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‘Homem-Aranha’ abandona a F-Indy

Aos 42 anos de idade, o piloto ribeirão-pretano Helio Castroneves anunciou, nesta semana, o encerramento de sua carreira na Fórmula Indy (F-Indy), uma das mais emblemáticas e prósperas categorias do automobilismo norte-americano, ao lado da Nascar. A bordo, por 20 anos, de bólidos capazes de atingir –  com facilidade – velocidades superiores aos 400 quilômetros por hora, Helinho é um ícone do público dos Estados Unidos, pais onde a paixão pela velocidade parece fazer parte do cotidiano.

Sem jamais conquistar nenhum título de campeão, mas com três vitórias na desafiadora e arrepiante 500 Milhas de Indianápolis (2001, 2002 e 2009), em maio do próximo ano, em caráter excepcional, ele irá vestir o cockpit de um Penske, em busca de sua quarta vitória, o que o colocaria no panteão onde se encontram apenas: AJ Foyt, Al Unser e Rick Mears, isto em quase 100 anos de competição. Helio Castroneves chegou aos Estados Unidos após perambular, ainda criança e ao lado do pai, Helião, por kartódromos provincianos como os de São Carlos, Jaú, Itapira, entre outros, mas que o ajudaram a formar o seu caráter de vencedor e de colocar em prática uma técnica refinada e limpa de condução associada à agressividade que todos os pilotos necessitam ter para buscar a vitória a cada volta.

Poucos conseguem. Em 1989, foi campeão brasileiro de kart. O próximo passo, então, seria a Europa, onde participou do Mundial de Kart, em 1990. Dois anos mais tarde foi vice na brasileira Fórmula Vauxhall. Isto o levou a participar da Fórmula 3 Sudamericana, onde em 1993 conseguiu o segundo lugar com quatro vitórias e três poles. No ano de 1994, saltou para o automobilismo europeu. Castroneves viajou para a Europa, para participar na Fórmula 3 Britânica pela equipe de Paul Stewart. Em 1995 foi o terceiro no campeonato. Nesse mesmo ano, também conquistou a terceira colocação no Masters de Fórmula 3.

Em 1996, mudou-se para os Estados Unidos, após ter sido descoberto por Émerson Fittipaldi aos 19 anos. Conta a lenda que o bi-campeão mundial de Fórmula 1 o telefonou para fazer o convite. Castroneves estava em casa, de cuecas, quando foi surpreendido pelo chamado de Emo. Correu para vestir uma calça, pois não admitia, mesmo que por telefone, conversar em trajes sumários com uma das maiores lendas da história do automobilismo do planeta. Foi parar na Indy Lights, a categoria imediatamente inferior da CART, hoje Indy Car. Castroneves foi o sétimo colocado naquele ano com uma vitória em Trois-Rivières e mais dois pódios. Em 1997 obteve o segundo lugar atrás do companheiro de equipe na Tasman, Tony Kanaan, com três vitórias (Long Beach, Savannah e Toronto, quatro pódios e quatro poles em 13 corridas).

A primeira equipe nos Estados Unidos, já na CART, foi a Bettenhausen, na temporada de 1998. Com um segundo lugar em Milwaukee Mile  e um sétimo em Gateway como melhores resultados, foi o segundo melhor estreante depois de outro brasileiro, Tony Kanaan. Castroneves passou a competir pela equipe Hogan em 1999, ano em que obteve sua primeira pole position (em Homestead-Miami), foi segundo em Gateway e quinto em Chicago.

Em 2000 entrou para a prestigiada Team Penske. Castroneves marcou três poles e venceu três corridas em Detroit, Mid-Ohio e Laguna Seca, e terminou o ano na sétima colocação. O apelido de ‘Homem Aranha’ foi dado pelo jornalista da ESPN John Kerman, quando o viu comemorar sua primeira vitória na categoria escalando o alambrado que separa a pista do público. Também em 2000, ganhou o prêmio “Greg Moore”, pelo carisma e sua temporada notável. Em 2001, Castroneves terminou em quarto lugar no campeonato com três vitórias em Long Beach, Detroit e Mid-Ohio.


De quase condenado a Tri em Indianápolis
Talvez a sua mais importante vitória em Indianápolis seja a última, conquistada em 2009, isto após alguns meses de se livrar de acusações de evasão de divisas e sonegação fiscal, um crime gravíssimo nos Estados Unidos. Em 3 de outubro de 2008, Castroneves foi indiciado, acusado de utilizar contas no exterior para esconder cerca de 5,5 milhões de dólares que teria recebido entre 1999 e 2004.

Foi preso, algemado e acorrentado nas pernas, mas foi liberado em 4 de outubro de 2008, após pagar fiança de US$ 10 milhões. O julgamento começou em março de 2009. O piloto alegava inocência, mas se fosse condenado pelas sete acusações que lhe pesavam, poderia receber uma pena de até 35 anos de prisão. No dia 16 de Abril de 2009, Hélio foi considerado inocentado de todas as acusações, uma vez que o júri entendeu que não havia provas de que o piloto havia cometido fraude fiscal, sendo, portanto, liberado para correr novamente.
Decorridos 38 dias, em 24 de maio de 2009 venceu pela terceira vez as tradicionais 500 Milhas de Indianápolis. E o Homem Aranha foi parar novamente no alambrado para comemorar uma dupla vitória. Ele também terminou em segundo lugar em 2003, 2009, 2014 e 2017, terceiro lugar em 2007 e quarto lugar em 2008. Castroneves fez quatro poles na Indy 500 (até 2015), incluindo duas poles consecutivas. Ao longo de sua carreira na F-Indy, Castroneves participou de 244 corridas, obteve 30 vitórias, 73 pódios e foi 38 vezes pole positions.

De todos os pilotos que passaram pela Indy, apenas três venceram em Indianápolis. Além de Castroneves, Emerson Fittipaldi foi bicampeão no oval, com vitórias em 1989 (ano em que se consagrou campeão) e 1993. Gil de Ferran, que nunca foi vitorioso na maior prova do automobilismo mundial, também obteve dois títulos: 2000 e 2001. O último brasileiro a vencer a Indy 500 foi Tony Kanaan.

Ao todo, oito pilotos brasileiros marcaram história na categoria. Em 2017, Castroneves deixou escapar a sua quarta vitória para Takuma Sato, o japonês voador, por uma diferença abaixo de dois segundos, no dia 28 de maio no Indianápolis Motor Speedway.

Já que pista é com ele mesmo, Helio Castro Neves foi o vencedor da quinta temporada da versão americana de Dancing with the Stars, a versão sofisticada da ‘Dança dos Famosos’, com sua parceira de palco Julianne Hough.

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