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Homicídios voltam a subir no país

Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil

Com mais armas de fogo nas mãos de civis, rearranjos na disputa do crime organiza­do e cenários de tensão entre policiais e governos estaduais, o Brasil interrompeu uma se­quência de dois anos em queda e voltou a registrar aumento de homicídios em 2020, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta quinta-feira, 15 de julho.

Ao todo, foram notificados 50.033 assassinatos no país du­rante a pandemia de covid-19. É o equivalente a uma morte a cada dez minutos, ou 4,8% a mais em relação a 2019. Esta é a primeira vez que as mor­tes violentas sobem durante o governo Jair Bolsonaro. Com isso, a taxa do Brasil chegou a 23,6 homicídios por 100 mil habitantes em 2020 – resultado pior do que no ano anterior, quando foi registrado o menor índice da década (22,7), mas ainda melhor do que nos de­mais anos desde 2011.

Em 2019, o número total de assassinatos havia sido 47.742. As estatísticas fazem parte do Anuário Brasileiro de Segu­rança Pública e são compiladas com base em registros policiais de cada Estado. Para o índice, o Fórum considera a soma de homicídios dolosos (quando há intenção de matar), latrocí­nios (roubo seguido de morte), lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial.

O mau desempenho geral do país foi puxado por homicí­dios comuns (que subiram 6%, passando de 39,7 mil para 42,1 mil casos) e pela letalidade po­licial (de 6,3 mil para 6,4 mil, ou 1% maior). Este último índi­ce, inclusive, só registra aumen­tos desde 2013. Os assassinatos de agentes de segurança tam­bém cresceram no período, de 172 para 194 casos, mas repre­sentam apenas 0,4% das mortes violentas e impactam menos no resultado final do balanço.

Em São Paulo, a taxa é de nove assassinatos por 100 mil, o melhor índice do País e me­tade da média brasileira. Mais uma vez, os dados confirmam que a maior parte das vítimas de mortes violentas é formada por homens, negros e jovens no Brasil. Segundo o relatório, 5.855 adolescentes entre 12 e 19 anos foram vítimas de mor­tes violentas. Também houve registro de 170 assassinatos de crianças de até 4 anos. No total, 54,3% dos mortos estavam no grupo de idade até 29 anos.

A análise por sexo aponta que os homens representaram 91,3% das vítimas de assassi­nato em 2020. Por sua vez, os negros correspondem a 76,2% das pessoas assassinadas. Em nota, a Secretaria da Seguran­ça Pública de São Paulo afirma que “as oscilações registradas nos indicadores são alvo de análise pela pasta”. “Esses es­tudos são a base das ações re­alizadas pelas instituições poli­ciais, que resultaram na queda de 2,5% dos homicídios dolo­sos nos cinco primeiros meses deste ano, na comparação do mesmo período de 2020.”

Pelos cálculos de São Paulo, que considera apenas os casos de homicídios dolosos, as taxas de casos e vítimas por grupo de 100 mil habitantes são de 6,38 e 6,72, respectivamente. “De janeiro a maio, as ações policiais permitiram a apre­ensão de 108,7 toneladas de drogas, um aumento de 47,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mais de 74 mil criminosos foram presos e en­caminhados à Justiça e 5.001 armas de fogo apreendidas”, diz a SSP-SP.

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