Por: Adalberto Luque
Um homem foi armado até a Escola Municipal de Educação Fundamental Prof Maria Inês Vieira Machado, na Rua Júlio Ferrante, 1500, Jd.Diva Tarla de Carvalho, zona Leste de Ribeirão Preto. Segundo informações, ele ameaçou professores na tarde de 16 de agosto, mas o caso veio a público somente nesta sexta-feira (18), quando funcionários da escola divulgaram uma Carta à Comunidade.
O homem é pai de uma aluna regularmente matriculada naquela unidade, no 1º ano do ensino fundamental. Ele entrou acompanhado da esposa e encontrou uma professora. Inicialmente ele questionava porque a escola não havia feito presente ou lembrancinha para o dia dos pais. Depois questionou o conteúdo de um trabalho proposto em sala de aula para que os alunos fizessem em casa.
A professora levou o casal até a sala de Trabalho Docente Coletivo (TDC) e foi buscar o livro que propunha o trabalho. O homem questionava o trabalho onde os alunos deviam pesquisar como eram a vida das mulheres de sua família. Segundo Boletim de Ocorrência (BO) ele gritou que o conteúdo do trabalho seria de caráter doutrinador e ideológico.
Tirou uma arma da cintura e colocou sobre uma mesa ameaçando: “se as professoras não estavam ensinando nada de errado, não precisam ter medo”, consta no BO. Ele então teria perguntado que governo autorizou o livro.
Mesmo ameaçados e assustados, os funcionários da escola disseram que o livro era oficial do PNLD, autorizado pelo MEC na gestão federal do governo anterior. Então a esposa convenceu o pai da aluna a ir embora.
O caso foi registrado na Polícia Civil, que vai investigar o caso. A Secretaria Municipal de Educação divulgou nota sobre o episódio. “A Secretaria da Educação repudia quaisquer atos de violência e a ameaça de um pai aos nossos professores, dentro de uma escola, é inaceitável. A Pasta tomou as medidas cabíveis no mesmo dia da ocorrência, que ocorreu na última quarta-feira, dia 16, onde um Boletim de Ocorrência foi lavrado e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Importante esclarecer que equipes da Secretaria acompanham a entrada e saída dos estudantes.”
Carta à Comunidade
Representantes da escola divulgaram uma Carta à Comunidade, relatando os momentos de terror ocorridos dentro de uma unidade de ensino. Informam que, na segunda-feira (21), as aulas estarão suspensas e estarão promovendo um momento de debate e reflexão para que juntos possam pensar em estratégias que venham minimizar os efeitos e o combate à própria violência escolar. Leia, a seguir, a íntegra da Carta à Comunidade
“CARTA À COMUNIDADE
Ribeirão Preto, 18 de agosto de 2023.
Nós, representantes da EMEF Prof.ª Maria Inês Vieira Machado, vimos a público esclarecer alguns fatos ocorridos em nossa Unidade Escolar no decorrer deste ano letivo.
Estamos nos deparando com episódios que comprometem a estabilidade emocional de toda equipe e segurança de todos, inclusive dos nossos alunos. Fomos desrespeitados e agredidos verbalmente num evento aberto à comunidade e, posteriormente, ameaçados com nossa integridade física.
Na tarde do dia 16 de agosto de 2023, os pais de uma das alunas desta unidade escolar encontraram a professora parceira da turma na porta da escola e solicitou esclarecimentos a respeito de uma tarefa enviada para casa. O conteúdo desta atividade consistia em uma pesquisa sobre a vida das mulheres do passado: “FAÇA COMO LAURA E CONVERSE COM SEUS FAMILIARES PARA DESCOBRIR COMO ERA A VIDA DAS MULHERES DA SUA FAMÍLIA EM OUTRAS ÉPOCAS. DEPOIS, CONTE PARA OS COLEGAS QUE VOCÊ DESCOBRIU.” (GOMES, A. de P. Bons amigos: história: 1º ano: ensino fundamental: anos iniciais. São Paulo: FTD, 2021.)
A professora os convidou para entrar na escola e foram encaminhados à sala de TDC (Trabalho Docente Coletivo). Enquanto os pais aguardavam, a docente foi à sala de aula para buscar o livro e convidou a professora titular da turma para participar do atendimento. Elas retornaram e iniciaram o diálogo com os pais. Logo no início da conversa, diante da exaltação do pai, uma das professoras perguntou se ele estava ameaçando-as, ele confirmou e disse que encontrava-se armado.
Nesse momento, retirou da cintura uma arma e colocou sobre a mesa. A mãe, nervosa, pediu que ele guardasse a arma porque as professoras já estavam explicando o que estava acontecendo. Diante do pedido da esposa e das explicações das professoras ele guardou, dizendo “quero acreditar que essa explicação seja verdadeira!”. Ao final da conversa, os pais foram conduzidos até a saída pela professora.
A EMEF Prof.ª Maria Inês Vieira Machado afirma que tais atitudes são uma afronta contra toda a comunidade escolar. É uma ameaça contra cada estudante, pai, docente, funcionário e toda a sociedade. Os docentes encontram-se extremamente abalados com o ocorrido e na próxima segunda-feira (21/08) estarão promovendo um momento de debate e reflexão, com a suspensão das aulas, para que juntos possam pensar em estratégias que venham minimizar os efeitos e o combate à própria violência escolar.
A EMEF Prof.ª Maria Inês Vieira Machado reafirma seu compromisso com uma educação de qualidade baseada nos princípios expressos pela legislação vigente (BNCC; Referencial Curricular, LDB, Constituição Federal e outros). A unidade escolar continuará se empenhando na construção de uma sociedade pacífica, harmoniosa, letrada e de cidadãos críticos e reflexivos.
Do mais, repudiamos todas as demais versões do fato que distorçam o ocorrido e incitem ainda mais atos de violência.
Atenciosamente,
Equipe Maria Inês Vieira Machado”