de R$ 1.549,07 por metro quadrado em março. A parce­la dos materiais teve elevação de 0,48%, enquanto o custo da mão de obra subiu 1,75%.

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