O prédio que servia de sede da Atmosphera Construções e Empreendimentos, do empresário Marcelo Plastino, foi leiloado por R$ 490 mil, metade do valor avaliado pelo mercado imobiliário, de R$ 980 mil. O dinheiro, no entanto, não voltará ao erário e será usado para quitar dívidas trabalhistas com os funcionários da empresa, demitidos depois que a Operação Sevandija foi deflagrada.
O empresário cometeu suicídio em novembro de 2016, dois meses depois de o escândalo de corrupção vir à tona. Em 18 de outubro do ano passado, o juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Criminal de Ribeirão Preto, autorizou o reembolso aos cofres da prefeitura, mas, doze dias depois, a Justiça do Trabalho mandou o imóvel à leilão para cobrir os débitos com ex-empregados da Atmosphera.
Outros dois leilões renderam R$ 1.914.030,00. O montante está numa conta judicial e, caso as denúncias sejam comprovadas e os acusados condenados em última instância, esse dinheiro voltará aos cofres da prefeitura de Ribeirão Preto. O pacote com 15 carros e uma moto importada de dez pessoas investigadas na Sevandija rendeu R$ 1,784 milhão. Já o leilão de 137 cabeças de gado da advogada Maria Zuely Alves Librandi, advogada condenada na ação dos honorários advocatícios, gerou mais R$ 130.030,00.
Também foram confiscados e bloqueados pela Justiça de Ribeirão Preto R$ 20 milhões que estavam em várias contas bancárias dos réus e 35 imóveis em nome dos acusados ou de terceiros, entre eles a fazenda de 100 alqueires de Maria Zuely, em Cajuru, avaliada em R$ 10 milhões, e a casa da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido), no bairro nobre da Ribeirânia, na Zona Leste de Ribeirão Preto.
A prefeitura só terá parte do valor arrecadado com o leilão da sede da Atmosphera caso os R$ 490 mil sejam suficientes para quitar todas s dívidas trabalhistas da empresa. Nesse caso, o Palácio Rio Branco ficará com o restante. No total, os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) esperam recuperar R$ 200 milhões.
A Atmosphera é investigada na ação que apura suposto esquema de por contratos entre a Companhia de Desenvolvimento Econômico (Coderp) e a empresa de Marcelo Plastino. A ex-prefeitra Dárcy Vera também é ré neste processo de apuração da Sevandija.
Nesta ação pena, o juiz Silva Ferreira já condenou 21 pessoas – as penas dos 21 réus desta ação variam de dois anos e oito a meses a mais de 38 anos de prisão. Eles foram condenados à prisão por integrar organização criminosa, pelo recebimento de propina e de vantagem indevida, pela indicação de apadrinhados políticos na Coderp, integrar organização criminosa, dispensa indevida de licitação, peculato e corrupção ativa.
O juiz já condenou todos pelo desvio de R$ 105,98 milhões. Entre as 21 pessoas condenadas em primeira instância estão nove ex-vereadores e quatro ex-secretários e ex-superintendentes da Coderp, empresários, funcionários públicos e um advogado.
Todos negam a prática de crimes, assim como Dárcy Vera e Maria Zuely, condenadas a 18 anos, nove meses e dez dias de reclusão e a 14 anos e oito meses de reclusão, respectivamente – ambas cumprem prisão domiciliar – no caso dos honorários advocatícios.