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Incêndios no Pantanal prejudicam arara-azul

A lista de espécies ameaçadas de extinção é extensa, haja vista as atuais condições climáticas no mundo, a exploração ambiental e a urbanização desordenada, que cresce a cada dia. A arara-azul, que encanta com sua beleza e saiu ofi­cialmente da lista brasileira de ani­mais ameaçados de extinção, em 2014, ainda sofre e luta contra sua vulnerabilidade. Geralmente, essa espécie só começa a se reproduzir a partir do sétimo ano de vida e, em média, a fêmea tem até dois filhotes, porém, muitas vezes, só um acaba sobrevivendo por conta de sua fragilidade.

Uma vez que essa espécie já possui dificuldade para se re­produzir e foi muito explorada por conta das suas belas penas, a Fundação Toyota, há dez anos, resolveu se juntar com o Institu­to Arara Azul com o objetivo de defender a ave, criando o maior Centro de Reprodução das ara­ras-azuis na natureza. Situado no Pantanal, o Refúgio Ecológico Caiman (REC), que cedeu uma base de campo para a devida ação, abriga a equipe do Instituto Arara Azul, cuja missão é realizar o ma­nejo das aves e ninhos, instalar ca­vidades artificias e proteger, ainda, ovos e filhotes de predadores por meio da instalação de placas de metais nos troncos das árvores.

Embora haja entidades e es­pecialistas na linha de frente para que a espécie não volte a listar o documento oficial do Ministério do Meio Ambiente, recentemente, queimadas no Caiman colocaram a arara-azul e a biodiversidade pantaneira em perigo. Por conta de diversos fatores, como baixa umidade do ar, alta temperatura, ondas de calor, matéria orgânica seca em demasia e alta velocida­de do vento, o fogo atravessou o rio Aquidauana, no início de setembro, e acabou atingindo a fazenda, afetando cerca de 60% de seu território, em diferentes graus de intensidade.

De acordo com um primeiro estudo de avaliação do impacto do fogo, realizado pelo instituto, que vem atuando fortemente nos cui­dados com as araras-azuis e outras espécies, dos 98 ninhos monito­rados, 54 estavam ocupados com ovos ou filhotes, sendo que 39 eram de araras e 15 de outras es­pécies de aves. Além disso, havia 30 ninhos sendo preparados pelas araras ou em disputa com outras aves. Estavam vazias 14 cavidades. Dos 98, 33% foram atingidos em diferentes níveis de gravida­de, dos quais apenas dois foram perdidos totalmente.

“Após o grande incêndio, o maior trabalho realizado tem sido o monitoramento constante, pois isso evita agravantes como dispu­tas por ninhos, ocupação de ca­vidade por insetos ou outras aves que perderam seu habitat, bem como aumento nas taxas de pre­dação, principalmente, por mamí­feros”, afirma Neiva Guedes, presi­dente do Instituto Arara Azul, que também é professora doutora do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvi­mento Regional da Universidade Anhanguera Uniderp.

Para evitar esses e outros ma­les, foi feita a instalação de cinta metálica em todos os ninhos ati­vos. Além disso, ninhos artificiais estão sendo trocados ou reinsta­lados em substituição aos ninhos atingidos – tanto na Caiman, como em outras regiões: Aqui­dauana, Miranda, Bonito e Jar­dim. Outra grande preocupação dos biólogos é a destruição dos hectares de espécies arbóreas fun­damentais para sobrevivência da arara-azul: o Manduvi, propício para a reprodução, e as palmei­ras, que produzem as castanhas do acuri e bocaiuva, principal ali­mento da espécie na região.

“A alimentação, até agora, não era um fator limitante. Mas com os incêndios, hectares e mais hec­tares da palmeira do acuri foram totalmente destruídos. Mesmo sendo fundamental para as ara­ras-azuis, essa planta é a chave para várias outras espécies que se alimentam da sua polpa”, explica Neiva. A pesquisadora ressalta que a natureza é extremamente resiliente, no entanto, embora a fauna esteja voltando, e alguns exemplares da flora rebrotando nas regiões atingidas, os resultados podem demorar a aparecer.

“Algumas espécies da vegeta­ção vêm se recuperado, rapida­mente, após as primeiras chuvas. Porém outras, mais sensíveis, levarão um tempo para voltar ao estágio que estavam ante­riormente. Até lá, a fauna, que depende da produção de flores e frutos, poderá passar por pe­ríodos de escassez de alimentos”, finaliza. Para mais informações, visite o site da Fundação Toyota do Brasil na internet www.funda­caotoyotadobrasil.org.br.

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