Tribuna Ribeirão
Economia

Inadimplência cresce, mas em menor ritmo

JF PIMENTA/ARQUIVO

O número de pessoas físicas inadimplentes no país continua crescendo, mas em patamares mais modestos do que em pe­ríodos anteriores. Dados apura­dos pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que o volume de consumidores com contas em atraso aumentou 1,3% no último mês de setem­bro na comparação com igual período de 2018.

Trata-se da menor expansão do número de devedores des­de dezembro de 2017, quando a variação também havia sido de 1,3%. Em setembro do ano passado, cresceu 3,9%. O ar­refecimento da inadimplência também dá sinais mais eviden­tes na comparação mensal do indicador. Nesse caso, sem ajuste sazonal, a quantidade de consu­midores com contas atrasadas apresentou um leve recuo de 0,5%, o que configura a quarta queda seguida na série histórica do indicador.

Outro dado que caminha na mesma direção é o número de dívidas em atraso, que teve queda de 2,5% em setembro deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado – a quarta contração seguida e a mais expressiva desde dezem­bro de 2017. Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a expectativa é de que a inadimplência não vol­te a crescer a taxas expressivas no curto prazo, mas apresente sinais de estabilidade.

“A economia e o consumo seguem se recuperando de for­ma lenta e gradual e assim de­verá ser o comportamento dos próximos meses. Isso impedirá que a inadimplência cresça a taxas expressivas como no pas­sado, mas por sua vez, também não será o suficiente para indu­zir uma queda mais acentuada no número de atrasos. Ainda demorará para observarmos um aumento expressivo na renda do brasileiro e na que­da do desemprego, que são os fatores que mais pesam na capa­cidade de pagamento das famí­lias”, analisa Pellizzaro Junior.

A inadimplência avançou 3,15% em setembro no Sudes­te. O detalhamento por setor da economia mostra que com exceção dos compromissos com contas básicas, como água e luz, que aumentou 19%, hou­ve queda da inadimplência de forma generalizada em todos os segmentos. No caso das dívidas bancárias, que levam em conta atrasos com faturas de cartão de crédito, cheque especial, fi­nanciamentos e empréstimos, houve uma pequena queda de 0,3% em setembro na compara­ção com igual mês de 2018. Foi a primeira vez que o setor teve queda desde novembro de 2017.

O indicador ainda revela que houve queda expressiva de 20,1% nos atrasos com contas de telefone, TV por assinatura e internet e uma retração de -4,2% da inadimplência no crediário de departamentos comerciais. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a diminuição dos atrasos nas dí­vidas bancárias é um fator a ser comemorado, uma vez que elas respondem pela maior parte das dívidas em aberto no país, respondendo sozinhas por uma fatia de 53%.

“As dívidas com instituições financeiras também são as que cobram os juros mais caros do mercado em casos de atraso. A falta de pagamento com esse tipo de dívida pode transformar valores modestos em cifras pra­ticamente impagáveis porque podem superar em várias vezes a renda do consumidor”, analisa a economista.

Em termos de participação, do total de dívidas não pagas no país, 18% foram feitas no comércio, 12% são com empre­sas de comunicação e 10% se concentram em companhias de serviços básicos, como água e luz. O aumento mais expressivo da inadimplência se deu entre os de idade mais avançada: cresci­mento de 6,4% entre quem tem de 64 a 84 anos, alta de 3,9% na faixa dos 50 aos 64 anos e au­mento de 2,5% para quem tem de 40 a 49 anos.

Em média, cada inadim­plente brasileiro tem duas dí­vidas em aberto, sendo que na maior parte dos casos a soma não ultrapassa quatro dígitos: 37% devem até R$ 500, outros 16% entre R$ 500 e R$ 1 mil, mais 21% entre R$.1 mil e R$ 2,5 mil, mais 16% entre R$ 2,5 mil e R$ 7,5 mil e 11% devem mais de R$ 7,5 mil.

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