Antiquário, do latim antiquarius, aquele que gosta de antiguidades. Assim podem ser chamados os “amantes da história”. O empresário Cássio Ronaldo de Moraes, 63 anos, que reside em Ribeirão Preto há mais de quarenta, pode ser considerado um antiquário.
Apaixonado por peças antigas desde criança, Cássio, devido ao seu amor, conseguiu colocar as mãos em documentos históricos de um dos principais clubes da cidade, o Comercial FC.
“Eu gosto de coisas antigas desde menino. Eu comprava, pedia, as pessoas me davam as coisas. Minha mãe dizia: ‘Não é possível que esse menino tem gosto de velho’. É um gosto que eu tenho”, contou Cássio.
Em sua rica história, o Comercial Futebol Clube tem um hiato de quase 20 anos. Entre 1935 e 1954, por conta de problemas financeiros, ocasionados pela compra do passe dos uruguaios irmãos Bertoni, que ganhavam altos salários para a época, o Leão do Norte paralisou suas atividades do futebol profissional.
O clube só retornaria em 1954, após um grupo de antigos e fiéis comercialinos se reunirem para estudar o ressurgimento do “Leão”. Entre eles, Francisco de Palma Travassos, doador do terreno onde foi construído o estádio que leva seu nome.
Como parte do processo de retomada do Leão do Norte houve a fusão com o Paineira Futebol Clube, antigo clube da cidade que, inclusive, já era filiado a FPF (Federação Paulista de Futebol). Com a parceria, o Comercial conseguiu voltar a disputar as competições organizadas pela federação.
Como citado anteriormente, o amor de Cássio por antiguidades fez com que o empresário tivesse acesso aos documentos originais da fusão entre Comercial e Paineira. Em entrevista exclusiva ao Tribuna, ele contou como, de forma inusitada, este material caiu em suas mãos.
“Eu fui almoçar num restaurante aqui perto e encontrei com um amigo. Ele estava acompanhado da mãe. Ficamos conversando e entramos num assunto de futebol. Foi quando a mãe dele disse que tinha vários documentos em casa da época em que o Comercial se fundiu com o Paineira. O pai dela foi presidente e um dos fundadores do Paineira. Eu não sabia dessa história e fiquei curioso. Ela disse que iria dar fim nos documentos, então pedi que ela os desse para mim”, relembrou.
“Eu comecei a ler as coisas, fui encontrando as atas, os documentos originais da fusão, contratos de patrocínio. Muita coisa que remete a história do Paineira Futebol Clube e também desta parceria que os clubes fizeram para que o Comercial voltasse a competir profissionalmente” disse.
A mãe do amigo citado por Cássio é Maria Helena Carvalho Campos, filha de Ricardo Carvalho, antigo presidente e fundador do Painera Futebol Clube.
Natural da cidade de Cássia, Minas Gerais, Cássio não tem uma relação tão forte com o futebol, muito menos com um time em especial. Ele diz ser torcedor do Santos, por conta da época de Pelé.
“Eu nunca tive um time específico. Eu gosto do Santos, mas é por conta do Pelé. Eu adorava ver ele jogar. Posso dizer que tive esse privilégio, ele jogava demais, era bonito. Mas no final das contas, eu torço pelo futebol”, afirmou.
Em Ribeirão Preto a história é semelhante. Apesar da maior proximidade do Comercial por conta de amigos, ele revela não ter uma torcida especifica na cidade.
“Quando eu cheguei em Ribeirão me perguntaram seu eu iria torcer para Comercial ou Botafogo, mas eu nunca escolhi uma opção. Eu tenho um amigo que foi presidente do Comercial, então foi até o clube em algumas oportunidade, para prestigiá-lo. No final das contas, eu torço para que ambos os times tenham bons resultados. Houve até um tempo em que eu queria que eles se fundissem para fazer um time mais forte para a cidade”, brincou.
Preocupado com a destinação dos documentos, Cássio procurou a Prefeitura de Ribeirão Preto e alguns vereadores da cidade com a intenção de encontrar o melhor lugar para guarda-los. Ele ainda aguarda um posicionamento das autoridades para definir o que será feito com o material que está sob sua posse.