A maioria dos brasileiros que possui contas bancárias todos os meses tem, regra geral, um custo adicional para mantê-las. Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) revela que de abril de 2017 a março de 2019, os preços de setenta pacotes de serviços ofertados pelos bancos aumentou em média, 14%, enquanto a inflação do período medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 7,5%.
O Banco Central (BC), que regula o setor bancário, obriga os bancos a oferecerem um pacote de serviços essenciais gratuita, mas pouca gente tem essa informação e, por isso, acaba pagando por serviços que não utiliza.
Só para exemplificar, levantamento do aplicativo de controle de finanças pessoais Guiabolso revela que 45% dos seus usuários gastaram no mês de junho para manter suas contas cerca de R$ 36 reais. O aplicativo tem 5,6 milhões de usuários no país.
O levantamento revela também que 99% dos usuários ativos do aplicativo não usavam tudo o que pagavam da cesta de produtos oferecida pelos bancos e que poderiam economizar, em média, cerca de R$ 500 por ano em tarifas.
Para o economista Luciano Nakabashi, da Universidade de São Paulo (USP) campus de Ribeirão Preto,para fugir das tarifas pagas mensalmente a renegociação por pacotes mais acessíveis ou a migração para bancos virtuais, sem agências, são as melhores soluções. Ele garante que o cliente tem que analisar quais são as opções disponíveis na instituição financeira que utiliza para avaliar o pacote mais adequado as suas necessidades. “Após esta análise deve procurar o gerente e solicitar a mudança pelo pacote mais interessante para ele”, afirma.
O economista lembra que a concorrência é um instrumento fundamental para induzir os bancos a reduzirem as tarifas e que os clientes devem utilizá-lo. Luciano conta que ele mesmo procurou a administradora de seus cartões de crédito para cobrar a redução das tarifas. O que acabou dando certo; em umdeles a anuidade foi extinta e o outro teve este valor reduzido.
Outra sugestão do economista são os bancos virtuais que não tem agências físicas e não cobram tarifa. Só vale ressaltar que de forma geral, esses bancos têm um custo mais elevado que os tradicionais para a realização de saques.
Opções para cada tipo de cliente
Especialistas do setor afirmam que antes de tomar uma decisão, o cliente precisa analisar que tipo de serviços bancários utiliza e ver se vale a pena contratar um pacote ou pagar pelos serviços avulsos.
Para quem precisa realizar muitos saques ou transferências entre instituições financeiras diferentes, a contratação de um pacote de serviços pode ser mais interessante. Contudo, é preciso escolher o mais adequado ao seu consumo.
Vale lembrar que as instituições financeiras são obrigadas a divulgar o extrato anual de tarifas até o dia 28 de fevereiro de cada ano. Ele mostra o que o cliente consumiu de serviços bancários o que pode ajudar neste planejamento.
Outra opção para fugir das tarifas é optar por um banco digital que não cobra pela manutenção de contas. Atualmente as opções são muitas e vão desde Nubank, Original, Banco Inter até Neon.
Segundo dados do Instituto de Defesa do Consumidor, as instituições digitais oferecem serviços muito mais baratos e até gratuitos. Contudo ainda não conseguem competir no item saque, pois não têm uma rede de agências. O idealé ter conta em um deles para pagar menos ao fazer outras transações bancárias.
Milhões sem contas em banco
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cerca de sessenta milhões de brasileiros não possuem conta em banco. Ao contrário do que se possa imaginar a chamada “desbancarização”, regra geral não ocorre somente por falta de dinheiro
Entre os motivos que levam a esta situação estão os custos das tarifas de transações bancárias; filas e mau atendimento em bancos tradicionais; falta de interesse em manter um relacionamento com instituições financeiras; e aumento das opções de meios de pagamento online. Outros fatores são causados pelo endividamento no sistema financeiro o que dificulta tanto a retomada de crédito por ter o nome “sujo na praça”.