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Cultura

Histórico, Oscar premia chinesa Chloé Zhao, por ‘Nomadland’, e atores não-brancos

Imagem: Chris Pizzello-Pool/Getty Images

Foi um ano como nenhum outro e a cerimônia da 93ª edição do Oscar, realizada em Los Angeles, na noite do domingo, 25, refletiu tal ineditismo: além de evitar discursos de agradecimento por Zoom, apostando na vitalidade humana de um evento presencial, a festa tornou-se histórica ainda por celebrar a cineasta chinesa Chloé Zhao, a primeira mulher a receber quatro indicações em um mesmo ano e a vencer como diretora e, principalmente, o prêmio de melhor filme, por Nomadland.

Em seu discurso, Chloé Zhao agradeceu a todos da equipe pela aventura e lembrou que, quando era criança, costumava fazer um jogo de memorizar poemas chineses. Um deles falava que as pessoas ao nascer são boas. “Às vezes, pode parecer que não é verdade, mas eu sempre encontrei bondade nas pessoas. Dedico o prêmio para todos que têm a fé e a coragem de se manterem bons e enxergar a bondade nos outros.”

Também foi marcante a vitória, nas categorias de atuação, de artistas experientes como Frances McDormand (Nomadland) e Anthony Hopkins (Meu Pai) – não tão favoritos – e de Daniel Kaluuya (melhor ator coadjuvante por Judas e o Messias Negro), além da veterana coreana Yuh-Jung Youn, de 73 anos, que ficou com o Oscar de melhor atriz coadjuvante, por Minari, repetindo seu bom humor no discurso de agradecimento: “Como eu posso ter vencido Glenn Close?”, questionou-se ela, arrancando gargalhadas da plateia que, distribuída em mesas, fez lembrar a forma de premiação do Globo de Ouro.

Os organizadores, aliás, se esforçaram para fazer desta a mais inclusiva das edições do Oscar, como a presença da atriz Marlee Matlin para anunciar o vencedor de curta-metragem – ela, que ganhou o Oscar de melhor atriz por Filhos do Silêncio (1986), tem deficiência auditiva e há muito estava distante da grande festa do cinema.

Não foi mais curta como se esperava, mas a cerimônia começou como prometido por um dos organizadores, o cineasta Steven Soderbergh: enquanto a diretora Regina King caminhava pelos longos corredores da Union Station (o principal local da festa), letreiros surgiam na tela, com nomes dos astros que participariam da entrega. “Nossa pretensão era de que o espectador acompanhasse a cerimônia como se assistisse a um filme”, disse ele.

Para isso, ele contava ainda com o histórico dos indicados e sua relação com o cinema – assim, de cada um era revelada a lembrança de seus primeiros filmes e como se desenvolveu a paixão pela sétima arte.

E o fato de a Academia manter uma base em Londres e outra em Paris, onde se reuniram principalmente os concorrentes europeus, em pouco tempo se revelou acertada – logo no anúncio do segundo Oscar da noite, de roteiro adaptado, o ganhador foi o francês Florian Zeller (ao lado do britânico Christopher Hampton), por Meu Pai. Ele recebeu o troféu e agradeceu direto da capital francesa. Já Sacha Baron Cohen acompanhou desde a Austrália o Oscar de melhor ator coadjuvante ser anunciado para Daniel Kaluuya, por Judas e o Messias Negro.

A ausência da orquestra na Union Station, no entanto, permitiu que alguns discursos se alongassem, como o do dinamarquês Thomas Vinterberg, vencedor por Druk – Mais uma Rodada, eleito o melhor Filme Internacional. O que justificou foi a emoção de suas palavras ao se lembrar da filha adolescente, que morreu poucos dias antes do início da filmagem.

Emocionante ainda foi o discurso de Jon Batiste, um dos vencedores de melhor trilha sonora (ao lado de Trent Reznor e Atticus Ross), por Soul, a obra-prima da Pixar. “Este momento é o ponto de culminante de uma série de milagres”, disse, agradecido. “Deus nos deu apenas 12 notas. Com elas, Duke Ellington, Bach, Nina Simone criaram obras diversas, maravilhosas. Cada contribuição sempre é especial.”

O clima mais intimista permitiu que a cerimônia fosse relaxada, com os artistas verdadeiramente se divertindo. Como a revelação de Harrison Ford sobre as pesadas críticas prévias (“Não fará sucesso”) recebidas por Blade Runner. E Frances McDormand uivando como loba (pelo Oscar de filme) ou ainda Glenn Close arrancando gargalhadas ao dançar e rebolar sob o som do funk Da Butt, que Spike Lee usou em Revolução Estudantil (1988). Definitivamente, o 93º Oscar entrou para a história.

PREMIADOS

Veja a lista com os indicados e os vencedores do Oscar 2021:

MELHOR FILME

Meu Pai

Judas e o Messias Negro

Minari

Mank

Nomadland

Bela Vingança

O Som do Silêncio

Os 7 de Chicago

MELHOR ATRIZ

Viola Davis – A Voz Suprema do Blues

Andra Day – Estados Unidos vs Billie Holiday

Vanessa Kirby – Pieces of a Woman

Frances McDormand – Nomadland

Carey Mulligan – Bela Vingança

MELHOR ATOR

Riz Ahmed – O Som do Silêncio

Chadwick Boseman – A Voz Suprema do Blues

Anthony Hopkins – Meu Pai

Gary Oldman – Mank

Steven Yeun – Minari – Em Busca da Felicidade

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Maria Bakalova – Borat: A Fita de Cinema Seguinte

Glenn Close – Era Uma Vez um Sonho

Olivia Colman – Meu Pai

Amanda Seyfried – Mank

Yuh-Jung Youn – Minari – Em Busca da Felicidade

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Sacha Boron Cohen – Os 7 de Chicago

Daniel Kaluuya – Judas e o Messias Negro

Leslie Obom Jr. – Uma Noite em Miami

Lakeith Stanfield – Judas e o Messias Negro

Paul Raci – O Som do Silêncio

MELHOR DIREÇÃO

Chloé Zhao – Nomadland

Lee Isaac Chung – Minari – Em Busca da Felicidade

Emerald Fennell – Bela Vingança

David Fincher – Mank

Thomas Vinterberg – Druk – Mais uma Rodada

MELHOR FILME INTERNACIONAL

Druk – Mais uma Rodada (Dinamarca)

Better Days (Hong Kong)

Collective (Romênia)

O Homem Que Vendeu a Sua Pele (Tunísia)

Quo Vadis, Aida? (Bósnia e Herzegovina)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Borat

Meu Pai

Nomadland

Uma Noite em Miami

Tigre Branco

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Judas e o Messias Negro

Minari – Em Busca da Felicidade

Bela Vingança

O Som do Silêncio

Os 7 de Chicago

MELHOR FIGURINO

Emma – Alexandra Byrne

Mank – Trish Summerville

A Vos Suprema do Blues – Ann Roth

Mulan – Bina Daigeler

Pinóquio

MELHOR TRILHA ORIGINAL

Destacamento Blood – Terence Blanchard

Mank – Trent Reznor, Atticus Ross

Minari – Em Busca da Felicidade – Emile Mosseri

Relatos do Mundo – James Newton Howard

Soul – Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste

MELHOR ANIMAÇÃO

Soul

Wolfwalkers

Dois Irmãos

A Caminho da Lua

Shaun, o Carneiro: A Fazenda contra-ataca

MELHOR CURTA

Feeling Through

The Letter Room

The Present

Two Distant Strangers

White Eye

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

Se Algo Acontecer… Te Amo

Genius Loci

Yes People

Opera

Toca

MELHOR DOCUMENTÁRIO

Time

Crip Camp: Revolução pela Inclusão

Professor Polvo

Collective

The Mole Agent

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM

Colette (Time Travel Unlimited)

A Concerto Is a Conversation (Breakwater Studios)

Do Not Split (Field of Vision)

Hunger Ward (MTV Documentary Films)

A Love Song for Latasha (Netflix)

MELHOR FOTOGRAFIA

Nomadland

Mank

Relatos do Mundo

Os 7 de Chicago

Judas e o Messias Negro

MELHOR MONTAGEM

O Som do Silêncio

Os 7 de Chicago

Meu Pai

Nomadland

Bela Vingança

MELHOR CABELO E MAQUIAGEM

A Voz Suprema do Blues

Pinóquio

Mank

Era uma Vez um Sonho

Emma

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Speak Now – Uma Noite em Miami

Io Si (Seen) – Rosa e Momo

Fight for You – Judas e o Messias Negro

Hear my Voice – Os 7 de Chicago

Husavik – Eurovision Song Contest

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

Mank

Relatos do Mundo

Tenet

Meu Pai

A Voz Suprema do Blues

MELHORES EFEITOS ESPECIAIS

Tenet

O Céu da Meia-Noite

Love and Monsters

Mulan

O Grande Ivan

MELHOR SOM

O Som do Silêncio

Relatos do Mundo

Soul

Mank

Greyhound

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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