“A ideia é levar uma Hilda que se desdobra em várias leituras”, conta Daniel Fuentes, herdeiro da escritora e presidente do Instituto – que montou a casa em Paraty em parceria com a Hysteria, núcleo de produção de mulheres da Conspiração Filmes, e com o apoio da Companhia das Letras, nova editora de boa parte de sua obra.
A abertura do espaço, que vai abrigar encontros sobre a vida e a obra de Hilda, instalações que vão levar o visitante para o universo da autora e da Casa do Sol, uma loja-conceito da Livraria da Travessa e outra do Instituto Hilda Hilst e um bar, será na quarta, 25, às 18h, com o lançamento de livros.
No dia seguinte, e nos próximos, a programação começa cedo, às 10 horas, com oficinas diárias de Donizeti Mazonas, artista que há mais de 10 anos trabalha com a obra de Hilda no teatro, e vão até as 2 da madrugada. Para as oficinas, é preciso fazer inscrição, paga, pelo site do Instituto Hilda Hilst. São cerca de 30 vagas. O restante da programação é gratuito.
A primeira mesa de debate, na quinta, 26, às 13h, vai reunir pessoas que conviveram com a escritora: os amigos Olga Bilenky, mãe de Daniel Fuentes, Leusa Araujo e Jurandy Valença. “Acho que vai ser dessas mesas de que todo mundo sai chorando”, aposta Fuentes. A mediação será de Tainá Müller. Às 18h, o debate será sobre sua poesia, com mediação de Luciana Araujo Marques e participação de Ricardo Domeneck, Laura Erber e Gutemberg Medeiros.
Na sexta, pela manhã, a conversa será sobre o encontro do público com a obra de Hilda. Ana Lima Cecilio, Gutemberg Medeiros e Alice Sant’Anna falam, com mediação de Paulo Werneck, sobre os três momentos editoriais da autora – quando ela começa a publicar seus livros, quando assina com a Globo no início dos anos 2000 e sua obra, quase toda esgotada, volta às livrarias, e hoje, neste novo boom, marcado por desdobramentos em novas áreas e suportes.
No começo da noite, o tema será sua prosa e sua transmutação para outros formatos. Donizeti é convidado ao lado de Eduardo Nunes, diretor de Unicórnio, longa baseado em Unicórnio e Matamoros, de Hilda, que tem estreia prevista para 16 de agosto e será exibido lá, no novo Cinema da Praça, durante a Flip. A escritora Carola Saavedra comanda a conversa.
No sábado, às 13h, Daniel Fuentes e Mauro Munhoz, arquiteto e presidente da Casa Azul, que faz a Flip, debatem os próximos 50 e 100 anos da Casa do Sol. A segunda mesa do dia reunirá a pesquisadora Eliane Robert de Moraes e a cantora Zélia Duncan num encontro para debater o profano e o sagrado em Hilda Hilst, com mediação de Mirna Queiroz.
No domingo, às 13h, a soprano Manuela Freua, idealizadora do projeto A Canção e o Violino, e Leonardo Martinelli, que compôs uma música inspirada no poema Roteiro do Silêncio, escrito por Hilda em 1959, cantada por Manuela, falam sobre a iniciativa e apresentam a música.
Na sequência, às 13h30, encerrando a programação de mesas, Leandro Esteves, Ítalo Moriconi e Jeane Callegari, mediados por Ana Lima Cecilio, abordam a intensa troca de correspondência entre a escritora e Caio Fernando Abreu.
Todos os dias, entre um debate e outro, o público será surpreendido por intervenções artísticas. Quem não quiser acompanhar as conversas pode visitar a casa em qualquer momento. Diariamente, às 15h, o Bar do Bico, que remete a um texto de Cartas de um Sedutor, abre suas portas e oferece um cardápio inspirado em Hilda – o Manhattan, seu drink preferido, está garantido. E quem quiser mais agito é só chegar 20h, quando os microfones serão abertos, livros descerão pelo teto e o público será convidado a ler trechos da obra de Hilda ou falar sobre sua relação com a autora. Os organizadores também planejam intervenções com convidados nesses saraus.
Cinema
Em reforma nos últimos anos, o Cinema da Praça será reinaugurado no dia 19 e, na Flip, exibirá dois filmes baseados na vida e na obra de Hilda Hilst: Unicórnio, de Eduardo Nunes, que participará de debate após a exibição, e Hilda Pede Contato, de Gabriela Greeb. A programação para os dias do evento prevê ainda a exibição de Severina, de Felipe Hirsch, e Torquato Neto: Todas as Horas do Fim, de Eduardo Ades e Marcus Fernando. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.