A Brava Companhia, com o apoio da Secretaria Municipal da Cultura, traz para Ribeirão Preto o teatro de rua “Este lado para cima – isto não é um espetáculo”. A apresentação será na próxima quarta-feira, 4 de julho, às 17 horas, na praça XV de Novembro, no Centro Histórico, no coração da cidade. A encenação é financiada via lei de incentivo à cultura estadual – via Programa de Ação Cultural (ProAC), com isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Tem como mote o poder do mercado e o controle das relações humanas exercido por ele, discutidos com humor anárquico neste trabalho construído para apresentação em rua ou espaços alternativos. A ordem e o progresso fundamentam o surgimento de mais uma cidade e os seus habitantes vivem em razão do trabalho e sonhando com um futuro de felicidade.
Até que uma crise, causada pelos seus próprios dirigentes, se abate sobre essa metrópole ameaçando a ordem estabelecida e obrigando a criação do “mais avançado artefato da tecnologia humana”: a Bolha – que do céu vigiará tudo e todos para manter as coisas como sempre foram. Um dos grupos mais promissores da geração de teatro de rua surgida nesta década em São Paulo mostra seu ponto de vista sobre a euforia econômica que o Brasil atravessa.
A Brava Companhia foi fundada na Zona Sul paulistana em 1998, com outro nome, e obteve mais repercussão pela consistência de linguagem ao ocupar espaços abertos ou não convencionais com a premiada montagem de “A Brava (2008)”, um épico sobre a heroína Joana D’Arc. “Como o livro do Guy Debord (193-1994) explica, vivemos em um mundo mediado por imagens e consumo de mercadorias”, diz Fábio Resende, diretor da trupe.
“A peça cria uma narrativa para explicar como funciona esta sociedade, através da ideia de que ela atua como a máfia: causa impactos, sem aparecer ou mostrar a cara. Quando a gente percebe, já se está sofrendo sua influência. Mesmo que não haja uma bolha física, ela existe e isso faz com que talvez essa seja a época mais atual para um livro escrito no final da década de 1960”, emenda.
A Brava Companhia estabeleceu sua linguagem e conquistou seu espaço no cenário cultural. Em comum nos seus trabalhos está a presença de um teatro crítico que aborda questões contemporâneas importantes – sem nunca perder o humor ácido característico do grupo. O teatro desenvolvido pela trupe vem sempre amparado por estudos teóricos que possibilitam um olhar mais profundo sobre a realidade ao seu redor e uma melhor compreensão da função social do teatro frente a essa realidade.
“Este lado para cima – isto não é um espetáculo” tem direção e dramaturgia de Fábio Resende e Ademir de Almeida. No elenco estão Cris Lima, Henrique Alonso, Joel Carozzi, Luciana Gabriel, Marcio Rodrigues, Rafaela Carneiro, Sérgio Carozzi e Maxwell Raimundo. Os cenários, adereços e figurinos são de Cris Lima, Débora Torres, Joel Carozzi, Marcio Rodrigues, Rafaela Carneiro e Sérgio Carozzi. A programação visual é de Ademir de Almeida e a produção, de Kátia Alves e Luciana Gabriel.