O número de inadimplentes no país voltou a crescer em janeiro de 2023, chegando a 65,19 milhões de pessoas devedoras, alta de 0,56% em relação a dezembro de 2022. Os dados são do levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que destacou ainda que quatro em cada dez brasileiros adultos (40,15%) estavam negativados em janeiro deste ano.
Segundo o levantamento, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 7,74% em relação ao mesmo período de 2022. O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a um ano (16,30%). O público com participação mais expressiva no Brasil em janeiro está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,85%).
A inadimplência segue bem distribuída no recorte por gênero: 50,88% mulheres e 49,12% homens. Em média, a dívida por consumidor em janeiro era de R$ 3.883,63 e a inadimplência era para 2,02 empresas credoras. Os dados ainda mostram que cerca de três em cada dez consumidores (32,88%) tinham dívidas de até R$ 500, percentual que chega a 47,34% quando se fala de dívidas de até R$ 1 mil.
Dívidas
De dezembro para janeiro, houve elevação de 1,42% no número de dívidas no Brasil. Em relação a janeiro de 2022, a alta foi de 17,87%. Entre os destaques estão as dívidas com os Bancos, com crescimento interanual de 29,93%, seguidas por Água e Luz (+11,66%). Na outra ponta, houve queda nas dívidas em atraso de Comunicação (-10,25%) e Comércio (-3,80%).
Desenrola
Os Bancos são o setor credor com maior concentração de dívidas no País (63,04%), seguido por Comércio (11,78%), Água e Luz (10,80%) e Comunicação (7,67%). O governo federal deve lançar, nos próximos dias, o Desenrola, o programa de renegociação de dívidas que foi uma das promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Como o fundo que será mantido pelo Tesouro Nacional para dar garantia às operações deve ser limitado a R$ 20 bilhões, é provável que algumas dívidas fiquem de fora do programa. Nessa fase inicial, o programa vai prever a renegociação de débitos de quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2,6 mil).
Além disso, deve ter dívidas de até R$ 5 mil vencidas havia mais de 180 dias no dia 31 de dezembro passado. A ideia é de que o banco escolhido pague o débito para o credor e, então, faça um novo empréstimo para o cliente, com desconto.
A taxa de juros deverá ser de até 1,99% ao mês. Caso o cliente não pague novamente, terá o nome incluído na lista de devedores; já o banco poderá apresentar o contrato ao Tesouro, que honrará a garantia de 100% do valor. O assunto foi debatido com a equipe econômica, que está ciente de que não será possível resolver o problema de todos os negativados do país.
Ribeirão Preto
Levantamento da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) aponta que sete em cada dez ribeirão-pretanos (70%) possuem dívidas e que cerca de um em cada três está com parcelas em atraso (quase 30%). De acordo com os dados apurados pelo Instituto de Economia Maurílio Biagi, departamento de estatísticas da entidade, 28,27% da população da cidade – um total de 205.225 pessoas – possuem dívidas atrasadas e estão inadimplentes.
A vencer
Além disso, 77,62% dos moradores de Ribeirão Preto têm débitos a pagar, mas que ainda não venceram. São 563.469 trabalhadores com algum “papagaio” pela frente. A Acirp considera para o cálculo a base populacional da Boa Vista SCPC, de aproximadamente 725.900 habitantes, mas levantamento parcial do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que são 702.739 ribeirão-pretanos.