Por: Adalberto Luque
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou Roberto Marques Trovão Lafaeff, de 36 anos, por roubo e falsidade ideológica, relativos ao ataque a um carro-forte ocorrido na Rodovia Cândido Portinari (SP-334) no dia 9 de setembro deste ano. Lafaeff foi preso quando procurou atendimento médico em Valinhos, região metropolitana de Campinas, a 300 quilômetros de onde o ataque ocorreu.
Agora cabe ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidir se a denúncia será ou não aceita. Se for acolhida, Lafaeff passa a ser o único réu até então do ataque.
Carro-forte
Na noite de 9 de setembro, pelo menos 16 homens fortemente armados tentaram assaltar um carro-forte da Protege, que vinha pela Rodovia Cândido Portinari, entre as cidades de Rifaina e Batatais, no sentido a Ribeirão Preto.
Durante a tentativa, o carro-forte pegou fogo. Cinco pessoas foram feridas, entre elas um policial militar. Os criminosos fugiram em direção à Franca. Depois o grupo teria se separado. Parte dos assaltantes foi localizado na Rodovia Abrão Assed (SP-333), próximo à cidade de Serra Azul, região metropolitana de Ribeirão Preto.
Em Valinhos
Houve troca de tiros e um dos carros dos assaltantes pegou fogo, mas o grupo conseguiu fugir. No dia 10, um homem é deixado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Valinhos. Ele se apresentou com outra identidade e disse ter feito o ferimento com um vergalhão, durante uma obra.
Os médicos desconfiaram que o ferimento fora causado por um tiro de fuzil e acionaram a Polícia Militar. Ao chegarem à UPA, os PMs pediram o endereço da obra e constataram que era falso. Ele disse que tinha sido deixado por uma caminhonete branca, mas foi um Jeep Renegade conduzido por uma mulher que o deixou.
A PM também descobriu que o documento de Lafaeff era falso e que ele havia sido preso em dezembro de 2023 com um grande arsenal localizado em sua residência. As armas eram de calibres semelhantes às usadas pelos criminosos no ataque ao carro-forte. Ele morava em Jundiaí e se apresentava como empresário.
Lafaeff foi transferido para a Santa Casa de Cravinhos e, assim que recebeu alta, foi preso por um delegado e levado para Franca. Foi transferido para a Cadeia de Guanabara e depois para o Centro de Detenção Provisória de Franca.
Ao ser interrogado, o suspeito ficou em silêncio. Em outubro, o TJSP determinou sua transferência para uma penitenciária em Avaré, próxima a Ourinhos, no centro-oeste do estado de São Paulo.
Tiroteio e mortes
No dia 11 de setembro, três homens seguiam em um Mitsubishi Outlander Comforte marrom pela Rodovia Altino Arantes (SP-351), em Altinópolis, quando foram avistados por três viaturas do BAEP que faziam patrulhamento. O trio desrespeitou sinal de parada e iniciou uma fuga. A PM iniciou a perseguição aos suspeitos.
O carro em fuga acessou a Rodovia Joaquim Ferreira (SP-338). Um grande número de viaturas foi até o local e a rodovia foi fechada pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv) em um trecho de 26 quilômetros, entre o km 311 e o km 337.
Próximo ao entroncamento da SP-338 com a Rodovia Abrão Assed (SP-333), em Cajuru, começou o confronto. Os bandidos desceram do carro e passaram a disparar rajadas de tiros contra os policiais, que se defenderam. O caminhoneiro Lenilson da Silva Pereira, que trazia um caminhão com uma máquina para Ribeirão Preto, estava na linha de confronto e foi ferido na cabeça.
No tiroteio, morreram o Sargento Ribeiro e os três criminosos. Um verdadeiro arsenal foi apreendido com os mortos que confrontaram a PM. O caminhoneiro, ferido na cabeça, foi levado para o HC-UE e, mesmo após passar por cirurgias, não resistiu aos ferimentos e morreu após 18 dias de internação.
Operação Carcará
Durante as investigações sobre Lafaeff, os policiais civis descobriram que o Jeep Renegade, responsável por deixar o homem ferido em Valinhos, seria de Franca. O proprietário foi ouvido e informou ter vendido o carro para outra pessoa. Essa outra pessoa também teria sido ouvida e disse ter negociado o carro com Lafaeff por um terreno na favela Paraisópolis.
A reportagem apurou que o carro também teria feito várias viagens a um endereço na cidade de Praia Grande. No dia 4 de outubro, policiais civis das delegacias Seccionais de Franca, Ribeirão Preto e da Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) realizaram a Operação Carcará, com apoio de grupos especializados da Polícia Civil na Capital, como GER, DOE e DOPE, policiais militares da Rota e integrantes do Ministério Público do Estado de São Paulo.
Na ação, que ocorreu na favela de Paraisópolis, na Capital, e na cidade de Praia Grande, um homem morreu em confronto com os agentes e outro foi preso. Não foi confirmado, todavia, se eles teriam, de fato, envolvimento com o ataque ao carro-forte. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Lafaeff, mas caso ela se manifeste, o texto será atualizado.