Cerca de um terço da população de Ribeirão Preto – ou 29,65% dos moradores da cidade, 217.051 pessoas – estava inadimplente no primeiro semestre deste ano. De acordo com levantamento feito pela Associação Comercial e Industrial da cidade (Acirp), o índice representa crescimento de 3% em relação aos seis meses anteriores.
São 6.445 a mais que os 210.606 devedores do período entre julho e dezembro inadimplentes do ano passado. Também é 2,55% superior aos 211.636 do primeiro semestre de 2023 – são 5.415 a mais. Os cálculos são do Instituto de Economia Maurílio Biagi da Acirp (IEMB-Acirp) e tomam como base dados da Equifax Boa Vista.
“O total de indivíduos sem condições para quitar suas dívidas já é o maior em dois anos, desde que a pesquisa foi iniciada pelo instituto”, afirma Lucas Ribeiro, analista do IEMB-Acirp. O levantamento do IEMB-Acirp considera uma população estimada em 732.044 pessoas, segundo a base de consumidores da Associação Comercial e Industrial.,
O Censo Demográfico 2020 (finalizado em 2022) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que são 698.642 habitantes. Os pesquisadores destacam que o cartão de crédito ainda é o principal responsável pelo elevado endividamento.
“As principais dívidas contraídas nesse modo de pagamento são compras em supermercados (alimentos), produtos (roupas, calçados, eletrodoméstico, entre outros), medicamentos, alimentos por delivery e gastos com transporte (combustível)”, destaca Ribeiro.
Em Ribeirão Preto, as projeções mostram que 75% dos inadimplentes financiam a maior parte de suas dívidas mensais com o cartão de crédito, sendo que 53% recorrem ao rotativo nessa modalidade. Em relação ao perfil de inadimplência, 46,24% dos devedores são mulheres e 45,5% são homens (outros 8,26% não tiveram informações de gênero divulgadas). O perfil etário está concentrado entre os 25 a 49 anos.
Entre os fatores que influenciam o elevado nível de inadimplência na cidade, aponta-se o desemprego, a desvalorização do salário médio e a inflação. Segundo o levantamento do IEMB, 56% dos inadimplentes encontravam-se desocupados, de modo que a ausência de renda fragilizou a capacidade de pagamento desses indivíduos.
“Ademais, verificou-se que nos últimos anos houve uma redução de 10% no salário médio do ribeirão-pretano, fator que unido à inflação crescente dos alimentos no primeiro semestre de 2024, gerou uma fragilidade na capacidade de pagamento”, diz o analista.
A inflação acumulada nos itens da cesta básica alimentar em Ribeirão Preto registrou uma alta expressiva de 7,16% entre janeiro e junho de 2024 – o dado é mensurado por meio do Índice de Inflação dos Alimentos, divulgado mensalmente pelo IEMB Acirp.
Inadimplência supera R$ 2 bi
Ribeirão Preto fechou o primeiro semestre de 2024 com 290.982 inadimplentes, 852 a mais que os 290.130 de maio, aumento de apenas 0,29%. A tendência também é de estabilidade em relação ao ano passado, que terminou com 290.126 devedores em dezembro, segundo a Serasa Experian.
O total de pessoas em situação de inadimplência na cidade em junho corresponde a 41,65% da população ribeirão-pretana, de 698.642 habitantes, segundo dados do Censo Demográfico 2022, anunciados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O valor médio que cada morador da cidade devia na praça no sexto mês do ano era de R$ 7.193,70, levemente acima dos R$ 7.153,47 do mês anterior, R$ 40,23 a mais e alta de 0,56%. Em relação a junho do ano passado, quando estava em R$ 6.447,36, o crescimento chega a 11,58%. São R$ 746,34 a mais.
Em junho o valor médio de cada dívida na cidade era de R$ 1.649,46. São R$ 25,80 a mais que os R$ 1.623,66 de maio, crescimento de 1,59%. Também é 24,17% superior aos R$ 1.328,37 do mesmo mês de 2023, aporte de R$ 321,09.
Com base no valor de R$ 7.193,70 por devedor, o montante da inadimplência em junho, em Ribeirão Preto, era de R$ 2.093.236.987,80, contra R$ 2.075.436.544,28 de maio, crescimento de 0,86% e acréscimo de R$ 17.800.443,52. No sexto mês de 2023 era de R$ 1.883.338.329,60. São 209.898.658,20 a mais, aumento de 11,15%.