Um incêndio assustou os moradores do Jardim Recreio, em Ribeirão Preto, na tarde desta segunda-feira, 25 de setembro. As chamas atingiram uma mata na região da avenida Bandeirantes e a fumaça prejudicou a visibilidade dos motoristas. O fogo foi controlado depois de horas, mas atingiu os dois lados da Rodovia Geovana Aparecida Deliberto, perto da Fundação Casa.
Ribeirão sofre com a estiagem. Já faz mais de 120 dias que não cai uma chuva volumosa na cidade. A expectativa é que a seca termine nesta semana, segundo previsão do Climatempo, que prevê chuva para esta quarta-feira (27) – a previsão é de “sol com muitas nuvens e pancadas de chuva à tarde e à noite”. A probabilidade de cair água na cidade é de 80%, mas em baixo volume (apenas 2 mm).
No entanto, a precipitação pluviométrica deve se manter ao longo de vários dias, com previsão de chuva até domingo, 1º de outubro, no total acumulado de 26 mm. O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou dois inquéritos para apurar as causas e os responsáveis pelos incêndios que têm se tornado comuns na região. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram mais de 1,7 mil focos registrados entre 1º de julho e meados de setembro em 19 municípios, o que resulta em uma média de 22 ocorrências por dia.
Segundo o próprio Inpe, o número de queimadas neste ano na região, somente até o início deste mês, saltou de 2.575 em 2016 inteiro para 3.275, alta de 27,2% e 700 ocorrências a mais. A umidade relativa do ar também está bem abaixo dos 60% recomendáveis pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Está em cerca de 20%, sinal de alerta.
Para a promotora Cláudia Habib, responsável pelas investigações, os focos têm origem criminosa e, na maioria dos casos, têm relação com o descarte irregular de lixo. Com os inquéritos, ela também quer estabelecer uma cooperação mútua entre as cidades para evitar o avanço das chamas nas áreas rurais.
No período analisado, de acordo com o Inpe, Altinópolis é a cidade da região com mais incêndios, com 459. Ribeirão Preto vem na sequência com 311 e São Simão aparece em terceiro com 221 casos. Dados alarmantes como esses motivaram os inquéritos. O primeiro visa apurar a relação do acúmulo de lixo e entulho nas áreas públicas com incêndios.
No outro inquérito, a promotora quer levantar dados para estabelecer uma cooperação entre 19 municípios da região, o que inclui, além de cidades como Altinópolis, Sertãozinho, Pontal e Jardinópolis. As ações, que também devem incluir concessionárias de estradas e ferrovias, segundo o MP, devem ser definidas após audiências públicas.