Por: Adalberto Luque
Morreu, na madrugada deste domingo (20), a terceira vítima do incêndio ocorrido em uma indústria química na cidade de Sertãozinho, no dia 11 de outubro. Gabriel Augusto da Silva, de 24 anos, estava internado no Hospital São Lucas Ribeirânia, zona Leste de Ribeirão Preto, desde o dia do acidente.
Gabriel era operador de empilhadeira e operava o equipamento no momento em que as chamas e as explosões começaram. Ele era funcionário da Innove Química.
Além do jovem, morreram outras duas pessoas: Estevão Felisberto Campanini, de 27 anos, e Aparecido Olímpio Bernardino, de 67 anos. Ambos morreram, respectivamente, na madrugada e na noite da quarta-feira (16). Rogério Soares, que estava internado no Hospital das Clínicas – Unidade de Emergência (HC-UE), recebeu alta neste sábado (19). Não há mais nenhuma vítima do incêndio internada.
O corpo de Gabriel foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Ribeirão Preto. A previsão é que ele seja sepultado na manhã desta segunda-feira (21) no Cemitério Cristo Rei. A indústria química divulgou nota lamentando a morte do funcionário.
“É com muito pesar que informamos o falecimento do nosso colaborador Gabriel Augusto da Silva, na manhã deste domingo, 20 de outubro de 2024. Gabriel sempre foi considerado excelente funcionário, amado e amigo de todos. Neste momento de profunda dor, buscamos na fé a força para apoiar a família e os amigos, no desejo de que ele descanse na paz. Família Innove.”
O incêndio
Um caminhão estava parado na rua e algumas pessoas descarregavam produtos químicos num terreno que, segundo a indústria química, seria uma área de transbordo. O fogo começou por volta de 13h30 de sexta-feira (11), em local ainda não confirmado pelas investigações.
Rapidamente se alastrou e atingiu o caminhão e a área de transbordo, iniciando um grande incêndio, que liberou muita fumaça tóxica. Os bombeiros tiveram dificuldade em combater as chamas. A corporação não pode usar água porque, ao entrar em contato com os produtos químicos, pode causar novas explosões e alimentar as chamas. Uma casa próxima foi destruída e alguns imóveis teriam sido comprometidos, com abalos estruturais.
O local foi isolado. Quatro pessoas sofreram queimaduras graves e foram levadas a hospitais de Ribeirão Preto. Três ficaram internados no HC-UE e uma pessoa no Hospital São Lucas Ribeirânia. Durante a internação, duas vítimas que estavam no HC-UE e uma que estava no hospital particular de Ribeirão Preto, morreram em consequência das queimaduras sofridas.
Estevão Felisberto Campanini, de 27 anos, morreu na madrugada e Aparecido Olímpio Bernardino, de 67 anos, morreu à noite, ambos nem 16 de outubro. Gabriel Augusto da Silva, de 24 anos, morreu no dia 20 de outubro.
Em Sertãozinho, de acordo com a Prefeitura, pelo menos 30 pessoas foram atendidas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, das quais 11 com queimaduras. Todas já receberam alta nos dias subsequentes ao incêndio.
Multa e investigação
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou, por nota, que através da Agência Ambiental de Ribeirão Preto, após conclusão do relatório técnico de atendimento ao acidente, deve penalizar a empresa Innove Química por danos ambientais.
Segundo o gerente regional da Cesteb, Otávio Okano, a indústria não tem licença ambiental para utilizar o espaço que pegou fogo na sexta-feira como depósito de produtos químicos. A sede da empresa, a cerca de dois quarteirões de distância, no mesmo bairro, está com a documentação em ordem, segundo a autarquia estadual.
A Polícia Civil investiga se o material transportado pela empresa seguiu os procedimentos de segurança. A investigação quer saber se houve negligência ou imprudência. Com as mortes já registradas, o caso também será investigado como homicídio culposo, isto é, quando não há intenção de matar.
A empresa diz, por meio de advogado, que o transbordo dos produtos segue as normas de segurança e que não é prática da indústria embalar produtos nas ruas.
Técnicos da Cetesb adiantaram que foram encontrados resíduos de uréia, clorito de sódio e ácido fosfórico. Os dois últimos, quando em contato, podem causar explosões.
Em nota, a Innove Química informou que, por volta das 12 horas de sexta-feira, “ocorreu um princípio de incêndio em um caminhão de uma empresa terceirizada.” No momento, funcionários faziam o manejo e o transbordo de produtos usados na linha de produção da indústria. As causas do fogo ainda são desconhecidas.
Segundo a empresa, apesar de cumpridos todos os procedimentos técnicos de segurança, houve uma onda de choque e explosões múltiplas nos insumos. O fogo atingiu o caminhão, a fábrica e imóveis vizinhos.