O Brasil registrou 57.341 homicídios ao longo de 2018, o equivalente a 157 casos por dia, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira, 10 de setembro, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número representa uma queda de 10,4% em relação aos registros de 2017, ano em que a briga entre facções fez a violência no País bater recorde.
A quantidade de assassinatos do ano passado é a menor desde 2013 e a taxa de 27,5 por 100 mil habitantes, a menor desde 2011. A letalidade policial foi o índice a apresentar alta (20,1%) e chegou a 6.220 casos, o equivalente a 17 mortes por dia. Os dados são compilados pela entidade a partir dos registros policiais de cada Estado e levam em consideração casos de homicídios dolosos (quando há intenção de matar), latrocínios (roubo seguido de morte), lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial.
De acordo com o relatório, a queda de homicídios ocorreu em 23 das 27 Unidades da Federação, em todas as regiões do País. A menor taxa pertence a São Paulo, 9,5. “A queda retoma o patamar anterior a 2014, que já era alto. A redução, então, não significa que conseguimos mudar a situação de forma significativa, mas que a crise vista em 2016 e 2017 foi em parte superada”, disse o diretor-presidente do Fórum, o sociólogo Renato Sérgio de Lima.
A queda de 2018 surge após o recorde de 2017, quando mais de 64 mil assassinatos aconteceram nas cidades brasileiras. Há dois anos, a briga nacional entre facções foi apontada como catalisadora do aumento da violência. Aquele foi o ano dos massacres em presídios em Manaus, Boa Vista e Natal, que deixaram dezenas de mortos. A briga coordenada de dentro de presídios também ganhou as ruas e fez disparar índices no Ceará, por exemplo, onde os homicídios passaram de 3,5 mil em 2016 para 5,3 mil em 2017.
Uma acomodação dessas forças criminosas aliada a políticas estaduais de segurança pública mais eficazes são apontadas como responsáveis pela queda obtida em 2018 não só no Ceará, onde os assassinatos caíram para 4,7 mil, mas em todo o Brasil. O ano passado, lembram os especialistas, foi de eleição e a disputa teve como ponto central o tema da segurança, levando governadores a aperfeiçoar ou implementar programas voltados para a área.
Os dados preliminares de 2019 divulgados pelo governo federal apontam para a continuidade da queda nos homicídios, realidade que o governo Jair Bolsonaro se vê como um dos responsáveis. Para isso, com frequência o ministro da Justiça, Sérgio Moro, aponta a importância das transferências de lideranças de facções para presídios federais, como a de Marcola, chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Para Lima, o governo federal “não fez quase nada na segurança pública”. Isso porque, lembrou ele, o pacote anticrime de Moro ainda tramita no Congresso Nacional e o plano para redução da criminalidade violenta foi apresentado no fim de agosto. “Quem está fazendo alguma coisa são os Estados”, disse o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.