O governo de São Paulo lançou nesta quinta-feira, 2 de abril, uma plataforma de laboratórios para acelerar o diagnóstico do novo coronavírus no Estado. Ela será coordenada pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas. Com a nova rede, haverá prioridade para os resultados de testes relativos a mortes por covid-19 e aos pacientes graves internados. Ontem, o Estado divulgou que 93 exames relativos aos 201 óbitos que estavam represados no Instituto Adolfo Lutz, na capital, ficaram prontos. Vinte deram positivo para a doença.
Integram a plataforma o Instituto Adolfo Lutz (central e regionais), Instituto Butantan, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Hemocentro de Ribeirão Preto, Laboratório de Análises Clínicas e Patologia do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Hemocentro de Botucatu. Com isso, a capacidade de realização de exames será de até dez mil por dia.
“Estamos definindo alguns eixos de ação. O primeiro é diagnosticar as amostras que estão aguardando, fazer um mutirão para que elas sejam rapidamente analisadas e os casos lançados no sistema. Isso tudo dentro de um fluxo que inclua a participação dos municípios. Esperamos zerar essa fila de testes o mais rapidamente possível através desse mutirão”, diz Tadeu Covas. A ideia da plataforma de laboratórios é fazer um mutirão para zerar a fila para a realização dos exames.
Na quarta-feira (1º), o governo estadual já havia anunciado que ampliaria a rede de testes para o novo coronavírus no Estado. A unidade regional do Instituto Adolfo Lutz, em Ribeirão Preto, passará a fazer 500 testes por dia, mas a capacidade diária pode chegar a mil. As regionais sitiadas em Santo André, Sorocaba, Bauru e São José do Rio Preto também estarão habilitadas a processar amostras, com capacidade de 500 exames por dia em um primeiro momento, podendo chegar até mil.
De acordo com o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, até esta quinta-feira, o Adolfo Lutz da capital tinha 16 mil exames na fila. Segundo ele, “o número de exames hoje que estão represados são de 16 mil exames, desses 201 são óbitos que já ocorreram. O Adolfo Lutz tem uma capacidade de 1,2 mil exames por dia”, disse. Em Ribeirão Preto, cidade que já tem 69 pessoas com covid-19, a Secretaria Municipal da Saúde aguarda o resultado de ao menos 439 exames.
Nesta semana chegam, ainda, 20 mil kits de testes importados e dez mil enviados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que serão distribuídos entre o Instituto Adolfo Lutz e outros laboratórios credenciados. Outros 1,3 mil foram, importados da Coreia do Sul. Segundo Dimas Tadeu Covas, os resultados têm de ser anunciados entre 24 e 48 horas no máximo para que seja possível acompanhar a evolução da doença e traças as ações de combate e prevenção, contribuindo para melhorar o entendimento do alcance da pandemia nos municípios e para reforçar as ações de isolamento e contenção.
A autorização da secretaria para que as regionais do Adolfo Lutz façam os testes é mais um reforço no diagnóstico da covid-19, uma vez que os laboratórios do Hospital das Clínicas passaram a testar nesta semana os pacientes internados na instituição com sintomas da doença. Segundo o diretor do Departamento de Atenção à Saúde do HC, Antonio Pazin Filho, atualmente, o HC obtém os exames com recursos próprios, o que permite realizar de 50 a 60 testes diários.
A expectativa é ampliar para 100 e até 200 exames diários a partir da chegada de insumos da Secretaria Estadual de Saúde. O tempo para que os resultados dos exames fiquem prontos varia de dez a doze horas, no máximo em 24 horas, dependendo da demanda. A prioridade serão os pacientes internados em estado grave e profissionais da saúde – 16 servidores do HC estão em isolamento domiciliar porque estão com covid-19.
Na quarta-feira, a prefeitura anunciou que três empresas do Supera Parque Tecnológico estão aptas a fazer testes rápidos do novo coronavírus a partir do material colhido de pacientes internados. A estrutura física dos laboratórios que está sendo adaptada e transformada para servirem de locais onde as análises são realizadas. Os primeiros exames rápidos serão realizados com até 125 amostras. Um aporte inicial de R$ 200 mil já foi confirmado para os testes, mas outros R$ 300 mil podem ser utilizados para a continuidade dos procedimentos, informou a assessoria de imprensa do polo tecnológico.
Os recursos serão repassados à Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde de Ribeirão Preto (Fipase), entidade com orçamento próprio ligada à prefeitura e que administra o Supera Parque. Em pouco mais de uma semana desde que a campanha Supera Ação foi iniciada, aproximadamente R$ 418 mil já foram doados para o combate ao coronavírus em Ribeirão Preto e região. A iniciativa nasceu da vontade dos empreendedores ligados ao Parque Tecnológico de colocar à disposição da sociedade mão de obra altamente especializada (mestres, doutores e especialistas) e equipamentos de última geração, capazes de realizar testes da doença, evitando o espalhamento do vírus.
O valor arrecadado até o momento corresponde a aproximadamente 14% da meta total estabelecida, que é de R$ 3 milhões para as duas fases do projeto, que serão destinados à compra, entre outros, de reagentes e equipamentos de proteção. Através da plataforma digital Catarse, já foram doados mais de R$ 104 mil (até a última quinta-feira, dia 2). Os demais recursos foram adquiridos através de particulares e até do poder público.
Saulo Rodrigues, gerente da Supera Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, explica que a testagem em massa para a covid-19 é uma das medidas mais eficazes para conter a propagação do vírus e reduzir os impactos desta pandemia, tanto em mortalidade e disponibilidade dos sistemas de saúde, quanto em impactos socioeconômicos.